A queda sofrida pelos Fundos de Investimentos Imobiliários (FII) neste ano – enquanto o Ibovespa recuou 12,88% no acumulado de 2020 até 20 de julho, o IFIX, índice que espelha os FIIs, caiu 15,5% – tem levado os investidores a procurarem FIIs mais adequados ao atual momento de paralisia econômica. Aqueles que investem em ativos de logística têm ganhado atenção, enquanto os de shoppings e lajes corporativas deixam, provisoriamente, de serem interessantes, na avaliação da Vero Investimentos, escritório de assessoria ligado à XP.
Segundo o sócio da Vero, Eduardo Akira, esta transição se deve às incertezas que existem nos mercados de shoppings e de lajes corporativas diante das medidas de isolamento social para conter o coronavírus. Os shoppings estão sofrendo pelo fechamento das operações e pela expectativa de vendas mais baixas depois da reabertura. Desta forma, o setor sofre com o adiamento dos pagamentos de aluguéis, o que levou vários fundos a adiarem a distribuição de proventos aos cotistas.
Já os FII de lajes corporativas enfrentam incertezas sobre qual será a demanda por escritórios depois da experiência das empresas com home office durante a crise do coronavírus. Um estudo publicado pela revista Exame indica que 74% dos empregadores pretendem manter o trabalho remoto mesmo após a pandemia da Covid-19.
Por outro lado, os FIIs de logística oferecem perspectivas mais animadoras, acredita Eduardo, haja vista que a atividade industrial e de transportes mantém certa atividade. “Este segmento tem mostrado uma resiliência maior neste momento, e por isso ele deve ganhar maior peso nas carteiras”, explica Akira.
Apesar da recente desvalorização, os FII continuam sendo um bom investimento por pagar mensalmente uma renda ao investidor e também pela isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas. Isso ajuda a explicar porque há uma fatia generosa de investidores aproveitando a queda nos valores do FIIs para diversificar suas aplicações.
Conforme a B3, nos últimos anos os investidores mais apetitosos por risco têm descobrindo novos produtos, como os FIIs e os Exchange-Traded Fund (ETFs). Em 2016, havia uma base de investidores bastante concentrada em ações, já em março de 2020 quase metade da base (46%) passa a ter posição em mais de um produto de renda variável.
De acordo com Tatiana Mallmann, sócia-fundadora da New York Capital, os FIIs constituem uma boa oportunidade de diversificação de investimentos e importante via para buscar rentabilidade. Ela alerta, no entanto, que é preciso que o investidor esteja atento aos tipos de fundos, suas oportunidades e os riscos.
Como os FII possuem objetivos distintos para obter renda (aluguel, compra e venda de ativos financeiros etc), o investidor precisa se informar de sua composição, suas taxas e suas metas.
“É importante estudar bastante e ter cuidado, pois o mercado ainda não sabe precificar esses fundos. O que poderia ser um problema, na verdade é uma grande oportunidade”, afirma Tatiana.