Chegamos à sétima e última empresa abordada pelo Projeto Verão, que marca o fim das análises de empresas que apresentaram um padrão de quarto trimestres fortes com altas nas cotações.

Devido a um quadro de volatilidade no setor, a CVC apresentou uma forte queda nos meses de outubro e novembro de 2019, saindo de R$ 55,33 para R$ 39,75, uma queda de 28% na sua cotação.

Quando começamos a colocar no papel o Projeto Verão, o cenário envolvendo a empresa era nebuloso, e decidimos deixá-la de lado até que se tivesse mais certeza sobre o futuro da companhia. Entretanto, após diversas leituras de relatórios de corretoras e casas de análises, verificamos a possibilidade de retomada, aliado a opinião de diversos analistas de que o cenário pelo qual a CVC passou em 2019 foi pontual e transponível.

Sendo assim, consideramos uma excelente oportunidade que você assinante não pode deixar de ler e analisar o case.

Setor de atuação da CVC

A companhia atua no setor de turismo e, com a chegada das férias de verão e carnaval, cresce a demanda por viagens e pacotes, beneficiando os resultados da empresa.

Esse setor é marcado pela grande variedade de empresas atuantes, com o marketshare  bastante fragmentado e pulverizado. Entretanto, a CVC é líder absoluta do setor, tem 25%, sendo que a segunda detém somente 7% das reservas.

A CVC

A companhia foi fundada por Guilherme Paulus e Carlos Vicente Cerchiari em 1972 em Santo André, na região do grande ABC Paulista, organizando excursões rodoviárias.  Já na década de 80, surgiram os primeiros pacotes de viagem com pacote aéreo, o que viria a se tornar o foco da companhia.

Após ter sido adquirida em 2009 pela Carlyle, um dos maiores fundos de private equity do mundo, ganhou tração e se tornou o maior negócio do turismo brasileiro.

Assim, realizou seu IPO na bolsa de valores em 2013, e daí em diante realizou várias aquisições, sendo elas: Submarino Viagens, RexturAdvance, Trend, Visual Turismo, Bibam Group, Ola e Esferatur.

No meio de todas essas aquisições, foi criada a marca CVC Corp, que adota a estrutura matricial, com unidades de negócios e áreas de suporte. As aquisições permitiram que a companhia aumentasse e se aumentasse o marketshare em diferentes segmentos do setor, sendo estes: viagens de lazer, viagens corporativas e viagens de intercâmbio.

Vantagens Competitivas

  • Proposta de valor e satisfação dos clientes:

As marcas da CVC Corp se destacam pela qualidade de sua prestação de serviços e pela satisfação de seus clientes, que combinam vasta gama de produtos de viagens de qualidade com serviços agregados.

  • Marcas reconhecidas e respeitadas no Brasil:

O grupo é formado por marcas bem posicionadas nos seus segmentos de atuação e constantemente destacadas em renomadas premiações nacionais e internacionais, como as mais conhecidas e/ou mais confiáveis.

  • Ampla gama de produtos e serviços de viagens:

As empresas da CVC Corp têm o maior portfólio de produtos e serviços turísticos da América Latina. Nos diferentes canais de venda do grupo (lojas franqueadas, agências credenciadas e plataformas digitais), são distribuídos produtos e serviços de mais de 200 mil fornecedores parceiros, que atuam no Brasil e no mundo todo, reunindo venda de passagens aéreas de mais de 750 companhias aéreas, diárias de hospedagem em mais de 150 mil hotéis e resorts, além de passeios e traslados, tickets para parques temáticos, reservas de locação de carro, cursos para brasileiros no exterior (intercâmbio), seguro e vale-viagem. Com a sinergia do portfólio entre as marcas do grupo, o cliente decide o tipo de viagem que deseja e os serviços que deseja agregar, no canal de sua preferência.

  • Modelo de negócios com baixa necessidade de investimentos e retorno atrativo sobre o capital investido:

Como a companhia e suas marcas não são proprietárias de ativos relacionados a viagens, tais como hotéis, aeronaves e embarcações, seu modelo de negócio requer um baixo aporte de investimento de capital. Considerando que franqueados e agentes de viagem representam a maior parte da rede de distribuição de varejo da CVC Corp, a empresa e as suas marcas não precisam incorrer em dispêndios de capital significativos para abrir novas lojas. Consequentemente, a CVC Corp consegue obter um alto retorno sobre o capital investido em suas operações, sendo este um excelente indicador para o investidor que deseja se tornar sócio da empresa.

  • Escala significativa:

A CVC possui diversas parcerias que lhe permitem negociar tarifas competitivas numa ampla gama de produtos diferentes. A companhia, por exemplo, só paga as diárias de hotéis após o check out dos clientes, e a mesma facilidade pode ser vista com as grandes companhias aéreas. Essa vantagem pode trazer um grande benefício à estrutura do seu fluxo de caixa. A empresa acredita que tamanha vantagem competitiva dificilmente consegue ser replicada pelos seus concorrentes.

  • Administração experiente:

A CVC é composta por administradores, conselheiros e executivos com amplo conhecimento e experiência nos setores de serviços, viagens, varejo, tecnologia e marketing, com atuações em multinacionais e em empresas de vanguarda, com visões e expertises complementares. Prova disso é que o fundador da companhia continua na empresa como presidente do conselho mesmo após a mesma ter sido adquirida pela Carlyle.

Estratégias

  • Fusões e aquisições:

Aproveitando oportunidades de crescimento em nichos complementares, olhando principalmente para países da América Latina com oportunidade para expansão do negócio.

  • Expansão dos canais de distribuição:

Aprimorando a abertura de lojas franqueadas (CVC e Experimento), a ampliação de parcerias com agências credenciadas, especializadas em lazer e corporativo (Rextur, Trend, Visual e CVC) e a geração de tráfego e transações on-line (Submarino e CVC.com).

  • Serviços financeiros:

Com crescimento gestão do crédito para financiamentos de viagens em boletos bancários, e formação de parcerias com cartões co-branded.

  • Gestão do relacionamento com clientes:

Criação de parcerias com programas de pontuação para acúmulo e resgate de viagens, e geração de negócios e oportunidades de cross-selling e up-selling.

Os riscos

Apesar de ser uma excelente empresa, a CVC também possui riscos, e inclusive passou por um período complicado recentemente, demonstrando que apesar de tantos “prós” sempre precisamos avaliar os contras. Assim, os principais riscos que envolvem a companhia são:

  • Risco macroeconômico:

A indústria de viagens é diretamente afetada pela conjuntura econômica de um país. Em momentos de dificuldade econômica, o número de viagens de lazer reduz, afetando os resultados da empresa.

  • Desastres, guerras:

Recentemente, tivemos o caso do vazamento de óleo no Nordeste, a Guerra entre EUA e Irã e mais recente, na China, o coronavírus sendo estes alguns exemplos para demonstrar o risco. Com esses casos, as pessoas evitaram viajar para os destinos afetados, e a CVC como dona de 25% do marketshare do setor foi fortemente afetada.

  • Concentração do setor de aviação:

O setor no Brasil é altamente concentrado, com poucas companhias aéreas dominando todo o mercado. Sendo assim, a CVC precisa ser capaz de manter um bom relacionamento com essas companhias, ou perderia a capacidade de oferecer determinados serviços para o seu público.

Padrões

A CVC é uma ótima companhia, e quem entrou nos últimos três anos no quarto trimestre, obteve enorme valorização, sendo inclusive a empresa do Projeto Verão que mais valorizou nessa época do ano em média. Entender os padrões que ela apresenta lhe permite enxergar boas oportunidades de entrada.

Fonte: Balanços CVC

                Veja a evolução nos preços das ações:

Fonte: TradingView

O período que absorve a sazonalidade da época, o quarto trimestre (4T16), representou na valorização de 28,19% nas ações, passando de R$ 22,90 para R$ 29,20.

Fonte: TradingView

Já neste trimestre (4T17) a valorização na mesma época, que envolve aproximadamente 4 meses, teve repercussão nos preços das ações ainda melhor 32,70% passando de R$ 42,51 a vale R$ 56,04.

Fonte: TradingView

E no último período observado, referente ao 4T18, também foi possível encontrar a melhora nos preços do ativo com alta de 31,89% onde a ação passou de R$ 44,98 para R$ 59,37.

Reconhecemos que o ativo hoje se encontra em uma linha de risco bastante elevada. 2019 foi bastante conturbado para a empresa, representado pela alta desvalorização do papel. Mesmo assim, a época geralmente proporciona oportunidades que valem a pena ser observadas mesmo em períodos como os atuais da CVC.

Sendo assim, confira abaixo a opinião de vários analistas para a empresa.

Veja o que algumas casas opinam sobre a empresa:

Elite Investimentos reforça que 2019 foi um ano conturbado, a companhia sofreu com a saída da Avianca no mercado, volatilidade cambial, crise na Argentina, mancha de óleo no Nordeste e economia doméstica fraca. Os fundamentos que podem justificar o investimento na empresa estão associados, principalmente, na melhora econômica. Acreditando na retomada da geração de emprego, aumento do crédito e juros em baixo nível. Outro fator gerador de confiança foi que apesar da “turbulência” de 2019 a empresa seguiu demonstrando resultados lucrativos.

BTG Pactual também entende que a empresa está enfrentando um período desafiador e não espera por resultados robustos nos próximos trimestres (4T19 e início do 1T20). Mesmo assim avaliação atual (negociada a 17x P/L 2020) oferece riscos de queda limitada, acreditando que a gradual retomada pode vir com o aumento de ofertas de passagens e melhora do ambiente macroeconômico.

Socopa avalia que as ações da companhia estão descontadas, “vemos o papel negociando a R$ 36,50/ação contra preço-justo de R$ 50,00/ação”. A casa avalia que o cenário conturbado da empresa veio por fatores exógenos (Avianca, óleo no NE, problemas técnicos com aeronaves, ambiente macro-político com Brasil e Argentina, surto coronavírus), portanto, apesar disso, a CVC segue bem posicionada para se beneficiar da recuperação econômica e voltar a entregar bom ritmo de crescimento no decorrer dos próximos exercícios.

Toro Investimentos reforça como pontos positivos a diversificação do portfólio da empresa, via uma rede de distribuição que conta com mais de 1.000 lojas, contemplando o segmento doméstico, internacional e marítimo. Junto a isso, o alto conhecimento da marca, elevado nível de serviços aos clientes, baixa necessidade de fortes investimentos e consistência no volume de reservas. Por outro lado, os riscos envolvem os indicadores econômicos como a queda de confiança do consumidor (pois interfere no segmento de lazer), o aumento dos preços das passagens aéreas e os fracos números na Argentina.

Planner acredita que o atual cenário demanda de muito risco e não vê melhora no curto prazo, a empresa sofreu muito com a Avianca e Argentina, além da redução do turismo com o óleo na costa brasileira. Todos estes fatos acontecendo de forma simultânea afetam diretamente os resultados, portanto a CVC só deverá voltar a mostrar melhores números após a solução destes problemas.

Consenso de Mercado

Preço atual 12/02 (CVCB3): R$ 33,74  

Maior Preço Alvo R$ 64,00
Preço Alvo Médio R$ 52,60
Menor Preço Alvo R$ 41,00

Recomendação

Comprar 2
Manter 3
Vender 1

Fonte: Bloomberg, Fitch Reuters
*o consenso de mercado é uma pesquisa realizada entre as principais casas do mercado sugerindo o que fazer com o papel e sua estimativa de preço.

Conclusão

Definitivamente do 2019 não foi um bom ano para a empresa, é praticamente unânime esta opinião. Contudo enquanto algumas casas ainda veem muito risco para oferecê-la como alternativa de investimentos, outras acreditam que ela foi fortemente descontada (levada à uma desvalorização muito alta em relação ao que deveria estar hoje) onde as ações acumulam perdas de aproximadamente 42% nos últimos 12 meses.

Entre os motivos, destaca-se: as preocupações em relação à recuperação judicial da Avianca, BTG afirma que era um importante canal para vender passagens mais baratas; crises e desastres mundiais; e o fraco desempenho econômico nacional que inibiu a demanda no segmento de lazer.

Portanto, observa-se que há fatores geradores de esperança para ganhar dinheiro com a empresa, assim como, condições que colocam em risco o capital investido.

A principal questão é: o quanto você está disposto a lidar com os riscos? Qual o tempo estimado para ter lucro? Quanto de desvalorização a empresa precisa enfrentar para você se sentir desconfortável com o papel em sua carteira?

Este conceito serve para investir na CVC como em qualquer outra empresa. Logicamente, vemos nesta última empresa do Projeto Verão um importante caso que pode te entregar bons retornos, mas ao mesmo tempo colocá-lo em situações de elevados riscos.

Sendo assim, entenda que as coisas demoram. Investimentos bons precisam de tempo para se materializar. Segundo Aswath Damodaran, o ato de investir é comprar algo por menos do que aquilo que vale. Portanto seguindo a tese, é coerente que se leve algum tempo para que o mercado veja que o preço do ativo está “errado” e o recoloque ao seu “preço-justo”.

O mercado é simples, não significa que seja fácil. O bom investimento está acompanhado de uma carteira de investimento equilibrada, onde na linha de frente há um investidor que entende que a materialização dos lucros requer tempo.

Projeto Verão #7

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Retornos passados não são garantia de ganhos futuros; investimentos envolvem riscos e podem ensejar perdas, inclusive da totalidade do capital investido; percentuais prospectivos refletem apenas a opinião do autor, com base em informações disponíveis na época e consideradas confiáveis.

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