Em tempos de positividade tóxica nas redes sociais, parece um absurdo dar um conselho como este. Mas se você é uma pessoa em busca de sucesso profissional, pessoal e financeiro, deveria sempre pensar no pior e eu tenho alguns motivos para convencê-lo ou convencê-la do meu argumento.

Uma boa dose de realismo é fundamental para uma pessoa não subestimar os riscos de um investimento, de uma transição de carreira ou do início de uma jornada empreendedora. Ter uma visão positiva sobre a vida e trabalhar por resultados favoráveis nada tem a ver com ignorar desafios. Quando você espera pelo melhor, mas se prepara para o pior, muitos imprevistos podem ser evitados.

Planejamento, inclusive, é uma competência marcante das pessoas preocupadas, pois um plano sólido é capaz de antecipar problemas que podem surgir no médio e longo prazo. Quem acredita que as coisas vão se resolver sozinhas acaba criando uma dependência excessiva da sorte. Você já deve ter ouvido por aí uma frase atribuída ao pintor Pablo Picasso e que se tornou famosa nas redes sociais. Ele teria dito que “toda vez que a sorte me procurou, ela me encontrou trabalhando”. Essa é uma forma prática de encarar a sorte e muito mais estratégica.

Eu sei que quando digo para “pensar sempre no pior”, à primeira vista, o conselho não é dos mais animadores, mas se você cria expectativas irrealistas baseadas em uma positividade irresponsável, está exposto a um risco muito grande. A tendência é ignorar sinais de alerta para contratempos, negligenciar questões importantes que poderiam ser solucionadas antes de virarem verdadeiros tsunamis de problemas e ainda por cima procrastinar. Um procrastinador compulsivo é uma pessoa que sempre acha que vai ter tempo no futuro para concluir tarefas e ainda costuma desconsiderar feedbacks negativos e diferentes perspectivas.

Veja bem se você entende a diferença: eu acredito que você deva sempre pensar no pior. Isso não quer dizer que você precisa pensar no pior sempre. Ser precavido, não é a mesma coisa que ser pessimista.

Antes de decisões importantes, é preciso uma pesquisa rigorosa e extensa coleta de informações, pois elas vão abastecer um planejamento organizado, com gerenciamento eficiente de tarefas, prazos e recursos. Essa pesquisa vai possibilitar vislumbrar possíveis cenários desafiadores e até mesmo elaborar um plano de contingência para lidar com emergências e imprevistos.

Quando a gente fala em sucesso financeiro, eu não conheço pessoas precavidas que não tenham reserva de emergência, plano de aposentadoria e carteira diversificada de investimentos. Em algum momento, essas pessoas tiveram que imaginar o que aconteceria se não pudessem trabalhar no futuro, como arcariam com seus compromissos, o que seus companheiros e filhos teriam que enfrentar. Essa consciência permitiu com que essas pessoas fizessem os sacrifícios necessários para poupar e investir hoje para colher amanhã.

É prudente ter uma visão pessimista sobre possíveis cenários futuros para se proteger de perdas e garantir uma margem de segurança. Isso não significa ser negativista, mas estar preparado para agir com cautela ao lidar com incertezas e volatilidades do mercado. Grandes investidores sempre dizem: invista com pessimismo.

Pessoas que levam a prevenção de riscos a sério costumam adotar medidas de segurança para manter suas casas seguras, utilizar senhas fortes e fazer a revisão do carro. São elas que entendem o valor da atividade física constante, dos hábitos saudáveis, dos exames regulares e do sono em dia.

Se concorda comigo, eu deixo um último conselho, pois pode ser que você já seja uma pessoa prevenida. Com certa regularidade, não se esqueça de revisar seus planos e estratégias – especialmente o planejamento financeiro. É preciso flexibilidade para se adaptar às mudanças inesperadas e navegar entre os desafios socioeconômicos de um mundo em constante transformação. Enquanto você se prepara para enfrentar possíveis obstáculos e reduzir o impacto de problemas futuros, talvez você perceba surgir ainda mais motivação e esperança no futuro.

Bruno Corano é economista, apresentador do Manhattan Connection e idealizador do Imigre America

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