Por Luiz Fernando de Almeida Bello, Colunista de Plurale (*)

1970. Década de milagre econômico e de explosão do mercado de finanças no Brasil. O Rio de Janeiro parecia se recuperar da perda da situação de capital com a dinâmica do seu setor financeiro que concentrava as negociações de ações e de títulos privados e públicos de todo Brasil. O crescimento exponencial e sem regras adequadas das transações financeiras provocou diversos traumas, como o despencar das bolsas de valores em 1971. Em compensação, atraiu brasileiros que pensavam o Brasil grande para cuidar de seu desenvolvimento. Mario Henrique Simonsen, o ministro, Bulhões Pedreira e Lamy, os juristas, criaram a então nova lei das sociedades anônimas que possibilitou o crescimento sustentado do mercado de capitais.

O desenvolvimento do mercado de capitais atraiu gente, muita gente que pensava o Brasil grande. Apesar do ambiente político aterrorizante, havia clima de esperança provocado pela expectativa de que o crescimento econômico viesse a acabar com as mazelas sociais brasileiras, gerando riqueza para toda a população, embora primeiro para os ricos…

Raymundo Magliano Filho

Nas batalhas do dia a dia do mercado financeiro, alguns visionários ainda tiveram força para contribuir de forma decisiva para sua evolução em termos qualitativos, sociais e econômicos. Não foram muitos e a COVID nos roubou dois deles: nossos queridos Terzi e Raimundinho. Roberto Terziani, destacou-se entre os analistas de mercado de capitais, participando de todos os movimentos de sua evolução e desde os primórdios da ABAMEC, o IBEF, do IBRI. Presidiu a ABAMEC e foi dirigente da Generalli e da Oi. Raymundo Magliano Filho presidiu a BOVESPA de 2001 a 2007, sendo responsável por seu aperfeiçoamento institucional e pelo imenso esforço para popularizar o mercado de ações no Brasil.

Roberto Terziani

Perdemos dois brasileiros que pensavam o Brasil grande. Que suas lembranças iluminem nossos caminhos e impeçam que percamos também o nosso futuro.

(*) Luiz Fernando de Almeida Bello é economista e analista financeiro, um dos pioneiros do mercado de capitais carioca.