Bolsa fecha em 106 mil pontos, expectativa da vacina saindo e o crédito crescendo 11,8% neste ano, de um lado. De outro, a preocupação com a deterioração fiscal e o governo falando – novamente – em limar as reservas para amortizar dívidas e a Fitch dando nota “BB-” para o país. Fortes emoções na semana!

Enquanto acompanham o desenrolar no universo macro, empresas podem se preparar para acessar 16 diferentes fundos, desde que se adequem às modernas exigências ambientais. Divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), documento denominado “Financiamento para o Clima: Guia para Otimização de Acesso pela Indústria” pode facilitar a vida de muitas organizações, pois de acordo com a entidade, companhias de quaisquer portes poderão participar.

Para se ter ideia do quanto está disponível, basta lembrar que em 2017 as iniciativas climáticas movimentaram US$ 612 BI e em 2018 outros US$ 546 BI. “Cada vez mais consolida-se o entendimento de que as iniciativas que respondam aos desafios ambientais, sociais e de governança, de forma mais efetiva, dão mais retorno e são mais sustentáveis”, disse Davi Bomtempo, gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI.

Uma vez mais, a placa indica: a saída é pelo modo ESG. 

NOTA

A Fitch Ratings informou, dia 17, a manutenção da nota de classificação de risco para os títulos de longo prazo do Brasil em “BB-”, com perspectiva negativa. Em nota, a agência de classificação de risco ressalta que “tal perspectiva reflete a severa deterioração do déficit fiscal do Brasil e da carga da dívida pública durante 2020”.

ETF

“Como os ETFs (Exchange Traded Fund) estão transformando o investimento no Brasil” é o tema de webinar promovida pela S&P Dow Jones Indices e a B3 nesta quarta, 25. Na tela, estarão debatendo John Davies, diretor global de Produtos Negociados em Bolsa, da S&P; Rogério de Araújo Santana, diretor de Relacionamento com Empresas e Assets da B3; Renato Eid Tucci, da Itaú Asset Management; Will Landers, sócio do BTG Pactual e Carlos Takahashi, CEO da BlackRock no Brasil.

https://on.spdji.com/como-os-etfs-estao-transformando-o-investimento-no-brasil-webinar-2020?src=Email1

IPO

A rede D´Or deverá fazer seu IPO na B3 dia 10 de dezembro próximo. Pelas projeções, a companhia pode fechar este ano com um lucro líquido na casa dos R$ 500 MM.

REGULAÇÃO

A Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) quer regular o mercado ESG, a partir da classificação de fundos, determinando o que são produtos e serviços sustentáveis.

Ao menos é esta a intenção de Carlos Takahashi (BlackRock), coordenador do grupo de sustentabilidade da entidade, revelada em entrevista a Capital Reset. Segundo ele, a taxonomia de fundos brasileiros deverá incorporar o aprendizado de países mais avançados no quesito, sobretudo na Europa.

PREGÃO

A B3 informa que a partir de 2022 haverá pregão de negociação e liquidação regular em feriados municipais da cidade de São Paulo, onde está sediada.

Em 2021 mantém-se o calendário presente até aqui, mas a partir de 22, por exemplo, nos dias 25 de janeiro e 9 de julho haverá pregão normal, desde que caiam em das úteis da semana. Com isto, a brasileira fica alinhada às principais bolsas do mundo.

SEGUROS

A Sompo Seguros e a B3 assinaram acordo para implementar o registro eletrônico de contratos e apólices da seguradora. Desta forma, a Sompo terá condições de se adequar ao Sistema de Registro de Operações (SRO), plataforma desenvolvida pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).   

SEGUROS 2

A Alper Consultoria em Seguros lança sua marca voltada para o segmento de transportes multimodais de cargas, a Alper Cargo. O objetivo é se tornar referência nesta modalidade. Em junho último a empresa adquiriu a Transbroker Corretora de Seguros, terceira maior no segmento de transporte de cargas, por R$ 58 milhões. Na ocasião, a Transbroker contava com um portfólio de 400 clientes e em 2019 movimentou prêmios totais de R$ 60 milhões.

Única corretora de seguros listada na B3, a Alper realizou captação de R$ 80 milhões no final do ano passado, destinando parte desse montante para fusões e aquisições.

DJSI

Lançado em 1999, como indicador de performance financeira das empresas líderes em sustentabilidade, o Dow Jones Sustainability Index atualizou o ranking. Na classificação Dow Jones Sustainability World Index estão as seguintes companhias brasileiras: Banco Bradesco, Banco do Brasil, Itaú Unibanco Holding, Itaúsa, Klabin, Lojas Renner, CEMIG.

Já na classificação Dow Jones Sustainability Emerging Markets Index
aparecem: Banco Bradesco, Banco do Brasil, Itaú Unibanco Holding, Itaúsa, Embraer, Fleury, Natura, Klabin e Suzano.    

ESG do B

O ESG entra com força na pauta da Associação Brasileira das Companhias Abertas. No próximo dia 8 a Abrasca fará webinar em parceria com o Sistema B, tendo por objetivo “usar a força do mercado para solucionar problemas sociais e ambientais”.

Neste encontro virtual estarão presentes Francine Lemos (Sistema B Brasil), Henry Gonzalez (Banco Mundial), Edmar Lopes (Movida e Rodrigo Maia (Gerdau e Abrasca).

DEBÊNTURES

Em atendimento à solicitação do IMK – Iniciativa do Mercado de Capitais (grupo integrado por várias entidades do mercado e do governo), Abrasca, Anbima e B3 discutem propostas, conjuntamente, para impulsionar o mercado de dívida.

Padronizar as debêntures, simplificando documentos para facilitar a captação de parte dos emissores é uma das propostas que vêm sendo afinadas.

BONDS

A Suzano atraiu a demanda de US$ 2 BI para a emissão de títulos de longo prazo. Isto é quatro vezes o tamanho da operação, de US$ 500 MM, com retorno ao investidor de 3,10%. Trata-se da menor taxa já obtida por empresa nacional para vencimento de títulos com prazo de 10 anos.

Em setembro a companhia tinha feito captação de US$ 750 MM, em operação semelhante, com yeld de 3,95% a.a.

RELATO

Debater os aspectos ambientais, sociais e de governança no Relato Integrado é a proposta de um dos painéis que o XVII Seminário Internacional CPC apresentará no próximo dia 25. No formato online, o evento acontecerá com presenças confirmadas de Marcelo Barbosa (CVM) e Zulmir Breda (CFC).

CELULOSE

O Porto de Santos, maior do país, abriga o novo complexo de celulose instalado em sua margem esquerda, como resultado de uma parceria entre as empresas DP World Santos e a Suzano. Em cerimônia com a presença do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, na última segunda-feira, foi inaugurado um dos terminais mais modernos do país, recebendo investimentos de R$ 700 milhões.

Contando com armazém de 35 mil metros quadrados, possui capacidade estática para mais de 150 mil toneladas da matéria-prima. Também integram as novas instalações um novo viaduto, destinado à interligação rodoviária entre as áreas do armazém e a área de cais do terminal, e a expansão do trecho de cais, que foi ampliado de 653 metros para 1.100 metros, possibilitando o recebimento de até quatro navios simultaneamente.

Na prática, a operação começou em abril último e, nesse tempo, a celulose já responde por 15% do faturamento da DP World Santos. Destaque-se que o projeto foi pensado para conciliar eficiência com sustentabilidade, visto que 100% das cargas são recebidas por ferrovia, integrada às operações internas do armazém. Os operadores fazem o manuseio das máquinas por um joystick (espécie de controle remoto) instalado dentro de centros de comando.

GÁS

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovou, por unanimidade, a aquisição da totalidade das ações da Liquigás Distribuidora pelo grupo Itaúsa Copagaz e Nacional Gás Butano.

De acordo com comunicado da Itaúsa, ainda que concluída neste ano, a operação não deverá impactar significativamente os resultados da companhia.

CLIMA

A semana que passou também foi marcada por compromisso assumido por 450 bancos públicos de desenvolvimento de todo o mundo, informa o BNDES. Ideia é alinhar esforços de retomada da economia, com o enfrentamento das mudanças climáticas. Somadas, as instituições deverão aportar US$ 2,3 trilhões anuais.

Entre outros, os alvos serão investimentos em energia renovável, eficiência energética e tecnologias limpas.

CRÉDITO

De acordo com pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a carteira total de credito no país deverá crescer 11,8% neste ano, em comparação ao ano passado. Desta pesquisa participaram 15 instituições bancárias. No levantamento anterior, de setembro, a estimativa era de 9,4% de crescimento no ano.

Em relação ao PIB, a expectativa é de crescimento entre 2,5% e 3,5%. Para o ano que vem.

ARTIGO

Greenwashisg ou esgwashing. Como espantar o fantasma da mentira no campo da sustentabilidade corporativa

(*) Ricardo Voltolini

Já tem mais de um ano. Mas quem se interessa pelo tema da sustentabilidade empresarial não se esquece. Em agosto de 2019, as 181 grandes empresas norte-americanas ligadas à Business Roundtable (BRT), uma conhecida organização de lobby dos EUA, apresentaram uma nova “Declaração de Propósito Corporativo.” Mesma ideia que, desdobrada na forma de um novo conceito, ganharia durante no Fórum Econômico Mundial, em janeiro, o nome de “capitalismo de stakeholders”— a rigor, um jeito novo de pensar e fazer negócios mais ético, justo e cuidadoso na geração de valor para todas as partes interessadas, mais respeitoso em relação ás pessoas e ao meio ambiente.

Anunciado na primeira página do Financial Times, sob o título de “It´s time. Reset the capitalism”,  o manifesto não demorou a repercutir no Brasil.  A reação foi de justificável otimismo.  Afinal, tomada pelos maiores donos do capital global,  uma decisão de “corrigir distorções” do capitalismo soou como uma resposta disruptiva no combate às mudanças climáticas e ao esgotamento dos recursos naturais. Nos EUA, houve divisão de opiniões. Parte das pessoas embarcou com entusiasmo. Outra parte, mais desconfiada, só conseguiu ver na ideia de colocar o propósito antes do lucro um truque barato dos escritórios de Relações Públicas para melhorar a imagem de empresas com longa folha corrida de passivos sociais e ambientais. Ou ainda, pior,  um estratagema para surfar na onda do propósito, tão cultuada pela geração Y, com o objetivo de engordar ativos em tempos de ascensão do ESG. Eis um quadro em que as partes parecem ter e não ter razão completamente.

Estudos feitos pelas escolas de negócios de Londres e Colúmbia, mostrando que o seleto grupo da BRT apresentou desempenho socioambiental inferior  ao de outras companhias, trouxe de volta á cena um termo que andava foragido há 10 anos: greenwashing, ou maquiagem verde. Cunhado pelos norte-americanos, a expressão foi muito utilizado na primeira década deste século para designar empresas que alardeavam serem sustentáveis, sem rigor e critério.

Sempre detestei a expressão. Acho-a tola. Talvez porque não acredite, de fato, que, com um mundo rápido, integrado em redes sociais, alguém seja suficiente petulante—ou burro–de mentir ou sustentar mentiras por tanto tempo. Gostar ou não termo não significa, no entanto, que sua prática não possa existir. Quando a palavra começa a ser resgatada, como agora, é porque os públicos desconfiam da honestidade dos compromissos empresariais.

Isso significa, claro, um sinal de alerta para as empresas interessadas em boas notas de ESG, seja por que formaram uma consciência de que não há melhor jeito gerir negócios, seja porque compreenderam, de modo pragmático, que deixar a sustentabilidade fora da estratégia pode ser um tiro no pé, seja ainda, e finalmente, porque foram constrangidas por investidores a abandonarem a inercia confortável  dos que sempre viram na sustentabilidade uma fonte de despesa.

Mais de duas décadas atuando nessa área, e querendo apenas prevenir os  iniciados, recomendo três reflexões para afastar, de vez, os riscos da “maquiagem verde”

  •  Compreenda claramente o estágio de maturidade da empresa no tema e o quanto ainda precisa avançar antes de sair falando quão sustentável ela é, sob argumentos, no mínimo, arrogantes, como o de que a “sustentabilidade está no nosso DNA.” É certo que sustentabilidade não está no DNA de sua empresa, a menos que ela tenha nascido (caso raro, a ser investigado pela ciência) orientada para o conceito. Verifique se já identificou os grandes temas (na verdade, suas externalidades socioambientais e de governança) e mensurou precisamente os seus riscos. Avalie se já dispõe de estratégias para reduzi-los, eliminá-los ou, melhor ainda, regenerar comunidades e ecossistemas. Pondere sobre quanto as externalidades, riscos e ações de mitigação/eliminação impactam sua estratégia para o futuro. Se já chegou até esse estágio (poucas empresas o fizeram),  estabeleça metas e as comunique aos stakeholders, festeje os avanços, corrija rumos. Produza evidências. Quanto mais concretas as evidências,  menor o risco de desandar para o greenwashing.
  •  Ao pensar nos grandes temas, é provável que paire alguma dúvida a respeito dos mais relevantes. Ou mesmo um susto por identificar muitos. Deixo, portanto, uma dica sobre quais seriam hoje, em termos globais, os grandes temas valorizados no ESG: (1) Mudanças climáticas (planos de mitigação e adaptação); (2) Redução de impactos a recursos naturais (água, energia, solo, resíduos); (3) Diversidade (políticas); (4) Biodiversidade (respeito á integridade dos ecossistemas); (5) Direitos humanos (política aplicáveis á cadeia de valor); (6) Redução de riscos á segurança de colaboradores, comunidades e clientes; (7) Ética nas relações com públicos de interesse; e (8) Investimento social privado (políticas de desenvolvimento local). Se esses são os temas de sustentabilidade que mais chamam a atenção nos ratings consagrados pelo mercado, inicie por eles. Ao fazê-lo, sua comunicação deixará de ser uma “propaganda” para se tornar um serviço de informação de interesse  das partes interessadas.
  •  Organize as ações de sustentabilidade numa estratégia clara. Isso é parte importante do processo de legitimação do conceito na medida em que integra os “o quês” e  os “comos.” Dedique um tempo também á construção dos  “porquês.” É possível que a sua empresa se satisfaça em resumir todas as intenções de sustentabilidade ao fato de que isso vai resultar em premiação dos ativos. Acho pouca ambição.  E pouca inteligência. Se não quiser que o discurso soe apenas como uma pragmática “jogada de negócio”, recomendo algo não tão óbvio mas poderoso: a elaboração de um propósito, um texto curto (uma a duas páginas), claro (substantivos no lugar de adjetivos), caloroso (baseado em compromissos e valores humanos) e propositivo (com o olhar projetado nos desafios do futuro) capaz de sintetizar  a visão de mundo da empresa para além de ganhar dinheiro.

(*) Ricardo Voltolini é fundador e CEO da consultoria Ideia Sustentável e da Plataforma Liderança com Valores. Conselheiro, mentor e estrategista, já escreveu 11 livros, entre os quais Conversas com Líderes Sustentáveis, Escolas de Líderes Sustentáveis e Sustentabilidade como Fonte de Inovação. Coordenou recentemente o estudo 11 Tendências de Sustentabilidade Empresarial  ([email protected]).

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