Por Marilia Fontes
Comecei a estudar sobre Renda Fixa Digital no mês de agosto. Já ouviu falar?
A renda fixa digital é uma dívida, igual à renda fixa normal, mas ela é negociada por meio de um token no blockchain.
O token é um número (tipo número de série) que reconhece no blockchain o seu contrato específico.
O blockchain é como se fosse um “cartório digital”, que registra contratos.
Ou seja, é como se uma empresa estivesse te devendo um fluxo de dinheiro e um cartório registrasse esse contrato entre você e esse devedor.
Recentemente, algumas empresas estão usando esses contratos para ceder um fluxo de pagamentos para investidores de uma forma menos burocrática que no mercado financeiro normal.
Como funciona a Renda Fixa tradicional
No mercado financeiro, para uma empresa emitir um CRI, CRA ou uma debênture, ela tem que seguir várias regras da CVM, pagar um banco para estruturar a operação, fazer um road show, apresentar para investidores, escrever um documento com 500 páginas que ninguém lê, enfim, é um processo bem burocrático.
Fazer tudo isso para emitir um título de curtíssimo prazo seria completamente inviável.
Bancos conseguem facilmente se financiar no curto prazo por meio de CDBs, LCIs e LCAs de curto prazo. Não tem burocracia.
Mas as empresas, até então, só tinham os próprios bancos.
Agora, com a Renda Fixa Digital, essa dificuldade pode ter encontrado uma boa alternativa.
Como funciona a Renda Fixa digital
Empresas especializadas securitizam esses fluxos e registram no blockchain, tal que o detentor do token, seja ele quem for, é o beneficiário desses fluxos.
Inclusive, se você quiser vender o seu token para outra pessoa, é completamente factível e fácil de fazer, tornando o novo detentor do token o beneficiário desse contrato.
Os fluxos de recebíveis vêm normalmente de descontos que os detentores da dívida recebem para ter o dinheiro à vista.
Por exemplo, em um consórcio, se você pagou algumas parcelas, mas se apertou depois, você teria que aguardar até o final do consórcio, ou até ser sorteado, para receber o dinheiro que você pagou.
Esses gestores que fazem o token antecipam esse dinheiro para os consorciados, mediante a um desconto no valor. Se as parcelas pagas até agora somassem R$ 1 mil, por exemplo, eles pagariam R$ 600 para ficar com esse crédito de receber os R$ 1 mil lá na frente.
A pessoa que está apertada acaba aceitando o desconto. O investidor dos tokens recebe o retorno de R$ 600 a R$ 1 mil, mais a correção do índice de inflação do consórcio.
Além de consórcio, temos vários outros tipos de tokens: fluxo de pagamentos, energia, precatórios, entre outros.
Todas as modalidades de investimento da Renda Fixa Digital estão descritas no último relatório do Renda Fixa PRO, que você pode acessar por aqui.
Teste da Renda Fixa Digital
Para testar esse produto, eu comprei 84,81 quantidades de um token de fluxo de pagamentos no dia 23 de agosto de 2022, no mercado secundário.
No dia 29 de agosto de 2022 o token venceu, me pagando de volta os juros acordados.
Como vocês podem ver, eu gastei R$ 8.553,66 e recebi de volta R$ 8.827,13. No final, tive R$ 273,47 de lucro. Em 5 dias úteis, esse lucro me deu um retorno de +3,19%. Esse retorno em taxa equivalente a 1 ano, daria +352% a.a.
Nada mal, não é mesmo?
Quais são os riscos?
É claro que esses tokens têm risco. A empresa devedora deve ser muito bem analisada, pois existe o risco de a empresa não pagar de volta.
Como mencionado anteriormente, esse mercado é legal, mas não regulado. Ou seja, é muito mais fácil uma empresa não segura emitir um token. Por isso, mais do que nunca é preciso fazer uma análise de crédito criteriosa.
Os assinantes do Renda Fixa PRO já tiveram outras duas recomendações de ativos digitais, com taxas equivalentes a +18% a.a.
Vamos começar pequeno, entendendo juntos esse novo mercado, mas que certamente me parece muito promissor.
Vale lembrar também que tudo que é novo e menos conhecido paga mais taxa.
Depois que todo mundo tem acesso, as taxas vão diminuindo.
Por isso é importante chegarmos antes.