O consultor econômico Raul Velloso, especialista em contas públicas, considera um absurdo o corte nos investimentos públicos em infraestrutura no Orçamento deste ano, muito provavelmente para acomodar os gastos pressionados por questões eleitorais. O resultado dessa manobra será mais um ano de baixo crescimento. “Esse Orçamento é coerente com a postura de condenação à estagnação, foi isso que eles fizeram”, diz. Ele defende a troca da regra de teto gasto pelo teto do endividamento, sempre atento à qualidade do gasto. A seguir, trechos da entrevista.

Como o sr. avalia o corte no Orçamento de 2022 que preservou recursos para reajuste de servidores, orçamento secreto, fundo eleitoral, Auxílio Brasil e reduziu o investimento?

Isso é a continuação desse absurdo de levar o investimento para perto de zero. Pelos segmentos que ganham, a maior parte está ligada a razões de cunho puramente político e eleitoral. Em ano de eleição é muito difícil um governo que depende desse tipo de apoio deixar de destinar dinheiro para isso. O que me preocupa é o aperto ainda maior que está ocorrendo no investimento em infraestrutura, um item desprotegido da pauta, que não tem vinculação de receita e é mais fácil cortar. Esse é o maior absurdo da história.

Por quê?

O investimento público caiu violentamente, medido em porcentual do PIB (Produto Interno Bruto). Não tem como fazer a economia crescer sem investir o mínimo em infraestrutura, e estamos investindo abaixo do mínimo. Os gastos mais ligados à questão eleitoral, acredito que não há como fugir, com um governo fraco como esse. É o preço do apoio do Centrão. Mas não pode tirar da infraestrutura. O País está caminhando para afundar numa economia de crescimento quase sempre zero por falta de investimento em infraestrutura. Esse Orçamento é coerente com a postura de condenação à estagnação, foi isso que eles fizeram.

Como mudar?

Sou fortemente contra essa política equivocada de teto de gastos. No fundo, deve ser isso que forçou eles a fazerem esse corte nos investimentos, como a única forma de acomodar a concessão feita a essas outras despesas ligadas basicamente ao apoio ao Centrão.

Como assim?

Não tem por que essa preocupação exacerbada que existe hoje em querer adotar esse tipo de medida com o olho na questão de reduzir a relação entre a dívida e o PIB.

O que se deve colocar no lugar do teto?

Nada. Fico irritado ao ver que querem seguir uma política macroeconômica que é vista como insubstituível e na verdade não é. Temos de ter outro tipo de teto: o teto do endividamento, como os Estados Unidos fazem. Não há problema de subir a dívida, desde que você esteja muito atento à questão da qualidade do gasto. A qualidade do gasto é muito mais importante do que o nível do gasto.

E o investimento privado?

Num país como o Brasil é muito difícil mexer na curva do investimento privado. O que vai determinar as variações para cima e para baixo é o investimento público. O Ministério da Economia fica com esse discurso que não se preocupa com o investimento público, porque o privado vai entra no lugar dele. Mas o investimento privado não entra. Eles são complementares, não substitutos. Estamos perdendo a oportunidade de fazer o PIB crescer.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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