A comprovação de práticas sustentáveis por meio de certificações tem ajudado empresas na captação de investimentos. Pequenos e médios negócios são maioria nesse movimento e apostam na chancela para expandir, buscando fundos específicos para empreendimentos verdes. No Sistema B, que avalia aspectos de meio ambiente, comunidade, governança, funcionários e clientes, cresceu quase 260% o número de negócios certificados entre 2017 e 2022, indo de 60 para 215 empresas. As certificações concedidas ganharam fôlego nos dois últimos anos: foram 29 em 2019, 39 no ano seguinte e 45 em 2021.

Já a Sociedade Vegetariana Brasileira concedeu o selo de produto vegano a 240 empresas entre 2017 e 2021. Dessas, cerca de 44% são de pequeno porte e 32% são médias. O cenário combina com o interesse do público. As buscas no Google por ESG, sigla para boas práticas ambientais, de governança e sociais na empresas, crescem desde 2020 e atingiram o pico de popularidade na última semana de abril deste ano.

“A pandemia gerou muitos questionamentos e combinou com momentos políticos e socioambientais fortes”, diz Cinthia Gherardi, diretora de marketing do Sistema B. “O conceito do ESG traz essa visão de que sustentabilidade é algo integrado, que inclui social, ambiental e governança.”

Empresas de pequeno e médio portes representam 86,5% das B certificadas, e a verificação inclui um questionário com mais de 200 perguntas. Negócios usam a certificação como atrativo para investidores. Essa é a aposta do grupo Casa Feito Brasil, das marcas Feito Brasil e Quintal Dermocosméticos. O negócio se prepara para o primeiro aporte, com início das negociações no próximo semestre. Empresa B desde 2019, a companhia tem o selo EcoCert de cosméticos orgânicos e naturais.

Para o CEO Giulio Peron, as empresas do futuro são sustentáveis e o futuro do grupo é a expansão. “A pauta ESG é muito importante para os fundos de investimento, nossos parceiros estão olhando isso com muita cautela e existem fundos específicos.”

Além da bandeira verde, ele diz ser essencial ter sustentabilidade social e financeira. Desde 2018, a empresa tem dado saltos na receita. De 2019 para cá, obteve crescimento de 82%.

QUALIFICAÇÃO. No caso da Insecta Shoes, única Empresa B de calçados no Brasil e certificada em 2016, o investimento de R$ 300 mil veio em 2018, um smart money (aporte qualificado, que inclui consultoria) que levou investidores para o dia a dia do negócio. “O certificado com certeza validou nosso posicionamento e trouxe mais seriedade para os nossos desafios de sustentabilidade”, diz Barbara Mattivy, sócia-fundadora. No ano passado, a Insecta captou R$ 1,8 milhão em três meses numa rodada de equity crowdfunding (financiamento coletivo de investidores) junto à Platta, que atua com negócios de impacto.

Quem também aproveita esse ecossistema é a empresa de leites veganos Nude, que usufruiu do benefício de ser, primeiro, uma Empresa B Pendente. “Se a empresa ainda não tem um ano fiscal, pode entrar com pedido dessa certificação, que ajuda a pensar em várias coisas que não estão no radar”, diz a cofundadora Giovanna Meneghel. Lançada em 2020, a marca tornou-se B em outubro. Em janeiro, recebeu aporte de R$ 25 milhões, vindos de um fundo de impacto.

*As informações são do jornal O Estado de S. Paulo