O Federal Reserve (FED) manteve nesta quarta-feira (12) a taxas de juros dos Estados Unidos entre 5,25% a 5,50% ao ano, como era esperado pelo mercado.

Para Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital, os indicadores seguem inconsistentes e oscilando. “Ao mesmo tempo em que existem sinais claros de que a economia está desaquecendo em alguns parâmetros, outros surpreendem positivamente, como por exemplo o último payroll, que é a geração de empregos, que foi muito maior do que a previsto.”

Segundo o economista, o payroll seria a maior influência, entre outros motivos, porque o próprio governo realizou contratações. “O governo americano admitiu 43 mil novos funcionários, só no último mês de maio. O fato é que esses indicadores não ainda estão convergente de forma significativa na direção que o FED precisaria para reduzir os juros”, comentou Corano.

Além disso, para ele, o discurso do Powell dá sinais claros de que, caso exista corte ainda em 2024, será apenas um. “Ele é muito cuidadoso e logicamente não garante nem que vai ter um corte, mas também não diz que não podem chegar a dois.”

O chamado “gráfico de pontos”, ou dot plot, – das projeções de taxas do FOMC – mostra a expectativa de um corte de 0,25 ponto porcentual em 2024, abaixo da estimativa anterior de três cortes nas projeções trimestrais divulgadas em março.

As autoridades monetárias do Fed agora veem que a taxa de juros para 2025 deve ser de 4,1%, na mediana, ante previsão anterior de 3,9%.

Os índices de ações de Nova York, que operavam em alta durante a manhã após a divulgação de dados do núcleo de inflação abaixo do esperado, perderam força após a divulgação.

O S&P 500 subia 0,89% e o Nasdaq avançava 1,62% por volta das 15h05, no horário de Brasília, enquanto o Dow Jones oscilava com queda de 0,02%.

O Ibovespa, que caía antes da divulgação diante de preocupações com o equilíbrio fiscal, manteve as perdas e operava com queda de 0,97% no mesmo horário.

FED: Manutenção da taxa de juros e alterações

Entre as idas e vidas do CPI e do PCE, o FED decidiu de forma unânime e com coerência não só a manutenção das taxas de juros, como as alterações apresentadas, comenta o economista chefe da Planner Investimentos, Ricardo Tadeu Martins.

Conforme Martins, os discursos até então levavam a essa decisão, “assim como as alterações no Dot Plot, de 3 cortes de juros para 1 corte em 2024 (o mercado esperava 2) e de 3 cortes para 4 cortes em 2025 (isso é melhor). Evidente que diante de tantos indicadores de atividade favoráveis ao “soft landing” a postura não poderia ser outra com o pouquíssimo progresso de desinflação em 2024.

Dentro deste cenário, o SEP também trouxe alterações em alta de expectativa do Núcleo do CPI, de 2,6% para 2,8% em 2024 e de 2,2% para 2,3% em 2025. A taxa de desemprego foi mantida em 4%.

“O que é importante chamar atenção no universo americano é que de forma recorrente, de forma mais amena ou não, o sistema bancário, especificamente o regional, dá sinais de disfunção, o que é contagioso. O exemplo do BCE é interessante, cortou juros e pausou, sinalizando à atividade, garantindo fôlego da recuperação do PIB no 1T24, já que o objetivo da sua meta de inflação de 2% está em 2025”, afirma o economista da Planner.

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