Além da pandemia de Covid-19, o ano de 2020 foi marcado pautas sociais, como protestos e manifestações ligadas aos direitos humanos, principalmente contra o racismo.

Esses movimentos não são recentes e persistem pela história na busca de igualdade e equidade. A Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que todos exercemos a mesma capacidade perante a liberdade e os direitos expostos no artigo.

Infelizmente, muitas vezes a sociedade falhou nesse sentido. Vamos recapitular alguns casos de destaque no Brasil neste ano, tanto os positivos quanto os negativos, ligados à igualdade de gênero, ao racismo e à diversidade relacionada a inclusão de identidade de gênero e orientação sexual nas empresas.

A ideia do Magazine Luiza

Em setembro o Magalu anunciou o seu novo programa de trainees exclusivo para negros. A ideia da empresa cumpre com o Estatuto da Igualdade Racial, presente na Constituição brasileira.

A empresa afirmou que a iniciativa surgiu ao perceber que somente 16% de seus cargos de lideranças eram ocupados por pessoas pretas e pardas, e queriam mudar isso.

A repercussão nas redes sociais ressaltou a presença do racismo estrutural no país, quando muitos comentários afirmavam que a decisão da empresa era “racismo reverso”, um conceito inexistente.

O Ministério Público do Trabalho de São Paulo recebeu 11 denúncias sobre o programa e ao realizar o deferimento afirmou que não houve violação trabalhista na ideia do Magalu, mas uma ação afirmativa de reparação histórica.

O caso do Carrefour

No dia 19 de novembro, um dia antes do Dia da Consciência Negra, João Alberto Silveira Freitas, um homem negro, foi morto por seguranças em uma loja do Carrefour em Porto Alegre.

A cena foi capturada em vídeo e gerou revolta nas redes sociais e protestos pelo país. O caso trouxe novamente os debates sobre racismo no país. Buscando a retratação pelo ocorrido, o Carrefour criou um fundo de inclusão racial, de valor inicial de R$ 25 milhões, e a criação de um comitê sobre diversidade e inclusão, para reforçar a conscientização no combate à descriminação racial.

Os planos de equidade de gênero do Itaú e da Petrobras

O Itaú havia lançado três meses antes do primeiro decreto de isolamento social em São Paulo o programa iEla. Esse busca aumentar a participação de mulheres na área, principalmente em cargos de liderança.

Com o início da pandemia ele ficou em segundo plano, mas em junho foi posto em prática pela primeira vez. As práticas foram surgindo no ambiente digital, por meio de workshops, treinamentos e mentorias, que falam de assuntos como gestão de tempo e programação. Como o programa é virtual, ele foi expandido para as franquias do banco em Miami, no Caribe e no Chile.

A Petrobras lançou em dezembro o seu Plano de Equidade de Gênero. Apenas 17% dos cargos de liderança são de mulheres na empresa. O destaque do plano é o programa de mentoria para lideranças femininas, que assim como o Itaú, vai contar com workshops, webinars e reuniões. Ele entra em prática em 2021.

A suspensão do alvará da Vale em Brumadinho

Mais um acidente ocorreu na sede da Vale em Brumadinho, em Minas Gerais. Um funcionário morreu na Mina do Córrego do Feijão no dia 18 de dezembro. O prefeito da cidade afirma que a culpa foi da irresponsabilidade da empresa.

O acidente deveria ter sido evitado e reforça o que é afirmado no Artigo 23 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de que todos têm o direito a condições justas e favoráveis de trabalho.

As ações da Vale caíram depois do ocorrido, adicionando mais pressão sobre as ações que passaram por diversos problemas nos últimos anos. A Vale ainda busca reconstruir a sua imagem depois das tragédias e desastres ambientais em Mariana e em Brumadinho.

A pesquisa da Credit Suisse sobre empresas que apoiam a diversidade

A Credit Suisse Group afirmou no início de dezembro que as ações de empresas que apoiam a diversidade, incluindo identidade de gênero e orientação sexual, tiveram um melhor desempenho.

Foram observadas 350 empresas inclusivas de LGBTQI+, incluindo a Apple e a Tesla. As ações desse grupo superaram o índice de ações globais ACWI da MSCI. Destaca-se que 72% de aliados LGBTQI+ estão mais dispostos a aceitar um emprego onde o empregador também apoie a igualdade LGBTQI+.

Uma outra pesquisa realizada em 14 estados brasileiros mostrou que 38% das indústrias e empresas têm restrições para contratar pessoas LGBTQI+. Essas restrições vão contra a Constituição Federal e a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) que reprimem a discriminação de gênero e orientação sexual. Vale lembrar que desde junho de 2019 a homofobia e a transfobia são crimes no Brasil.

Esses foram alguns casos deste ano. Desastres ambientais ou casos de racismo afetam as ações das empresas, por exemplo, mas acabam prejudicando muito mais a sociedade.

Para 2021 é necessário que as conversas continuem e que as empresas trabalhem para que a equidade e igualdade avance cada vez mais, sempre garantindo o direito dos trabalhadores.