A forte valorização do dólar, que já avançou 17,55% ante o real em 2020 e está cotado a R$ 4,7379 pela taxa Ptax do Banco Central (BC), não parece ter contaminado o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), de acordo com Guilherme Moreira, que coordena o indicador.

Na primeira semana de março, o IPC avançou 0,15%, mas ainda sem sinais de repasse cambial, de acordo com Moreira. Itens sensíveis ao câmbio tiveram variações consideradas normais no indicador: tanto eletrônicos, como computador (1,78%), notebook (1,04%) e telefone celular (0,74%); quanto massas e farinhas (0,0%) e panificados (0,29%), que poderiam ser pressionados via trigo.

“Mesmo nessa desvalorização cambial agressiva, estamos vendo uma inflação muito comportada. Estamos definitivamente com uma demanda muito fraca, que não comporta repasses de custos – eles sem dúvida estão acontecendo, mas não chegam aos IPCs”, afirma Moreira.

De acordo com o economista, a única fonte de repasse esperada é nos preços de remédios, que costumam ter reajustes no começo do ano e são sensíveis ao câmbio. A Fipe projeta inflação de 0,32% para o grupo de saúde em março, devido aos preços de remédios.

Além do câmbio, Moreira chama atenção para o comportamento das carnes bovinas, cuja deflação desacelerou de 2,80% no fechamento de fevereiro para 0,73% nesta divulgação. “Elas parecem ter encontrado um ponto de equilíbrio, já tendem à estabilidade. Tem alguns itens subindo um pouco, outros caindo menos”, pontua.

Para o fechamento de março, a Fipe revisou a projeção de IPC de 0,09% para 0,11%, principalmente por causa de uma mudança na expectativa da inflação do grupo de Alimentação, que passou de 0,35% para 0,55%. Por outro lado, caíram as estimativas de taxas de Habitação (-0,06% para -0,07%), Transportes (0,12% para 0,05%), Despesas Pessoais (-0,18% para -0,24%) e Vestuário (0,09% para 0,02%).

Para 2020, Moreira manteve a projeção de IPC acumulado em 3,55% e afirma que o nível de inflação dá espaço para a absorção de choques. “Para ser algo acima disso, só com um repasse cambial muito forte. Temos a contribuição negativa das carnes e parece que toda essa confusão de dólar e petróleo pode acabar sendo desinflacionária também”, afirma.

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