Mais do que nunca o tema ESG tem sido amplamente debatido em painéis de discussões. Muito embora este acrônimo tenha surgido há 16 anos atrás(*), foi nos últimos dois a três que as empresas vem buscando aderir às suas práticas e valores alinhados a sustentação ambiental, social e de governança. Entendendo que, além da preocupação com relação a escassez dos recursos naturais, os valores imbuídos no cuidado social humano e a transparência adotada em suas práticas de governança com seus stakeholders é o que será o grande divisor de águas em seus resultados operacionais e patrimoniais.

Apenas 15% das companhias listadas na S&P500 (índice composto por 500 ações listadas nas bolsas de NYSE ou NASDAQ nos Estados Unidos) ainda não apresentam relatórios de boas práticas relacionadas ao ESG (Environment, Social and Governance), demonstrando a adesão massiva à agenda. De acordo com o estudo da McKinsey Global Institute sobre o tema – 83% dos executivos C-level (CEOs e outros cargos executivos) e profissionais de investimento esperam que as boas práticas em ESG contribuam com mais valor para os acionistas. Já os acionistas, estão dispostos a investir 10% acima do prêmio médio para adquirir uma empresa com histórico positivo de agenda para as questões de ESG.

Cada vez mais a mensagem de que a marca e os produtos de uma empresa signatária de melhores práticas em ESG terão seu valor no mercado muito superior a outra que não tenha. Sob a óptica dos consumidores, estamos vendo uma mudança de paradigma. Os consumidores querem produtos que estejam em consonância com seus valores pessoais. Isto vem sido puxado pela geração Millenials ou “Y” – confiar e acreditar nas marcas e nas causas que eles apoiam.

Diante disso, a pergunta que surge é: Como as posições C-level podem contribuir na implementação de uma agenda estratégia de ESG em suas empresas?

De acordo com estudo da McKinsey não há uma receita única que atenda a todos os modelos de negócios e indústrias. Cada empresa deverá olhar para dentro e entender quais ações deverão ser trabalhadas visando alavancar o maior benefício e impacto positivo.

Será de extrema importância que a liderança executiva conheça a cadeia de valor de seu negócio. Em Sustentabilidade, olhando por exemplo para cadeia de suprimentos – matérias-primas sustentáveis, buscando influenciar seus fornecedores aderirem ao programa, desenvolvendo novas parcerias de valor. Na parte Social e de pessoas – disseminar uma cultura organizacional e promovendo programas de grupos de afinidades em Inclusão e Diversidade, impulsionar a diversidade em níveis hierárquicos de gestão, implementar a gestão de talentos e programas aceleradores. No tocante à Governança – visão transparente e confiável nos processos internos, bem como das contribuições das empresas em busca da geração de valor a longo prazo a todos os stakeholders.

Por outro lado, colocando desta forma, parece que a agenda ESG é relativamente fácil de se  implementar e mensurar! E é justamente neste ponto que nos deparamos com as dificuldades na mensuração final destas iniciativas.

O maior desafio, conforme pontuado pelo CFO Fórum da EY, durante a palestra “A agenda ESG e o papel do CFO”, foi o estabelecimento de um padrão global para a devida mensuração do valor das partes interessadas. Hoje, a realidade existente, o maior desafio para a utilidade e eficácia dos relatórios ESG é o descompasso entre o ESG e as informações financeiras públicas. Como resultado da pesquisa realizada pela EY, 46% dos CFOs entendem que essa dissonância entre as informações ESG e as financeiras é que representa o maior desafio à sua utilidade e eficácia.

A reflexão que deixo é que ainda temos um passo significativo em busca desta convergência de controles e mensuração do ESG, juntamente com a publicidade dos demonstrativos financeiros. Por outro lado, é inconteste que a implantação das melhores práticas em ESG é mais do que urgente, devido a limitação dos recursos naturais – solo, clima e biodiversidade – dentro da nossa sociedade onde cada vez mais as pessoas buscam respeito e responsabilidade no seu consumo. Estando assim tudo interligado, crescimento consistente das empresas e entrega de valor à sociedade.

(*) Foi em uma publicação do Pacto Global em parceria com Banco Mundial, chamada “Who cares wins”, quando o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, cunhou esta expressão “ESG”para questionar os cinquenta CEOs de grandes instituições financeiras e investidores em como iriam integrar estes três fatores para o desenvolvimento de um capitalismo sustentável. À época, 23 empresas foram signatárias de um documento considerando adesão a estes pilares.

Cristianne Crucelli

Economista, Contadora, Executiva em Finanças Corporativas. Diretora Financeira para América do Sul e Governança da TE Connectivity do Brasil. Co-fundadora do W-CFO Brazil. Com mais de 28 anos de experiência nas áreas de Controladoria, Finanças estratégicas, M&A, Plant Controlling & gestão de desempenho fabril em empresas multinacionais renomadas. Atuado em diversos segmentos de negócios, indústria, serviços e varejo. Mentora do programa de aceleração Innovativa Sebrae.

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