Afinal, quem governa o país? 

Se avaliarmos o panorama político do Brasil referente a representatividade de grupos minorizados, mas que representam a maioria no país, como mulheres, pessoas negras, indígenas e LGBTQIA+, veremos que os obstáculos e caminhos percorridos para que estes grupos consigam ocupar espaços de poder, são pontos cruciais para a promoção da diversidade no cenário político brasileiro.

Posições políticas são frequentemente ocupadas pelos mesmos grupos, formados por homens brancos e cisgênero, grupos estes que muitas vezes não dialogam e não pensam em leis e políticas públicas capazes de mudar a realidade da maioria esmagadora da população, que simplesmente não se enxerga nos seus porta-vozes.

Como fazer com que a mudança aconteça?

Somente quando a diversidade ocupa o poder, é possível mudar a política. Como bem disse a deputada estadual de São Paulo, Érica Malunguinho, é preciso que haja uma alternância de poder pois sabemos que os grupos tidos como minorias não se veem representados em larga escala nos espaços de poder.

Se não houver diversidade no Congresso, nas Câmaras de Deputados, nas Assembleias Legislativas, as políticas públicas e as leis continuarão sendo feitas para poucos.

Embora a maioria da população brasileira (56 %) seja formada por negros (pretos e pardos), estes representaram apenas 27% dos eleitos em 2018. No Congresso Nacional, 17,8% dos parlamentares são negros, e juntando todas as cadeiras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, num total de 594, somente106 são ocupadas por pessoas negras. É inquestionável que a discriminação estrutural se reflete também no sistema eleitoral. (Correio Braziliense).

Representatividade, urgente!

Até aqui já entendemos que a diversidade de gênero e de raça que existe na sociedade brasileira não se reflete na política. De acordo com o IBGE, as mulheres representam 51% da população brasileira, porém apenas 15% ocupam as cadeiras no Congresso Nacional (Fonte: Mulheres Negras Decidem).

Se fizermos um recorte de raça, destas cadeiras 2% são compostas por mulheres negras e apenas em 2018 foi eleita a 1ª deputada indígena, Joênia Wapichana.

A busca pela representatividade tem seguido uma longa jornada para ocupar as cadeiras que compõem as 3 esferas de poder no Brasil – legislativo, executivo e judiciário. Porém muitas candidaturas enfrentam embargos financeiros durante este processo, além da violência política de gênero, racismo, assédio, homofobia e transfobia. A lista que somam tais arbitrariedades é longa e muitas vezes passa despercebida e sem receber as condenações devidas.

A pluralidade pulsante das Américas

Muitas mulheres têm se colocado na linha de frente para enfrentar essa batalha desigual que existe na política. Sejam negras, indígenas ou trans, elas decidiram ocupar lugares onde sua presença não é reconhecida de forma legítima, e por este motivo fez-se necessário criar leis que as assegurem o direito de falar, se posicionar e de existir.

A série Eleitas – Mulheres na Política” que se divide em 3 episódios – Mudança cultural, Violência política de gênero, e Paridade de gênero – é uma coprodução do Instituto Update, Quebrando o Tabu, Maria Farinha Filmes e Spray Content e teve sua estreia em 2020 no canal do Youtube do Quebrando o Tabu.Em um dos episódios aborda o tema sobre a histórica violência política de gênero na América Latina e a paridade em cargos públicos, como uma conquista das mulheres eleitas de se organizarem através da resistência.

O “Mulheres Negras Decidem”, é uma organização voltada para a promoção de uma agenda propositiva onde as protagonistas são mulheres negras, inseridas na política institucional. O objetivo principal é fortalecer cada vez mais a democracia no Brasil e suprir a carência de representatividade destas mulheres em todas as esferas do poder.

Sororidade e empatia entrelaçadas, para que não exista nem mais um dia onde suas falas sejam interrompidas.

Vozes que ecoam, vozes que transformam, vozes que representam

No último dia 2 de junho de 2022, o Projeto de Lei (PL 5.466/2019) que mudava a designação do Dia do Índio, celebrado em 19 de abril, para Dia dos Povos Indígenas, apresentado pela importante voz da deputada federal Joênia Wapichana, foi vetado integralmente pelo presidente da República. (Fonte: Agência Senado).

Vetaram justamente o PL que revoga o Decreto-Lei nº 5.540, de 2 de junho de 1943. Curiosidades à parteembora sejam 79 anos que separam estas leis, existe um infinito abismo entre elas que insiste em não reconhecer o verdadeiro significado de identidade e pertencimento que há no termo “indígena”, que significa originário, aquele que está ali antes dos outros; natural do lugar que habita.

Se não houver diversidade nos cargos e espaços políticos, não haverá vozes que garantam a promoção da democracia no Brasil. Afinal, somos um território vasto e extraordinariamente plural.

E esta pluralidade que nos abraça, dialoga muito com o tema do Prêmio Sim à Igualdade Racial 2022:  Nossas Vozes Não Param.

Quais são estas vozes? São vozes negras e indígenas, vozes de resistência que ecoam, transformam e representam. Seria possível calculá-las? De fato, não. Pois formam o coro das incontáveis vozes necessárias no presente e no futuro, capazes de transformar o panorama político, econômico e social do nosso país.

Carla Araújo

Carla Araújo é Analista de Comunicação no ID_BR – Instituto Identidades do Brasil, graduada em Letras Português – Inglês (UFF) com extensão em Fundamentos de Marketing em Mídias Sociais (PUC-Rio). É uma apaixonada pela escrita criativa e de impacto, alguém que enxerga no final da zona de conforto o lugar ideal para o recomeço e para os desafios. Gosta de escrever e compartilhar conteúdos relevantes, sobre cultura corporativa, atualidades, causas sociais, meio ambiente, diversidade e pauta racial. Na vida pessoal e no trabalho, é uma pessoa destemida, resiliente e que acredita no poder da oportunidade!

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