A partir do dia 26 de julho atletas do mundo inteiro se encontrarão nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Eu devo muito dos meus aprendizados ao esporte e acredito que todo mundo possa se beneficiar das experiências que serão testemunhadas durante as competições. Uma qualidade óbvia nos atletas olímpicos e que me servem de inspiração é a excelência. Para chegar ao nível de competitividade olímpica – entre os melhores do mundo – homens e mulheres precisam se dedicar constantemente, acreditar que é possível aprimorar suas habilidades e maximizar seus desempenhos.

Atletas olímpicos são reconhecidos pela alta performance, resultado de brilhantismo, inteligência e, na maioria das vezes, anos de treinamento e dedicação. Essa dedicação é quase sempre sinônimo de abdicação e, mesmo assim, apesar dos sacrifícios, o que se observa durante os jogos são condutas positivas, reações construtivas, ainda que não se alcance o topo do pódio. Você, com certeza, deve se lembrar de momentos olímpicos que te comoveram independentemente da conquista do ouro.

Em Sydney, nos anos 2000, Claudinei Quirino, Edson Luciano, André Domingos e Vicente Lenílson conquistaram a prata em uma disputa emocionante no revezamento 4x100m. O ouro polêmico ficou com a equipe norte-americana entre relatos de doping. De toda forma, não foi necessário o primeiro lugar para que os atletas brasileiros voltassem para casa como heróis. Atletas ensinam a celebrar trabalhos realizados com excelência, ainda que o resultado seja considerado uma “derrota”. Isso é dignidade.

Quando medalhistas olímpicos são entrevistados a respeito de suas conquistas, nós também ganhamos verdadeiras lições de disciplina. O prêmio representa longas horas de treinamento físico, técnico e mental. Como gestor, eu acredito que o exemplo desses atletas é fundamental para as futuras gerações, aspirantes ao esporte ou não. No mercado de trabalho, os jovens precisam desenvolver responsabilidade pelas tarefas atribuídas e prazos, pontualidade, comprometimento e empenho para alcançar metas pessoais e empresariais. Quando uma pessoa deseja se tornar disciplinada, ela desenvolve esses princípios naturalmente.

Outra qualidade menos óbvia que atletas desenvolvem no esporte é o respeito, porque é preciso desenvolver empatia pelo adversário e submissão às regras do jogo. Isso envolve, por exemplo, aceitar decisões arbitrárias e não tentar tirar vantagem. Quer ver um exemplo? Em 2004, em Atenas, Vanderlei Cordeiro liderava a maratona quando foi agredido pelo ex-padre irlandês Neil Horan. O impacto da agressão desconcentrou o brasileiro, que acabou ultrapassado nos quilômetros finais. Durante a prova, Vanderlei demonstrou resiliência para garantir a medalha de bronze e entrou no estádio olímpico sob gritos e aplausos dos presentes. Futuramente, Vanderlei chegou a apelar, mas não obteve sucesso. Respeito é uma das qualidades mais importantes no mercado de trabalho e também no mercado financeiro, tanto que incorporamos a expressão esportiva “fair play”, que significa jogar limpo, de acordo com as regras pré-determinadas.

Para nos encaminharmos para o fim deste artigo, eu gostaria de citar o espírito de equipe como inspiração para todos que traçam paralelos entre o esporte e o mercado de trabalho. Um dos objetivos dos Jogos Olímpicos é promover a integração entre os povos, melhorar o mundo, mostrando rivalidade apenas no esporte e amizade fora das disputas. As Olimpíadas visam o entendimento e os esportes coletivos são retratos de como é possível superar diferenças por um bem maior.

Um dos ouros mais impressionantes das Olimpíadas do Rio 2016 pertence à dupla Martine Grael e Kahena Kunze na vela. Empatadas com mais três duplas, elas tinham acabado de perder a segunda posição quando traçaram uma estratégia arriscada baseada na confiança que tinham uma na outra. Martine e Kahena tomaram um caminho diferente visando uma ultrapassagem perto da linha de chegada. A avaliação de risco foi tão precisa que elas cruzaram em primeiro lugar com apenas dois segundos de diferença da Nova Zelândia. Sem apoio, sem confiança, sem parceria, essa vitória seria impossível.

Para o mercado financeiro, o exemplo de Martine e Kahena é ainda mais significativo. Em entrevistas posteriores, a dupla revelou que fez uma leitura precisa do vento durante a prova e que a estratégia foi muito baseada em experiência e dados. Você, que toma risco no mercado de ações, já entendeu o que eu quero dizer. Vamos para mais uma edição dos Jogos Olímpicos e que ela possa recompensar os melhores atletas, te inspirar na sua vida pessoal e profissional como também me inspira. Essa é a minha torcida.

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