Tsunamis, incêndios, enchentes e aquecimento global são alguns dos efeitos das mudanças climáticas. Em uma classificação proposta pela TCFD (Task Force on Climate-related Financial Disclosures), estes são os Riscos Físicos (agudos ou crônicos), que devem ser vistos ao lado dos Riscos de Transição (político/legal, tecnológico e de mercado). E a coisa ficou tão séria que as organizações empresariais estão sendo convocadas, em todo o mundo, a reportar com o que contribuem e como se situam dentro desse processo de mudanças climáticas.

Empresas da Nova Zelândia já estão obrigadas a especificar seus riscos climáticos. Na União Europeia, um Grupo Técnico de Finanças Sustentáveis está responsável pela elaboração de relatório e de guias para as organizações locais se posicionarem. No Velho Mundo mais de 500 já fazem o reporte. No Reino Unido (hoje fora da UE) o “pratique ou explique” vai permeando as sociedades corporativas e estão sendo estabelecidas metas até 2025. Países como Chile e Canadá também correm atrás dos novos procedimentos.

Agora é a vez do Brasil. O Banco Central apoia a política de transparência, com base nas recomendações da TCFD, e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem consulta pública aberta, até 8 de março próximo, para que interessados enviem sugestões. Breve, o reporte climático deverá constar do Formulário de Referência (FRE). O CDP, ONG internacional que trata do assunto há 20 anos, está dando uma força para as companhias brasileiras. Traduziu o texto da Força-Tarefa para o português e elaborou um guia básico sobre o reporte. “Estamos trabalhando para a harmonização dos padrões de reporte que hoje são muitos: CDP, SASB, GRI, Dow Jones… O ideal é que tenhamos só um”, disse Lauro Marins, diretor do CDP (Disclodure-Insight Action), durante webinar promovida pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca).

RELATÓRIO

De acordo com pesquisa da B3 junto a investidores, as fontes de consultas mais utilizadas para a tomada de decisão de investimentos são o Relatório Anual e/ou de Sustentabilidade da companhia.

Em segundo lugar aparece o Formulário de Referência, como procedimento inicial de consulta. Entre os pesquisados, 25% preferem o formato do Relatório de Sustentabilidade.

GRI

Dos vários modelos de reporte adotados pelas companhias abertas, no Brasil o que tem mais adeptos é o GRI (Global Reporting Initiative). De acordo com o CDP, o GRI não é alinhado ao que propõe a TCFD em suas recomendações.

Daí esperar-se muito trabalho à frente, não só para ajustar um texto único como para se fazer a necessária mudança de cultura.

SUSTAINABILITY

A Suzano anuncia a captação de US$ 1,57 bilhão em financiamento vinculado a metas ambientais. Pelo contrato, a companhia se compromete a reduzir a intensidade da emissão dos Gases do Efeito Estufa e a captação industrial de água em 9,7% e 2,1%, respectivamente.

Este dinheiro será corrigido com a taxa Libor + 1,15% a.a., com vencimento em março de 2027. Se a companhia efetivamente cumprir as metas, ganhará desconto de 0,02% ao ano no custo contratado. A operação é conhecida como sustainability-linked loan, e a Suzano é uma das primeiras empresas do Brasil a fazê-lo.

IPO

Empresa de logística marinha e serviços ambientais, a Ocean Pact (ticker OPCT3) esperava captar em seu IPO de sexta-feira última o montante de R$ 920 MM em oferta secundária e mais R$ 300 MM na secundária, totalizando R$ 1,2 BI.

AÇÚCAR

A goiana Jalles Machado (JALL3) captou R$ 800 MM em sua oferta pública inicial, na B3. A companhia é uma das principais produtoras de açúcar e etanol no país.  

ENERGIA

Foi de R$ 773 MM o valor do IPO da Focus Energia (POWE3), na B3, também nesta última semana. A empresa é voltada ao mercado livre de energia e foi entusiasticamente saudada pelo presidente da Bolsa, Gilson Finkelsztain.

MOBILE

A Bemobi Mobile Tech (BMOB3) também estreou na B3, com um pouco de volatilidade, no dia 10 último. Ao final do pregão negociou papéis no volume de R$ 665 MM.

BDR

Pessoas físicas já podem diversificar investimentos em BDRs. A autorização, anunciada em setembro último e valendo a partir de agora, permite aos brasileiros comprar ações separadas de empresas como Amazon e Apple, por exemplo.

A B3 possui 40 BDRs lastreados em ETFs internacionais, mas por ora estão liberados apenas 11 para as pessoas físicas – por conta de burocracia, ou seja, os bancos depositários precisam traduzir todos os documentos e disponibilizar informações de cada BDR de ETF em português.

RECORDES

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) soltou seu primeiro Boletim de Mercado neste ano, mostrando que ações e Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) bateram recordes em 2020, em relação aos cinco últimos anos.

Ações somaram R$ 166 BI em emissões (frente a R$ 132 BI do ano anterior). Os IPOs foram em número de 27 (mais que o acumulado nos quatro anos anteriores).

No total, o valor das emissões de valores mobiliários – sob regulação da CVM –  foi de R$ 426,6 BI.

AUXÍLIO

Em frenética negociação com o Congresso (leia-se Centrão), o governo prepara o anúncio de novas parcelas do auxílio emergencial – enquanto a economia não deslancha e a miséria não retrai. De acordo com a Agência Estado, a notícia deverá sair logo após o Carnaval.

No puxa-estica de lá e de cá, a expectativa é que saiam 4 parcelas de R$ 250,00 perfazendo um montante aproximado de R$ 30 BI.   

PALMAS

A autonomia do Banco Central, que há anos vem sendo discutida e agora aprovada pela Câmara, é festejada por agentes do mercado. Uma das conjecturas é que a partir daí poderia ocorrer a redução do “Custo Brasil”.

Em nota à imprensa, Isaac Sidney, o novo presidente da Febrabran, comemorou.

Artigo

Meio Ambiente em prol da sociedade

(*) Edson Orikassa

Ao receber e aceitar o convite para desenvolver um artigo com o tema “Meio Ambiente e a AEA”, na mesma semana em que foi criada a diretoria de Meio Ambiente e indicado ao cargo, logo deduzi: a origem da AEA está ligada ao meio ambiente e por que até hoje a entidade não tinha uma diretoria específica para esse setor? Vamos por partes. Em 1983, para debater e formalizar o Programa Nacional do Álcool – Proálcool -, engenheiros automotivos, a pedido do Governo Federal, organizaram e promoveram, em Brasília, o Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva, o SIMEA. À época, os especialistas já pontuam o álcool hidratado como fonte energética automotiva, alternativa à gasolina, um combustível fóssil que, mais tarde, viria a ser contestado em todo o mundo.

O segundo aspecto, igualmente relevante, era (e é nos dias de hoje) a preocupação com o meio ambiente. Devo dizer – e os meus colegas, membros fundadores da entidade, ratificam – que a primeira edição do SIMEA não foi o suficiente para esgotar todos os debates e as formulações de propostas para o futuro automotivo do Brasil. O tema “álcool”, e todas as demais questões técnicas do setor automotivo brasileiro, precisava ter uma ordenação contínua. Foi por esse motivo que os engenheiros automotivos, que realizaram o SIMEA, também fundaram a AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, um ano depois, em 1984. Por isso, posso assegurar que a origem da AEA tem forte ligação com o meio ambiente. Nas duas décadas seguintes, até o início dos anos 2000, os engenheiros automotivos brasileiros foram protagonistas de outro movimento da indústria automobilística, com o desenvolvimento e a consolidação da tecnologia flex, cujo primeiro modelo viria a ser lançado em meados de 2003. Esse capítulo é fundamental porque, novamente, o Brasil saiu na frente no programa ambiental de sucesso ainda hoje, com a redução drástica de poluentes veiculares. A essa altura, caros leitores devem estar se questionando. “Então por que a diretoria de Meio Ambiente foi criada somente em 2021?” Embora a entidade – hoje com 20 diretorias –, nesses últimos 37 anos, tenha-se pautado sempre em mobilidade sustentável, ou seja, com foco nas melhorias do meio ambiente, não houve necessidade de formalização, circunstância que hoje se mostra inadiável porque vivemos momentos de abrupta transição, cenário no qual o nosso principal papel será o da transversalidade entre todos os temas técnicos em debate na AEA.

Independentemente dessa questão conceitual, o tema meio ambiente é debatido, nos dias atuais, ativamente pela AEA nos programas do Proconve L7, L8 e P8, Promot, Rota 2030 em eficiência energética e PCVE. E a nossa diretoria vai, hoje e no futuro muito próximo, oferecer suporte técnico às novas tecnologias sustentáveis como o híbrido flex, captura de carbono (W2W) e célula de combustível com hidrogênio de origem sustentável. Tudo isso no ambiente interno da entidade. Fora das quatro paredes da AEA, a diretoria de Meio Ambiente, em parceria com as autoridades governamentais, pretende “conversar” com todos os demais players da cadeia automotiva nacional e os órgãos reguladores, de modo que a pauta meio ambiente seja sempre em prol da sociedade civil.

(*) Edson Orikassa, 61 anos, é diretor de Meio Ambiente da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva). Também foi presidente em dois mandatos e outro como vice-presidente.

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