O fim de semana não foi nada tranquilo. Mais um conflito no Oriente Médio foi deflagrado no sábado (13), dessa vez com o Irã atacando Israel. Logo os mercados financeiros já começaram a segunda-feira com uma nova preocupação, à medida que muitas questões estão em jogo para saber se o ataque sem precedentes irá desencadear um ciclo de retaliações de ambos os lados.

Segundo reportagem do InfoMoney, com os investidores já preocupados com a inflação persistente e a perspectiva de taxas de juros mais altas por mais tempo, a escalada da crise do Oriente Médio tende a injetar nova volatilidade nas negociações.

Combustíveis e câmbio impactados no Brasil

Para estrategista de inflação da Warren Investimentos Andréa Angelo, o conflito deve impactar o petróleo e o preço dos combustíveis no Brasil diretamente via reajuste da gasolina e também pelo câmbio. “Caso o petróleo reaja com alta nos preços das commodities energéticas, poderemos ver um espaço ainda maior de defasagem da gasolina. Ou seja, preço interno menor que externo. E assim a Petrobras fique mais pressionada em realizar algum reajuste”, disse.

Outra preocupação, segundo Andréa, é o câmbio, que também é usado para cálculo da defasagem, acentua o movimento. “Fora isso, o câmbio impacta todos os bens duráveis, a inflação importada. Sobre impacto: a cada 10% de reajuste na refinaria -> 18 bps no IPCA”.

O estrategista-chefe da Warren, Sérgio Goldenstein, também destaca o câmbio. “O conflito no Oriente Médio pode afetar mais a taxa de câmbio caso haja um escalada das tensões envolvendo diretamente o Irã, o que poderia provocar um movimento de aversão a risco e valorização global do dólar. Caso o real continue se desvalorizado, isso geraria efeitos inflacionários e, consequentemente, poderia prejudicar o ciclo de queda de juros que está sendo promovido pelo Banco Central”, comenta.

Selic – Além disso, Sérgio chama a tenção para a Selic. Apesar de mediana das expectativas dos economistas para a taxa Selic terminal ser de 9,0%, o mercado de juros futuros já precifica uma Selic final na casa de 10/10,25%. Ele ainda destaca que “outro risco seria uma nova escalada do petróleo, devido aos seus efeitos sobre a inflação global e local. Se o BC encerrar o ciclo com uma taxa Selic num patamar ainda bem restritivo, isso geraria efeitos negativos sobre o mercado de crédito e a atividade doméstica”.

Petróleo aumenta até quanto?

O preço do petróleo, que já inclui um prêmio de risco de cerca de US$ 10 por barril, deverá subir, de acordo com Iman Nasseri, gestor para o Médio Oriente da consultoria FGE em entrevista ao InfoMoney. de acordo com ele, a commodity pode avançar outros US$ 2 a US$ 5 por barril devido à preocupação com novas represálias israelenses ou interferência iraniana no transporte marítimo ao redor do Golfo Pérsico, disse ele.

“Embora o conflito no Médio Oriente ainda não tenha tido qualquer impacto na produção, os ataques no Mar Vermelho perpetrados pelos Houthis, apoiados pelo Irã, perturbaram o transporte marítimo. A maioria dos comerciantes teme que um conflito cada vez maior possa interromper o transporte de petroleiros do Golfo Pérsico através do Estreito de Ormuz”, diz a publicação.

(Com informações InfoMoney)

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