Generalizar nunca é boa coisa. A vida nos ensina isso e repete, dia a dia, das mais sofisticadas às mais simples performances – independentemente do setor, do país ou da época em que acontece. Você, que acompanha os mercados (financeiro, de grãos, produção industrial etc), quantas vezes já ouviu, ou leu, a palavra greenwashing? É o famoso “ambiental para inglês ver”.

Não à toa, o português Antônio Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas, criou no final do primeiro trimestre deste ano um grupo chamado “High Level Expert Group on the Net-Zero Emissions Commitments of Non-State Entities”, integrado por 18 especialistas do mundo todo, incluso o brazuca Joaquim Levy que entende a necessidade de se ter metas ambiciosas. Para este ex-ministro (que também passou pelo Tesouro Nacional, BNDES e Banco Mundial), considerado um Chicago Boy, as empresas devem ser mais transparentes em relação às suas metas de descarbonização.

Objetivo do grupo, que tem membros da China, Estados Unidos e Índia (países líderes em emissão de Gases do Efeito Estufa), entre outros, é criar padrões de reporte para se evitar o greenwashing e se manter a perseguida integridade ambiental. Em um mundo em que até a lojinha de celulares e a farmácia da esquina anunciam suas “políticas ESG” – sem generalizar, mas apenas constatando –, não será tarefa fácil separar o que de fato se aplica ao discurso encetado.

Crendices e convicções à parte, se não chegarmos ao céu, em breve, precisamos evitar cair de vez no inferno. Ao menos o “inferno climático”, pois, de acordo com o próprio Guterres, a Humanidade caminha célere ao “suicídio coletivo” (com as emissões aumentando) e os países, com suas abençoadas e maravilhosas empresas, precisam cooperar na redução das emissões. “Estamos em uma corrida contra o tempo (para limitar o aquecimento em 1.5ºC) e a estamos perdendo”, sintetizou o secretário-geral da ONU.

Que se honre o compromisso assumido pela implementação, descartando-se, de vez, a embromação.

PRÁTICA

Discursos, em um evento como a COP 27, são lapidares. Logo, as promessas podem ser vãs – como, aliás, têm sido recorrentes ao longo da história. O fato é que a bomba está armada e se faz necessário criar mecanismos, urgentes, para desativá-la. Este é o papel dos líderes políticos no mundo.

Joe Biden garantiu que os Estados Unidos cumprirão as metas de redução de gás carbônico até 2030. Em discurso, anunciou US$ 11,4 BI de ajuda aos países mais afetados.

GEOGRAFIA

Destaque para o texto que segue:

“Uma característica das emissões é que elas não seguem um padrão geograficamente equitativo. Historicamente, Europa e EUA foram os maiores responsáveis pelas emissões de GEEs mundiais, embora hoje economias emergentes respondam por uma parcela cada vez mais relevante delas – a China se destaca como o maior emissor atualmente”.

Mas, visto pelo lado do consumo…

“É preciso considerar que os bens produzidos nas economias emergentes são em grande parte consumidos em outras partes do globo” – diz a News Letter do BNDES, em material recém-produzido. E continua: “Se as emissões forem atribuídas aos consumidores (emissões per capita anuais), os EUA são responsáveis por um consumo de 22,5 toneladas de CO2e, seguidos por Europa Ocidental (13,1 tCO2e), Oriente Médio (7,4 tCO2e), China (6 tCO2e), América Latina (4,4 tCO2e), Sudeste Asiático (2,2 tCO2e) e África (1,9 tCO2e), segundo estudo de Chancel e Piketty (2015)”.

RENOVÁVEL

Novos caminhos para a redução do impacto climático são apontados com frequência. Um deles é o da expansão do uso de energia renovável. E para não perder o bonde… representantes da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) devem se encontrar com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, a fim de apresentar uma série de propostas para a inclusão da fonte solar como ferramenta estratégica ao desenvolvimento social, econômico e ambiental do País.     

A ampliação do prazo para o cumprimento das regras previstas na Lei 14.300/2022 (criação do marco legal da geração própria de energia renovável) será um ponto a ser levado, com a justificativa de “descumprimento, por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e das concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica com contratos de concessão no Brasil, de regras e prazos estabelecidas na lei, o que tem acarretado inúmeros atrasos e dificuldades para os consumidores brasileiros”, alega a associação.

A ABSOLAR integra o pavilhão das fontes renováveis, o Wind and Solar Pavilion, iniciativa do Conselho Global de Energia Solar (GSC) e do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC), e conta com três representantes na COP 27, no Egito.

POSTERGAÇÃO

Lembra da expressão “empurrar com a barriga”? Então… os senadores Guaracy Silveira (PP/TO) e Zequinha Marinho (PL/PA) pediram vistas do substitutivo do PL 412/2022, que regulamenta o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE). O texto foi apresentado pelo relator na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Tasso Jereissati (PSDB/CE). Comenta-se pela Casa que os dois senadores, da base atual do governo, estão alinhados à bancada do agro e pretendem esticar os debates na CAE, antes que o projeto seja devidamente entregue à Comissão de Meio Ambiente (CMA), a quem cabe a análise de mérito.

Com isto, a normatização do Mercado Brasileiro de Carbono fica para depois…

FÓRUM ESG

A Associação de Investidores do Mercado de Capitais (AMEC), Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e a Bolsa de Valores do Brasil (B3) promoverão webinar – transmitido pela plataforma Zoom – para discutir referencial global de reporte de sustentabilidade, atendendo às necessidades dos investidores na avaliação do valor das companhias.

Temas como informações financeiras vinculadas à sustentabilidade e ao clima estarão em pauta. O evento, nomeado Fórum ESG Investidor&Empresa, será no dia 22 próximo e as inscrições deverão ser feitas pelo email [email protected] ou pelo telefone (11) 3107.5557.

ESTRATÉGICA

Tão importante quanta as discussões plenárias da COP 27 será o encontro de Biden com Xi Jinping, neste dia 14 (segunda-feira), no balneário Sharm el-Sheikh, no Egito.

É reunião aguardada pelo mundo inteiro, por se tratar dos líderes das maiores potências econômicas e militares do globo. Fontes diplomáticas falam em “manejar responsavelmente as rivalidades”, como pauta deste primeiro encontro pessoal entre eles.

COP e COPA

A COP 27 termina dia 18 deste mês. No meio deste calendário, dias 15 e 16, se realizam os encontros do G 20 (reunindo representantes das maiores economias do mundo, na paradisíaca Bali (Indonésia).

Vladimir Putin será representado por Lavrov, o chanceler russo, e o Brasil, ainda trôpego no cenário internacional, deverá ter o chanceler Carlos Alberto França, em lugar de Jair Bolsonaro.

Já no dia 20 será a vez do Qatar monopolizar os holofotes, com a abertura da Copa do Mundo de Futebol. Uma vez mais, Bolsonaro estará fora das quatro linhas, assistindo tudo de seu confortável sofá.

DÍVIDA

No terceiro trimestre de 2022, os títulos de renda fixa corporativos, registrados na B3, que incluem Debêntures, Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI)e Notas Comerciais, totalizaram o valor de R$ 1,2 trilhão em estoque. O número é 59% maior do que o registrado no mesmo período de 2021.

As Debêntures são os títulos que registraram maior volume no período, com o estoque do produto chegando a R$ 996,9 bilhões – , o que representa aumento de 59% em relação ao terceiro trimestre de 2021. Se comparado ao segundo trimestre de 2022, o estoque do produto cresceu 18%.

SECUNDÁRIO

De acordo com a B3, o mercado secundário de títulos corporativos seguiu a mesma tendência (positiva) de crescimento do primário e registrou expansão de 37% em relação ao mesmo período de 2021, atingindo o valor de R$ 2,1 bilhões de média diária de negociação.

PLÁSTICO x COMIDA

Cubatão, cidade encravada na Serra do Mar, entre Santos e São Paulo, recebeu mais uma edição do projeto Plastitroque, da Braskem. A ação de coleta de recicláveis em troca de itens de alimentação e higiene contou com a participação de 300 pessoas, resultando no total de meia tonelada de resíduo plástico arrecadada e 108 kits de produtos distribuídos aos cidadãos.

Os resíduos coletados foram destinados à Cooperativa ABC Marbas, parceira do Ser+, iniciativa que promove inclusão social e o desenvolvimento socioeconômico dos trabalhadores da reciclagem e que também é desenvolvida pela companhia.

O programa Plastitroque busca gerar conscientização sobre a importância do descarte correto de materiais recicláveis, com foco nos plásticos e incentivar a reutilização e a reciclagem por meio de coleta seletiva, formando um ciclo sustentável através da economia circular.

FERROVIA

No dia 25 próximo, das 13h15 às 14h45, o 29° Congresso e Mostra Internacionais de Tecnologia da Mobilidade SAE BRASIL realizará o painel “Descarbonização, caminho sem volta no engajamento às práticas ESG”

Com mediação de Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, o encontro reunirá nomes de peso no setor, como Alessandro Gama, Diretor-executivo de Operações da VLI Logística, Daniela Ornelas, vice-presidente de Produtos e Engenharia da Wabtec, e Rodrigo Cordeiro, gerente de Engenharia de Desenvolvimento da GreenBrier Maxion.

Os executivos levarão suas respectivas visões sobre como o setor ferroviário tem passado por importantes transformações em termos tecnológicos e, paralelamente, mostrado vocação na busca por soluções ligadas às mudanças climáticas e à pauta ESG.

GRANA

A Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) anuncia a contratação de um empréstimo de R$ 500 milhões, por meio de Nota de Crédito à Exportação, junto ao Banco Rabobank Brasil. Os recursos obtidos serão convertidos em investimentos na malha da FCA, que transporta produtos de diferentes segmentos da economia brasileira – como agricultura, construção civil e siderurgia – por sete estados, para abastecimento dos mercados interno e externo.   

“O acesso a crédito competitivo para investimentos na malha da FCA é sinal da boa gestão financeira praticada pela VLI e os nossos investimentos garantem eficiência ao transporte de cargas”, afirma o CFO e diretor de relações com investidores da VLI, Fábio Marchiori.  

OCEANO

Anote: O “Prêmio Marta Vannucci para Mulheres na Ciência do Oceano” vai acontecer neste dia 16 (quarta-feira). Idealizado pela Cátedra UNESCO para Sustentabilidade do Oceano – ligada ao Instituto Oceanográfico e Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) –, e pela Liga das Mulheres pelo Oceano, o prêmio incentiva a equidade de gênero no avanço de uma ciência justa, equilibrada, criativa e produtiva.

Além disso, tem o propósito de fortalecimento a participação de mulheres na ciência, inspirado na trajetória e pioneirismo da bióloga Marta Vannucci (1921-2021 – bit.ly/martavannucci).

Premiação será às 13h deste dia 16, em formato híbrido, presencialmente no IEA USP e online em: www.iea.usp.br/aovivo

NEUTRALIZAÇÃO

A SMARTie Carbonplataforma de comercialização de créditos de carbono do Grupo Solví, foi a fornecedora oficial do Grande Prêmio de São Paulo 2022 de Fórmula 1 para neutralização da pegada de carbono. A parceria estima que aproximadamente 5 mil créditos de carbono foram compensados no evento realizado neste último domingo, por meio de créditos gerados pela UVS (Unidade de Valorização Sustentável) Essencis Caieiras, do Grupo Solví, ecoparque instalado no mesmo estado que sediou o evento (São Paulo).

“A neutralização de emissão de carbono do Grande Prêmio de SP corresponde à uma esfera de 171 metros de diâmetro, e que pode ser comparada a um prédio de 57 andares. Esta ação é muito importante para o meio ambiente e para o estado de São Paulo, demonstrando na prática o compromisso da organização do evento com a sustentabilidade. E para nós da SMARTie Carbon e do Grupo Solví é uma honra fazer parte deste movimento”, comentou a Head de Inovação Aberta e Sustentabilidade do Grupo Solví, Ariane Mayer.

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