O dia foi de recuperação em alguns mercados acionários e outros segmentos como petróleo, minério e agrícolas. A Ásia começou com boa alta e Europa registrou boa alta logo cedo revertendo para queda, mercado americano e Bovespa trabalharam também alta. Mas, nem de longe as valorizações conseguiram apagar as perdas da véspera.
Do ponto de vista do coronavírus, a situação acalmou ainda mais na China, mas segue em expansão no resto do muito, conforme estava sendo previsto. Os investidores ficaram tentados a buscar risco e comprar ações que tinham cedido muito, esperando de um lado que bancos centrais e governos ajustem a política monetária e fiscal no sentido de estimular e minimizar o impacto do vírus, e de outro aguardando a movimentação dos atores na disputa sobre o preço do barril de petróleo no mercado internacional.
A Arábia Saudita, via a gigante petroleira Aramco, disse que vai expandir a produção até 12,3 milhões de barris/dia (BPD) em abril e a Rússia em represália disse que pretende ampliar sua produção rapidamente. Logo em seguida, a Rússia declarou que está fazendo uma reunião com empresários do setor para ver como pode ajudar a OPEP e acalmar os mercados. Certamente no meio do caminho deve ter havido pressão de outros países dependentes do petróleo para girar suas economias.
Ainda no exterior, países e organismos multilaterais se mobilizam para ajudar empresas que foram afetadas pelo coronavírus. Japão, Austrália e EUA estão nessa lista e outros ainda entrarão. A Itália planeja elevar o déficit fiscal em 2020 para mais de 2,5% do PIB para minorar impacto. Apesar de todos os esforços, as previsões de crescimento global e específico não param de cair. O Bank of America reduziu a projeção de PIB global para 2,2% (de 2,8%), da China para 4,6% (de 5,2%) e a zona do euro praticamente estagnada em +0,2%.
O presidente Trump voltou a reclamar da postura do FED dizendo que é patético na atuação e deveria estar à frente de concorrentes e quer a suspensão de impostos sobre a folha de pagamento até a eleição. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 11,18%, com o barril cotado a US$ 34,61. O euro era transacionado em queda para US$ 1,13 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,70%. O ouro e a prata tinham quedas na Comex e commodities agrícolas com comportamento de alta na Bolsa de Chicago. O minério de ferro também observou alta de 4,70% na China, com a tonelada encerrando em US$ 92,09.
No segmento doméstico, o IBGE anunciou a produção industrial de janeiro com expansão de 0,9%, mas em 12 meses encolhendo 1%. Bens de capital tiveram alta em janeiro de 12,6% e bens de consumo com +0,4%. A produção industrial cresceu em 17 de 26 ramos considerados. Destaque negativo para a indústria extrativa (Brumadinho afetou) com queda de 15% no comparativo entre os meses de janeiro e positivo para os setores que foram mal no mês anterior. Fato é que a indústria opera 17,1% abaixo do pico de produção de setembro de 2011. De qualquer forma, a produção de janeiro perde importância pelos efeitos que virão do coronavírus.
Do lado político, o presidente da Câmara cresceu sobre o Executivo dizendo que é preciso que o governo venha a público e anuncie sua agenda e que é preciso organizar as despesas públicas antes de retirar o teto de gastos. Maia disse que segue aguardando o encaminhamento das reformas que o governo vem atrasando.
Também se falou bastante que a PEC emergencial seria via expressa para aprovação de medidas. Já a ANEEL propôs a redução das bandeiras tarifárias e isso vai reduzir ainda mais a inflação prevista.
No mercado local, os DIs tiveram dia de queda dos juros e o dólar encerrou com queda de 1,63% e cotado a R$ 4,647, depois de o Bacen ter realizado operação de US$ 2 bilhões. No mercado internacional, dia de queda da Bolsa de Londres de 0,09%, Paris com -1,51% e Frankfurt com -1,41%. Madri e Milão com quedas de 3,21% e 3,28%. O Dow Jones observou alta de 4,88% e Nasdaq com +4,95%. Na Bovespa, dia de alta de 7,14% e índice em 92.214 pontos.
Na agenda de amanhã teremos a primeira prévia do IGP-M de março, a inflação oficial pelo IPCA de fevereiro e o fluxo cambial. Nos EUA, a inflação pelo CPI (consumidor) de fevereiro e estoques de petróleo e derivados.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado