Segundo dia bem positivo para os principais mercados acionários do mundo, e também de melhor comportamento de outros segmentos como commodities (exceto petróleo), e principalmente o mercado de câmbio. Na nossa interpretação, os mercados vão se afastando daquela zona de pânico de semanas anteriores com circuit break e índice do Medo na estratosfera, ganhando maior equilíbrio e aparando excessos.

Mas notem que essa é uma avaliação mais de curto prazo, e em função da melhora da curva de contágio e óbito pelo Covid-19. Se tivermos uma segunda onda como pressupõem alguns infectologistas, a volatilidade acentuada nos mercados pode voltar, mas possivelmente não aquela atitude de pânico.

O dia foi mais ao estilo que gostamos para os mercados, se bem que abriu muito forte. Mas ao longo do dia a alta dos mercados da Europa, EUA e Brasil foram sendo mantidas, e permitindo até algumas realizações de lucros recentes razoavelmente bem absorvidas. Afinal, da mínima atingida em 61.690 pontos, chegando a uma máxima hoje em 79.855 pontos, com recuperação de 29,4%, que mesmo considerando as quedas recentes, não pode ser desprezada. Próximos, novamente, da situação de bull market.

Motivo da melhora se relaciona com a desaceleração da curva de contágio pelo Covid-19 e mortes, as providências adotadas aos montes por governos, bancos centrais e organismos multilaterais, os recursos começando a fluir para quem realmente necessita; e ainda de quebra a perspectiva de algum acordo na reunião da OPEP+ que acontece em 9/4, seguida de reunião do grupo G-20.

No cenário internacional, o secretário do Tesouro americano Mnuchin declarou que o presidente Trump avalia como e quando reabrir a economia e na Alemanha, a perspectiva é que isso comece a acontecer após a Páscoa.

Outros países também já se movimentam para começar a flexibilizar tentativamente algumas regiões e negócios. Com relações a medidas recentemente tomadas na área financeira, o BCE (BC europeu) anunciou pacote “sem precedente” para mitigar o aperto financeiro, aceitando tomar empréstimos de menor qualidade, em moedas estrangeiras e se permitindo reavaliar isso até o final do ano de 2020.

O IIF (Institute of International Finance) divulgou que a dívida global pode chegar no final do ano em 342% do PB mundial (impagável em prazo longo), e que em 2019 essa dívida teria crescido US$ 10 trilhões, atingindo US$ 255 trilhões. A União Europeia destinou 15 bilhões de euros para ajudar países fora do bloco.

No mercado internacional, o petróleo WTI que começou o dia em alta acabou revertendo fortemente para queda, depois de relatório do Departamento de Energia americano identificar oferta maior que a demanda, no menor nível em mais de 30 anos. O óleo WTI em NY era transacionado então em queda de 7,13%, com o barril em US$ 24,22. O euro era transacionado em alta para US$ 1,09 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros 0,75%. O ouro em queda e prata em alta e commodities agrícolas com comportamento misto.

Aqui o ministro Onyx e o presidente da Caixa deram várias entrevistas sobre cadastramento de pessoas para receberem auxílio emergencial, e já tinham mais de 10 milhões. O IBGE anunciou que as vendas no varejo tiveram expansão de 1,2% em fevereiro, bem maior que o previsto e no ano, expansão de 3%. O varejo ampliado também mostra alta no ano de 3,4%, mas tudo isso perde o sentido diante do impacto do Covid-19.

Rodrigo Maia disse querer substituir o projeto de Mansueto por um PL para adaptar às necessidades de curto prazo e o Senado só vai votar o orçamento de guerra segmentando gastos em 13/4. Hoje o presidente esteve quieto e a polêmica girou ainda em relação ao ministro da Educação e sua “brincadeira” com a China.

No mercado, dia de DIs com comportamento de queda e dólar também em nova queda e atuação do Bacen fechou com -1,25% e cotado a R$ 5,226. Na Bovespa, na sessão de 3/4, os investidores estrangeiros voltaram a sacar recursos no montante de R$ 1,3 bilhão, deixando o saldo negativo de abril em R$ 2,4 bilhões e o ano com saídas líquidas de R$ 66,7 bilhões.

No mercado acionário, dia da Bolsa de Londres em alta de 2,06%, Paris com +2,12% e Frankfurt com +2,79%. Madri e Milão com altas de respectivamente 2,30% e 2,19%. No mercado americano, o Dow Jones afrouxando um pouco na parte da tarde e encerrando com -0,12% e Nasdaq com -0,33%. Na Bovespa, dia de alta de 3,08% e índice em 76.358 pontos. Na máxima do dia chegamos a 79.855 pontos.

Na agenda de amanhã, teremos o IPC-S da primeira quadrissemana de abril e a primeira prévia do IGP-M; além da produção industrial de fevereiro e o fluxo cambial da semana anterior. Nos EUA, os estoques de petróleo e derivados da semana anterior e a ata da última reunião do FED.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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