Ontem a Bovespa encerrou tecnicamente estável, com alta de 0,01% e índice em 100.552 pontos, mas na máxima atingindo 101.585 pontos. O dólar também fechou estável, cotado a R$ 5,605. Nos EUA, o Dow Jones fechou com queda de 0,35% e o Nasdaq com -0,28%. O dólar no mercado internacional teve dia de fraqueza.
Hoje mercados da Ásia terminaram o dia com quedas, Europa operando também em queda nesse início de manhã e futuros do mercado americano no campo negativo. Aqui, seria bom não perdermos novamente o patamar de 100 mil pontos do Ibovespa e ganhar maior consistência para os objetivos em 103 mil /105 mil pontos. O petróleo em alta no mercado internacional recuperando de perdas fortes ontem, pode ajudar.
Motivo da fragilidade dos mercados na sessão de hoje não é nenhuma novidade. Aumento da contaminação por covid-19 alongando prazo de recuperação da economia global e a novela com relação ao pacote de estímulo fiscal americano, que vai acabar saindo, mas demora muito. A Casa Branca diz aceitar pacote da ordem de US$ 1,9 trilhões, mas Trump disse não ver meios de Pelosi e Schumer aceitarem o acordo. Trump também declarou que vai ganhar a eleição e seguir reduzindo impostos e regulações. Mas pesquisa indica que Biden ampliou diferença para 12% no estado de Michigan. Crucial a performance dos candidatos na Flórida e Pensilvânia.
Bullard, presidente do FED de St. Louis, disse que os EUA vão crescer mesmo sem pacote fiscal. Mas certamente seria mais lento, como demonstraram os dados do Livro Bege ontem. Na Alemanha, o índice GFK de confiança do consumidor de novembro encolheu 3,1 pontos (previsão era -3 pontos), vindo de queda anterior de 1,7 pontos.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava leve alta de 0,30%, com o barril cotado a US$ 40,15, depois de forte queda de quase 4% na sessão de ontem. O euro era transacionado em queda para US$ 1,184 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,81%. O ouro e a prata com quedas na Comex e commodities agrícolas com viés de queda na Bolsa de Chicago.
Aqui, ainda muitos ruídos por conta da decisão de Bolsonaro de vetar a compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa e qual será o futuro do ministro da Saúde atacado também pela covid-19. Tivemos ainda novo enrosco entre a equipe econômica e o ministro Rogério Marinho, em função do marco regulatório do saneamento ser benevolente com investimentos de empresas já instaladas. O presidente do Senado, Alcolumbre, adiou votação da independência do Bacen e remarcou para 3/11. Pretende ainda avaliar vetos de Bolsonaro no saneamento e desonerações em 4/11.
O Tesouro Nacional e Bacen têm hoje novo teste com a colocação de títulos (LTN, LFT e NTN-F), rolagem de 12 mil contratos de swap cambial e operações compromissadas. A agenda do dia é fraca aqui e no exterior, e os olhos estarão voltados novamente para o pacote americano e o último debate entre Trump e Biden que ocorre 22 horas de Brasília.
Expectativa para o dia com a Bovespa abrindo fraca (pacote vai direcionar) dólar em queda e juros dependendo da atuação do Bacen e Tesouro.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado