O dia começou mostrando que os mercados acionários poderiam ter um dia de realizações. Só lembrando que em duas sessões a Bovespa registrou recuperação de 17,9%. A Europa começa o dia com quedas, assim como os futuros do mercado americano. Eis que ainda no início da manhã o presidente do FED Jerome Powell deu entrevista, e tudo começou a mudar para melhor.

Jerome Powell declarou que o FED iria apoiar o fluxo de crédito na economia com os empréstimos que forem necessários diante da situação única de pandemia pelo coronavírus. Acredita também em recuperação rápida da economia depois da passagem do vírus e que os EUA possivelmente já estavam em recessão, mas que a partir do terceiro/quarto trimestre já recuperando. Encerrou sua declaração dizendo que o FED não vai ficar sem munição.

Ainda por lá, a presidente da Câmara Nancy Pelosi que prepara para votar o pacote de US$ 2 trilhões, disse haver bom entendimento dos parlamentares dos dois partidos, e em seguida indo para sanção de Trump. O secretário do Tesouro Mnuchin também disse que as grandes empresas estão fazendo o possível para manter seus funcionários, e talvez seja preciso ajudar as empresas do setor aéreo comprando ações e recapitalizando.

Nos EUA tivemos a divulgação do índice de atividade industrial de Kansas de março em queda para -18 pontos, de anterior em +8 pontos. A nova leitura do PIB do quarto trimestre foi de taxa anualizada de 2,1%, igual ao previsto. E a inflação medida pelo PCE (deflator de preços ficou em 1,4%, com núcleo em 1,3%. O déficit da balança comercial de fevereiro caiu 9,2% para US$ 59,9 bilhões. Porém, o que deixou todos perplexos foi a expansão de três milhões de pedidos de auxílio-desemprego na semana anterior, indo para 3,3 milhões, mas que não deve ser levado em conta pelo coronavírus e recursos que o governo vai encaminhar aos cidadãos.

O grupo do G-20 também declarou que fará o necessário para superar a crise e que os países juntos já injetaram US$ 5 trilhões na economia global. Além disso, mais medidas podem ser adotadas, se necessário. Na China, o governo quer impulsionar a venda de carros na retomada da economia. O FED anunciou que vai esticar o prazo para que os bancos pequenos atendam às exigências regulatórias. Já o BOE (BC inglês) manteve a política monetária estabilizada, com juros em 0,10% e compra de ativos no montante de 645 bilhões de libras.

A AIE, Agência Internacional de Energia, sinalizou queda livre na demanda por petróleo, e com isso empurrou as cotações do óleo ladeira abaixo no mercado internacional. O petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 7,76%, com o barril cotado a US$ 22,59. O euro era transacionado em alta para US$ 1,103 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,80%. O ouro em alta e a prata em queda na Comex e commodities agrícolas majoritariamente com quedas na Bolsa de Chicago.

Aqui tivemos a divulgação do RTI (relatório trimestral de inflação) com mudanças de projeções significativas. A inflação na visão de mercado em 2,6%, PIB caindo para zero (deve ser bem pior) vindo de +2,2% déficit em conta-corrente de US$ 41 bilhões (de US$ 57,7 bilhões e IDP (investimento direto no país) encolhendo para US$ 70 bilhões, de anterior em US$ 80 bilhões. A coletiva de Campos Neto foi bem dentro do RTI, mas deixou a sensação de que não vão mexer na Selic até a próxima reunião, quando então pode retroceder 0,50%.

O IBC-Br de janeiro veio com alta de 0,2%, e contra igual período de 2019 com expansão de 0,69%. Ainda assim, sem os impactos do coronavírus, fraco. O pior ainda está por vir com todas as projeções indicando recessão em 2020 e em alguns casos atingindo estimativa de -5%. Mas nesse momento tem certa convergência para contração do PIB pouco acima de 2%.

A Petrobras também deu coletiva para explicar reduções de investimentos e cortes na política de pessoal e ainda postergar o dividendo que seria pago agora para o mês de dezembro. Além disso, fará corte de 100 mil barris/dia nesse mês de março. Rodrigo Maia projetou que será preciso recursos da ordem de R$ 400 bilhões para enfrentar a crise.

No mercado, os DIs tiveram dia de queda de juros para os principais vencimentos e o dólar encerrou com -0,71% e cotado a R$ 4,997. Na Bovespa, na sessão de 24/3, os investidores estrangeiros alocaram recursos no montante de R$ 371,3 milhões, com as saídas de março em R$ 20,4 bilhões e no ano com retiradas líquidas de 60,6 bilhões.

No mercado acionário, a Bolsa de Londres mostrou valorização de 1,46%, Paris com +2,42% e Frankfurt com +1,14%. Madri e Milão com altas de respectivamente 0,87% e 0,73%. No mercado americano, dia de Dow Jones com +6,38% e Nasdaq com +5,60%. Na Bovespa, muita oscilação e o fechamento com +3,67% e índice em 77.709 pontos.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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