A semana começou com a notícia de novas vacinas sendo testadas e com larga eficiência pela Pfizer e Biontech, além da vacina chinesa em consórcio com o Brasil, onde chegaram vacinas para serem testadas aqui. Isso acabou motivando os investidores que passaram a relevar todos os problemas de retorno do contágio notadamente nos EUA, onde Trump diz que o aumento de infectados se deve aos massivos testes realizados e ao fato do médico Fauci ser alarmista, apesar de muito competente.
Também podemos juntar o fato de os republicanos estarem conversando com Trump sobre o pacote de estímulos do parlamento americano. Mas tanto Trump como Mnuchin, secretário do Tesouro, querem mais um pacote de estímulos fiscais, e até o final desse mês. É como temos dito, vamos ter nova rodada de estímulos nos principais países desenvolvidos. Outra evidência disso ocorreu durante a tarde e acabou acelerando mais um pouco os mercados, ao ponto do Ibovespa ter ultrapassado os 104 mil pontos.
O presidente do Conselho Europeu se mostrou otimista com a aprovação de uma nova proposta para o fundo de recuperação econômica da zona do euro. Isso depois de um final de semana de longas discussões e sem ser possível acordo, com a Áustria, Dinamarca, Holanda e Suécia; sendo contra.
Do lado negativo, a China sinalizou com ameaças de retaliar a empresas Nokia e Ericsson, se a gigante de tecnologia Huawei for barrada na União Europeia, nos moldes do que fez o Reino Unido. Aliás, o Reino Unido suspendeu o acordo de extradição com Hong Kong, por conta da implementação pela China do Plano de Segurança Nacional em Hong Kong.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY reverteu tendência de queda do início da manhã e operava em alta de 0,54%, com o barril cotado a US$ 40,81. O euro era transacionado em leve alta de 0,12% e cotado a US$ 1,144 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,62%. O ouro e a prata operavam com altas na Comex e commodities agrícolas com viés mais para positivo na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China fechou com queda de 0,70%, com a tonelada cotada em US$ 109,54.
No segmento doméstico, a nova pesquisa semanal Focus do Bacen veio novamente com poucas alterações e para melhor. Inflação mantida para o ano em 1,72% assim como a Selic em 2% e dólar cotado no final do ano em R$ 5,20. O PIB projetado melhorou para queda de 5,95%, de projeção anterior em -6,10%. A produção industrial também melhorando para contração de 7,86%, de anterior em -9,0%. As contas externas melhorando com o saldo da balança comercial mostrando superávit de US$ 55,15 bilhões, quando a previsão anterior era de US$ 54 bilhões.
No mercado foi dia de vencimento de opções para o prazo de julho, com volume de exercício de R$ 12 bilhões, sendo que R$ 10,2 bilhões em opções de compras. Já o CDS Brasil mostrava queda para 225 pontos. O dólar encerrou o dia com queda de 0,65% e cotado a R$ 5,345. Na Bovespa, no entanto, na sessão de 16/7, os investidores estrangeiros voltaram a retirar recursos no montante de R$ 411,3 milhões, deixando o mês de julho com saídas de R$ 6,16 bilhões e o ano com saídas líquidas de R$ 82,67 bilhões.
No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 0,46%, mas Paris com alta de 0,47% e Frankfurt com +0,99%. Madri e Milão registraram altas de respectivamente 0,51% e 0,99%. No mercado americano, dia de Dow Jones revertendo queda e fechando em +0,03% e Nasdaq com +2,51%, com o setor de tecnologia novamente pressionado na compra, diferente da semana anterior de realizações. Na Bovespa, dia de alta de +1,49% e índice fechando em 104.426 pontos, apenas 8 pontos abaixo da máxima do dia.
Na agenda de amanhã nenhum indicador de relevância, apenas o índice nacional de atividade de Chicago referente ao mês de junho. Portanto, vamos ficar ao sabor das notícias relacionadas a covid-19, a criação de um novo fundo de recuperação na Europa e o noticiário político interno.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado