Os investidores pioraram de humor ao longo da sessão de hoje nos principais mercados acionários do mundo, diante da expectativa de novas restrições de contato social em alguns países da Europa, como Inglaterra e Escócia, além dos novos recordes de contágio nos EUA, Japão e Alemanha. Por aqui, os mercados também cederam em alguns momentos correlatos, mas voltaram a melhorar, exceto a pressão na compra de dólares que seguiu forte. Essa resiliência local se prende um pouco pelos ajustes de carteiras em ações mais tradicionais, e também devido ao fluxo de recursos carreados para a Bovespa.

No início do dia, as Bolsas estavam bem mais fortes indicando que começávamos o novo ano com o pé direito. O processo de imunização massiva de populações de diferentes países e os indicadores de atividade PMI anunciados, davam suporte a esse processo, com indicadores americanos voltando a fazer recordes de pontuação e a Bovespa também, atingindo na máxima do dia a pontuação de 120.353 pontos.

Nos EUA, grande expectativa com relação ao segundo turno das eleições no Senado, que não muda muita coisa, mas que pode tornar a administração Joe Biden mais tranquila. Por lá, o índice PMI da atividade industrial de dezembro subiu para 57,1 pontos, no maior patamar desde setembro de 2014. O importante indicador de investimentos em construção também expandiu em novembro 0,9%, mas aí a expectativa era de alta de 1.0%. Os EUA também anunciaram a expulsão de três empresas chinesas da bolsa de NY, e a China reagiu falando em abuso de poder dos EUA.

Tivemos ainda discursos de dirigentes do FED, além de Charles Evans, do FED de Chicago, declarando que a inflação demorará muito para chegar na média de 2,0% e que juros ficarão baixos por alguns anos. Portanto, a política monetária continuará acomodatícia por muito tempo também. Já o Reino Unido está próximo de impor lockdown ainda mais duro, acelerando a pressão vendedora nos mercados.

Já a OPEP admitiu que a demanda global está ainda muito abaixo do nível anterior e que devem manter flexibilidade para reagir às situações. A Rússia segue defendendo a postura de ampliar a produção do grupo OPEP+ em 500 mil barris de petróleo. Com isso, o petróleo, que começou o dia com forte alta, reverteu tendência e operava em queda de 2,27%, com o barril WTI negociado em NY cotado a US$ 47,42. O euro era transacionado em leve alta (arrefeceu), cotado a US$ 1,224. O ouro e a prata com boas altas na Comex e commodities agrícolas majoritariamente com quedas. O minério de ferro, negociado na china durante a madrugada, conseguiu boa recuperação, com alta de 3,0% e tonelada em US$ 165,29.

No segmento doméstico, nenhuma declaração importante no ambiente político e também na área econômica. Porém, tivemos a divulgação de alguns indicadores de conjuntura. A FGV anunciou que a confiança empresarial encolheu 0,4 ponto, para 95,2 pontos em dezembro e a situação atual com queda de 0,2 ponto, para 97,8 pontos. O IPC-S de dezembro acelerou para 1,07% (anterior em 0,94%), acumulando no ano inflação de 5,17%, com núcleo em 2,92% e difusão ampliando para 73,23%, de 65,16% no mês anterior.

A nova pesquisa semanal Focus do Bacen veio com pouca e pequenas alterações, com a inflação em queda em 2021 para 3,32% e Selic para 3,0%. A expectativa de PIB de 2021 encolheu para 3,40% (de 3,49%) e a produção industrial de 2021 desacelerando para +4,78% (de +5,10%). O dólar projetado para o final de 2021 ficou estabilizado em R$ 5,00. O saldo da balança comercial de 2020 era estimado em US$ 55,05 bilhões e em US$ 55,10 bilhões para 2021. Porém, foi anunciado o saldo comercial oficial de 2020 com superávit de US$ 51,0 bilhões, fruto de exportações de US$ 203,9 bilhões e importações de US$ 158,9 bilhões. O déficit de dezembro decorre da importação de plataformas.

No mercado, dia de dólar largamente pressionado e fechando em alta de 1,53%, cotado a R$ 5,27. Na Bovespa, na sessão de 29/12 os investidores estrangeiros voltaram a aplicar recursos no montante de R$ 1,3 bilhão, deixando o saldo de ingresso do mês de dezembro positivo em R$ 19,0 bilhões e fluxo de saída líquida do ano em 32,6 bilhões.

No mercado acionário, dia de alta da bolsa de Londres de 1,72%, Paris com +0,68% e Frankfurt com +0,06%. Madri e Milão com altas de, respectivamente, 0,32% e 0,37%. No mercado americano, o Dow Jones com -1,25% e Nasdaq com -1,47%. Na Bovespa, dia de -0,13% e índice em 118.858 pontos.

Na agenda de amanhã, teremos o IPP (preço do produtor) da indústria de transformação de novembro e as vendas de veículos de dezembro pela Fenabrave. Nos EUA, teremos o ISM da atividade industrial de Chicago de dezembro e discursos de dirigentes do FED.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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