Hoje talvez tenha sido o dia mais tenso dos mercados desde quando o coronavírus saiu da China para infectar o mundo todo. Os noticiários sofrem da mesma contaminação e em nada a revista The Economist ajudou, ao divulgar em reportagem que 50% da população do mundo será infectada. Aqui, já são 17 infectados na comitiva de Bolsonaro que foram aos EUA. No mundo, já são mais de 200 mil infectados com 8.000 mortes registradas.

No exterior, os países se movimentam bem mais se comparando com a crise global de 2008, buscando medidas visando a proteção de vulneráveis, medidas para empresas de todos os portes e para os setores mais atingidos. Aqui, não está sendo diferente com a postergação de tributos, de pagamentos de impostos e o pedido que o Congresso aceite a declaração de calamidade pública, liberando o governo para medidas de política fiscal sem ferir a meta de déficit primário e LRF (lei de responsabilidade fiscal). Hoje tivemos coletiva de Bolsonaro e seus ministros para falar sobre medidas, mas poucos foram os anúncios além do que já se sabia desde ontem.

No segmento internacional, o secretário americano do Tesouro Mnuchin disse que estão paralisando parte da economia americana para destruir o coronavírus e garantir recursos para que as empresas paguem salários aos empregados. Segundo ele, sem a ajuda governamental a taxa de desemprego poderia chegar a 20% (agora pouco acima de 30%). O tesouro quer destinar também cerca de US$ 50 bilhões do fundo de estabilização cambial para atender as empresas aéreas.

Na Alemanha, Angela Merkel disse que esse é o maior desafio desde a Segunda Guerra, e anunciou mais medidas permitindo que bancos utilizem nessa fase o “colchão” de capital para financiar atividades; além de ambicioso programa de investimentos entre 2021 e 2024. No Canadá, Trudeau ampliou o pacote de estímulos que chega a 82 bilhões de dólares canadenses e 27 bilhões de dólares para combate ao vírus.

Mesmo com tudo isso o dia foi absolutamente tenso e os mercados tiveram novo dia de interrupção por circuit breaker, tanto na Bovespa como no mercado americano. O Brasil por ser mais líquido que a maioria dos emergentes acaba sofrendo mais pela necessidade de saídas rápidas. No mundo e também aqui, lojas shoppings e outra atividades de lazer estão sendo fechadas, em princípio até o início de abril, o que vai exigir enorme esforço de socorro para as empresas de pequeno e médio porte.

Nesse mês, já tivemos seis episódios de circuit breaker na Bovespa, já equiparado com o acontecido em 2008, na crise global.

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de inusitados 21,22%, com o barril cotado a US$ 21,23, passando de passagem pelo limite de US$ 25 da Arábia Saudita e com a Petrobras anunciando redução de 125 na gasolina e 7,5% no diesel. O euro era transacionado em queda para US$ 1,086 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,22%. O ouro e a prata também com quedas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago. O minério de ferro teve alta de 0,56% na China, com a tonelada em US$ 91,71.

Falando de Brasil, Bolsonaro e ministros discutiram sobre coronavírus e ações que estão sendo adotadas nas diferentes áreas e Paulo Guedes comemorou o encaminhamento de pedido de calamidade pública para dar maior poder de fogo para ajudar necessitados. Falou muito da ajuda aos autônomos, citando aqueles que trabalham na informalidade (38 milhões) com a destinação de recursos de R$ 15 bilhões durante três meses. Falou ainda sobre postergar pagamentos de tributos e empréstimo e vendo como bancos públicos podem ajudar. Lembrou que estamos saindo da necessidade de contingenciar R$ 40 bilhões para elevar o déficit fiscal.

Moro falou sobre ações nos presídios e Tarcísio Freitas de ações de infraestrutura. Mas, nada de muito novo ou impactante foi apresentado ao que já se falava.

Foi anunciado o fluxo cambial até 13/3 negativo no ano em US$ 2,82 bilhões e as operações de swap em março dando prejuízo de R$ 14,06 bilhões. Fato comum foram as mudanças de projeções sobre a economia global e local durante todo o dia. Já há quem estime queda do PIB brasileiro em 2020 de 1%, mas a maioria está ao redor da estagnação.

Os investidores esperam ainda a decisão do Copom depois de pregão encerrado para saber a decisão. A projeção é que a queda da Selic fique entre 0,50% e 1%. De outra feita, o Bacen e o Tesouro operaram em conjunto na compra e venda de títulos, mexendo com as operações compromissadas em moeda externa para garantir liquidez. Também atuaram no câmbio com operações próximas de US$ 3 bilhões (leilão de linha e à vista), mas não lograram muito êxito em manter a taxa cambial funcional.

No mercado, os DIs tiveram dia de alta dos juros e o dólar chegou a ficar acima de R$ 5,25, para fechar com alta de 3,74% e cotado a R$ 5,20. No mercado de ações internacional, a Bolsa de Londres perdeu 3,74%, Paris com -5,94% e Frankfurt com -5,56%. Madri e Milão com quedas de respectivamente 3,44% e 1,27%. No mercado americano, o Dow Jones com -6,30% e Nasdaq com -4,26%. Na Bovespa, dia de queda de 10,35% e índice em 66.894 pontos. Na mínima chegamos a 63.546 pontos.

Na agenda de amanhã os investidores vão ajustar para a decisão do Copom e no exterior teremos o índice de atividade da Filadélfia de março, o índice de indicadores antecedentes de fevereiro e pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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