Ontem, no finalzinho do dia, as Bolsas americanas passaram a ceder mais forte e engoliram parte da alta do Ibovespa por aqui. No fechamento, a Bovespa registrou valorização de 2,16%, aos 95.547 pontos, mas na máxima do dia chegou a atingir 96.611 pontos. O dólar encerrou com alta de 0,38%, com a moeda cotada em R$ 5,25. O Dow Jones virou para o campo negativo e o Nasdaq com leve alta de 0,15%.
Hoje, a possibilidade de segunda onda de contágio pela covid-19 esfria o ânimo dos investidores no mundo e mercados começam o dia diante de instabilidade.
Na Ásia, o fechamento foi com viés negativo, Europa querendo firmar queda nesse início de manhã e futuro do mercado americano próximo da estabilidade.
Aqui, os investidores vão ter que ajustar expectativas para a decisão do Copom de reduzir a Selic ontem no início da noite e agora também para a prisão em Atibaia de Fabrício Queiroz, próximo do clã dos Bolsonaros, preso no escritório do advogado de Flavio Bolsonaro. De qualquer forma, desde que haja fluxo carreado, haverá espaço para buscar o patamar de 98 mil e 99 mil pontos. Afinal, os juros reais tendem ao negativo e há buscas por retornos.
Também pesa sobre os mercados os riscos de conflitos diplomáticos entre China e os EUA e também entre China e a Índia. O governo indiano ordenou que empresas estatais deixem de usar tecnologia 4G da China. Na China, o PBOC reduziu juros curtos para 2,35% e injetou US$ 9,9 bilhões na economia. Lá, o volume de investimentos externos diretos na economia atingiu em maio US$ 9,9 bilhões, significando expansão anual de 4,2%.
O BOE (BC inglês) anunciou que ampliou o programa de flexibilização monetária em mais 100 bilhões de libras, para 745 bilhões de libras, já se aproximando de US$ 1 trilhão. Mas manteve a taxa de juros inalterada em 0,10%. Enquanto isso, a Indonésia reduziu juros da taxa de depósito em 0,25% para 4,25% e a Suécia manteve negativa em 0,10% e Noruega manteve taxa zero.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY tinha alta de 1,37%, com o barril cotado a US$ 38,48. O euro era transacionado agora em leve alta para US$ 1,12 e notes de 10 anos com juros de 0,71%. O ouro e a prata com quedas na Comex e commodities agrícolas com viés mais para positivo na Bolsa de Chicago. O minério de ferro é que teve dia de queda na China de 1,62%, com a tonelada em US$ 102,40.
Aqui, o Copom reduziu a taxa Selic em 0,75% para 2,25% e sinalizou que pode fazer ainda mais dependendo das condições da economia. Mas de qualquer forma será residual, permitindo possibilidade de talvez +0,25% em agosto. Disse ser fundamental perseguir reformas estruturantes e que as incertezas vão em ambas direções, mas a economia ainda necessita de estímulos extraordinariamente elevados.
Bolsonaro pode gravar vídeo junto com Weintraub da Educação para falar da destituição do ministro, mas agora a prisão de Queiroz passou a ser mais importante. Apesar disso, o STF formou maioria ontem dando aval ao inquérito das fake news e manutenção de Weintraub nesse inquérito. A FGV também anunciou a segunda prévia do IGP-M de junho em alta forte para 1,48%, vindo de 0,01%, e com isso acumula alta da inflação em 4,31% no ano e de 7,24% em 12 meses.
O dia se mostra de difícil previsão por todos esses fatores e ajustes que precisam serem feitos. Porém, a Bovespa pode seguir tentando buscar aproximação dos 100 mil pontos, dólar deve seguir ainda forte por aqui e juros em alta.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado
