Mercados por aqui começaram o dia tendo que ajustar para o feriado do início da semana, mas com viés negativo, seguindo performance externa. Por aqui, mais um momento de tensão política com a prisão do deputado Daniel Silveira do PSL do RJ, por ofensas a ministros do STF. Além disso, o dia incorporava o vencimento de opções para o prazo de fevereiro, o que sempre gera volatilidade e algumas tentativas de defesa de posições.

No exterior, o Japão anunciava a segunda elevação mensal seguida das exportações, após ter anunciado no feriado, o PIB do quarto trimestre acima do esperado. Bem verdade que foi ajudado nisso por importações chinesas. Na Inglaterra, o BOE (BC inglês) disse que o ritmo de compra de títulos pode cair em 2021, caso a situação não piore, e, na Suécia, pode ser determinado novo bloqueio diante da possibilidade de uma terceira onda de covid-19.

Nos EUA, dirigentes do FED falaram ao longo do dia demonstrando otimismo com a economia durante o segundo semestre e com inflação absolutamente controlada e abaixo da meta, possivelmente nos próximos dois anos. O que preocupa é o emprego, que não tem evoluído tão bem. Lá, tivemos o anúncio da inflação medida pelo PPI de janeiro em +1,3% e núcleo em +1,2%, quando o esperado era respectivamente +0,4% e +0,2%. As vendas no varejo de janeiro também expandiram forte em 5,3% de previsão de somente +1,2%. Situação análoga para a produção industrial com alta de 0,9%, quando o projetado era +0,5%.  A ata do FED não trouxe novidades ao que tem sido verbalizado por dirigentes regionais. Economia e emprego moderados, inflação baixa por demanda e preço do petróleo, vão usar todas as ferramentas disponíveis até que inflação fique na meta flexível e política siga acomodatícia.        

Outro segmento que começou o dia quente foi o petróleo, com a Arábia Saudita dizendo que vai expandir a produção de óleo depois de os preços terem subido, e ela ter cortado unilateralmente sua produção.

Mas está posto que o mercado deve ser patrulhado de perto. O petróleo WTI negociado em NY chegou a mostrar queda rápida, mas voltou a recuperar com alta de 1,90%, e cotado a US$ 61,19. O euro era transacionado em queda para US$ 1,204 e notes americanos com taxa de juros de 1,30%. O ouro em queda forte e a prata com ligeira alta na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto.

No segmento local, a pesquisa semanal Focus do Bacen veio no esperado, com a inflação prevista para 2021 subindo para 3,62% (anterior em 3,60%), Selic em alta no final do ano para 3,75% (ambas podem subir mais nas próximas pesquisas), PIB em pequena contração para +3,43% e dólar mais fraco que atualmente, em R$ 5,01. A produção industrial em alta para 5,18% (anterior em 5%) e saldo da balança comercial em alta para US$ 57 bilhões. Aliás, a segunda semana de fevereiro mostrou o primeiro superávit do ano com US$ 413,8 milhões, mas no ano, ainda carrega déficit de US$ 1,85 bilhão.

O lado político é que pesou bastante, com a prisão de deputado bolsonarista no feriado, por vídeo gravado contra o STF, e no desdobramento, o novo presidente da Câmara convocou reunião da mesa diretora para determinar procedimentos. Também suscitou ruídos o decreto de Bolsonaro flexibilizando o acesso a armas, num momento inoportuno. Aliás, tudo isso tende a tirar o foco do legislativo que tem um enorme número de discussões importantes pela frente, numa janela curta de aprovação.

No mercado, dia de dólar oscilando bastante entre positivo e negativo, para fechar com +0,76% e cotado a R$ 5,415. Na Bovespa, na sessão de 11/2, os investidores estrangeiros voltaram a alocar recursos no montante de R$ 655,2 milhões, deixando o saldo positivo de fevereiro em R$ 1,79 bilhão, e com ingresso líquido em 2021 de R$ 25,35 bilhões.

No mercado acionário, queda da Bolsa de Londres de 0,56%, Paris com -0,36% e Frankfurt com -1,10%. Madri e Milão com perdas de respectivamente 0,38% e 1,12%. Na Bovespa, a hora da verdade veio com o vencimento de opções, com a Bovespa recuperando alta e atingido novamente o patamar que temos dito como importante ser superado na casa de 120.500 pontos. No encerramento, tínhamos alta de 0,78% e índice em 120.355 pontos.

Na agenda de amanhã teremos o IPC da Fipe da segunda quadrissemana de fevereiro e a segunda prévia do IGP-M. Nos EUA, novas construções e permissões de janeiro, os pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior, o índice de atividade da Filadélfia e estoques de petróleo e derivados da semana anterior, além de discursos de dirigentes do FED.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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