🌎 CENÁRIO EXTERNO: De olho no Fed

Mercados… Bolsas asiáticas encerraram a sessão no vermelho, com baixa generalizada entre as bolsas de Tóquio (-0,7%), Hong Kong (-1,6%) e Xangai (-0,4%). Na zona do euro, índices de mercado também amanheceram com viés negativo: o Stoxx 600, índice que abrange uma gama de ativos de risco da região, recua 0,7% até o momento. Em NY, índices futuros apontam para uma abertura na mesma direção do verificado na Europa; com baixas superiores a 1,0%, enquanto o dólar (DXY) registra leve valorização contra os seus principais pares. Na fronte das commodities, ativos ilustram a mesma piora verificada nos mercados acionários. Como destaque positivo, o preço do petróleo (Brent crude) avança 0,4%, negociado próximo dos US$ 42,40/barril.

Mar de incertezas… Mercados globais iniciaram o dia em tom negativo, dando sequência ao desempenho negativo de ativos de risco verificado na última sessão. O movimento de maior aversão ao risco parece ser generalizado entre os ativos, com queda das commodities e leve valorização do dólar. Assim como temos falado em outros relatórios, o nível de preços esticado – principalmente de papéis de tecnologia – combinado à manutenção de diversas incertezas no cenário deixam o mercado mais suscetível a turbulências, mesmo não observando uma mudança de tendência para ativos de risco no curto prazo, salve uma mudança drástica do quadro atual.

Decisão do FOMC… Ontem, o Federal Reserve manteve estável a sua política de juros, com destaque para a coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell, que reiterou as mudanças na abordagem da política monetária pelo BC americano no que diz respeito a uma flexibilização das metas de inflação – fato que já havia sido divulgado durante a sua fala no simpósio de Jackson Hole. Segundo as projeções divulgadas pela instituição, o FOMC espera alcançar a sua meta de estabilidade de preços em 2023 e; até lá, não prevê ajustes no nível da taxa de juros.

Reação adversa… Não obstante, Powell também voltou a reforçar a incertezas que deverão permear o cenário nos últimos meses do ano, principalmente no que diz respeito à recuperação econômica nos EUA. Dentre os riscos, a demora na formulação de um novo pacote de estímulo fiscal seria o mais latente no momento, podendo criar sérios desafios para a retomada caso não seja aprovado em breve – a proximidade das eleições serve como um agravante deste desafio. Assim, o mercado, que parecia esperar por uma postura ainda mais agressiva com relação ao relaxamento quantitativo (QE); não reagiu bem ao comunicado, reestabelecendo uma dinâmica menos favorável aos mercados na tarde desta 4ªfeira.

Trump abre concessões por pacote… O presidente americano, Donald Trump, pediu que os membros de seu partido (Republicanos) no Senado abrissem concessões com relação ao valor do pacote de estímulos nas negociações com democratas, elevando sua proposta para uma liberação de US$ 1,5 trilhões em recursos. Se por um lado a cifra é bem superior ao pacote de US$ 650 bilhões apresentado recentemente por senadores republicanos, ainda ficou abaixo dos US$ 2,2 bilhões defendidos pelos líderes democratas na Casa do Representantes (análoga à nossa Câmara dos Deputados), onde eles retêm a maioria. Assim, Trump busca encontrar um meio termo, mas já encontrou resistência, principalmente dentro do próprio partido: enquanto democratas aplaudiram a sua iniciativa; republicanos já mostraram aversão a uma proposta de tal magnitude, fato que se coloca como principal desafio nas negociações cujo presidente espera encerrar antes do fim do mês. Vamos acompanhar…

Mais BCs… Após o BoJ (BC japonês) manter o nível de compra de ativos e as metas de juros estáveis na sua reunião de política monetária; as atenções devem se voltar ao BoE (BC do Reino Unido), que anuncia a sua decisão de taxa de juros às 8h. Assim como foi no Japão, as apostas estão concentradas na manutenção da política monetária nesta reunião. Apesar disso, existe grande expectativa com relação ao que será falado no comunicado com relação à prescrição futura do BC inglês. Nesta frente, grande parte do mercado espera a sinalização por um acréscimo no ritmo de compras de ativos da instituição (QE) e até uma redução da taxa de juros de 0,1% para 0,0% (ou até o uso de um juro negativo) na reunião de novembro.

Na agenda… Mais cedo, o Índice de Preços ao Consumidor europeu confirmou as projeções que apontavam para uma deflação da ordem de 0,2% a/a na leitura de agosto, resultado puxado principalmente pela queda nos preços de energia na região. Nos EUA, o investidor volta a analisar o dado de novos pedidos de auxílio desemprego, que deve trazer novas pistas sobre a recuperação do mercado de trabalho na maior economia do mundo – o mercado espera uma redução de 884 mil para 840 mil pedidos no resultado referente à semana passada.

BRASIL: COPOM MANTÉM SELIC E GOVERNO RESSUSCITA RENDA BRASIL EM MENOS DE 24H

COPOM mantém Selic em 2,00%… O comitê de política monetária do banco central confirmou expectativas do mercado ao manter a taxa de juro estacionado em seu atual patamar de 2,00% em votação unânime. Em seu comunicado, o BCB avaliou que devido ao processo de recuperação econômica – embora de forma heterogênea entre setores – e à moderação na volatilidade dos ativos, o ambiente se tornou mais favorável para economias emergentes (análise completa no Flash Macro 6/10/20).

Futuro da Economia brasileira continua incerto… Sobre a economia brasileira, mencionou que uma recuperação parcial foi verificada, mas que o nível de incerteza ainda segue elevado. O período final do ano, que ainda resguarda muitas incertezas, também contará com o arrefecimento dos programas de sustento à renda e ao emprego; ofuscando a clareza quanto à verdadeira trajetória da recuperação econômica em direção aos níveis pré-pandemia.

Manutenção da taxa em outubro… O Copom confirmou nossas expectativas na sua 233ª reunião ao manter a Selic estável em 2,00% a.a. Assim como no último comunicado, o comitê voltou a reforçar que, apesar do cenário continuar prescrevendo um alto grau de estímulo monetário; há pouco espaço para a utilização da política monetária convencional (cortes de juros). Assim, tendo em vista a mensagem do comunicado frente às nossas projeções com relação às principais variáveis econômicas e à trajetória fiscal no 2º semestre; atribuímos uma maior probabilidade na manutenção do patamar atual na reunião de outubro (análise completa no Flash Macro 6/10/20).

Pacto federativo não prevê desindexação… O senador Marcio Bittar (MDB-AC), encarregado com a reformulação da PEC do Pacto Federativo; se reuniu hoje com presidente Jair Bolsonaro e com o ministro Paulo Guedes (Economia) para discutir o conteúdo da emenda constitucional sobre a sua relatoria. Após as tratativas, o senador divulgou que a proposta não incluirá propostas de desindexação; inciativa que fazia parte do plano “3D” (desindexar, desvincular e desobrigar) do ministro Guedes para reestruturar os gastos públicos. O congelamento do valor das aposentadorias, contrapartida fiscal para financiar o Renda Brasil vetada pelo presidente Bolsonaro na terça-feira; se tornaria possível caso a correção das pensões fosse destrelada do aumento do salário mínimo (Análise completa no Flash Política 6/10/20).

Renda Brasil foi engavetada por menos de 24 horas… Ainda mais surpreendente que a rejeição completa da desindexação dos gastos obrigatórios foi a revelação de que o presidente deu ao senador Bittar “sinal verde” para introduzir a criação de um programa assistencialista via a proposta, fato que contradiz diametricamente as declarações feitas pelo presidente ontem. De acordo com Bittar, ele e outro aliados do Centrão – grupo de partidos que formam a base do presidente no Congresso – convenceram Bolsonaro a reconsiderar a sua desistência do projeto. Para evitar o mesmo desgaste midiático que frustrou o presidente ontem; o relator da PEC do Pacto Federativo se recusou a abordar o possível financiamento do novo programa social.

Magazine Luiza demonstra interesse nos Correios… Segundo o ministro das Comunicações, Fabio Faria (PSD-RN); existem pelo menos cinco empresas privadas interessadas em adquirir os Correios, caso a estatal venha a ser privatizada. Faria citou a varejista Magazine Luiza, além das empresas de logística internacional e correio expresso, DHL e Fedex, mas não ofereceu maiores detalhes sobre a possível natureza da estatal caso ela seja privatizada. Segundo o ministro, estes detalhes serão decididos pelo Congresso. Os servidores dos Correios estão em greve desde o dia 17/08. Nos últimos dez anos, os funcionários da estatal já realizaram dez greves.

Pazuello é dado posse efetiva no Ministério da Saúde… O ministro interino do Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello, se tornou ministro pleno da pasta após realização de uma cerimônia de posse que o oficializou como mandante da pasta. Pazuello chegou ao comando do ministério após a saída de Nelson Teich em maio, que sucedeu a Henrique Mandetta; após ambos terem desentendimentos com o presidente Bolsonaro em torno da atuação do governo no combate ao coronavírus. Desde então, o general tem sido alvo de críticas por não ter experiência ou formação na área de saúde. A efetivação do general surpreendeu, já que muitos previam que Pazuello seria desligado após o fim da pandemia para abrir caminho para mais uma nomeação do Centrão.

Agenda… Não existem indicadores econômicos relevantes a serem divulgados ao longo desta 5ªfeira.

E os mercados hoje?… No exterior, ativos de risco dão sequência ao movimento de baixa iniciado na tarde de ontem; com investidores digerindo a mensagem cautelosa do Fed conjugada à manutenção de um impasse nas negociações pela aprovação de um novo pacote fiscal nos EUA.

No Brasil, o mercado reage à decisão do Copom na abertura, que manteve a Selic estável em 2,0% e reforçou o seu forward guidance de uma taxa de juros baixa por mais tempo. Paralelamente, a confusão com o vai-e-vem do Renda Brasil; assim como a manutenção de rumores em torno de um possível afastamento de Guedes devem continuar pesando sobre o sentimento local.

Assim, esperamos um dia de viés neutro/negativo para ativos de risco locais, uma vez que a postura acomodatícia do Copom não deve ser suficiente para sustentar o humor do mercado frente a piora externa e a manutenção das incertezas na cena política.

Publicidade

Clube Acionista

A maior cobertura para impulsionar sua carteira de investimentos

Agendas

Saiba quando as empresas vão pagar antes de investir.

Análises

Veja análises dos bancos e corretoras em um só lugar.

Carteiras

Replique carteiras dos bancos e corretoras para investir com segurança.

Recomendações

Descubra a média de recomendações de empresas e fundos.

Clube Acionista

A maior cobertura para impulsionar sua carteira de investimentos

Agendas

Análises

Carteiras

Recomendações

Comece agora mesmo seu teste grátis