(OBS.: Esse texto foi escrito cerca de 1,5 hora antes do fechamento dos mercados e, portanto, pode conter alguma inconsistência de última hora)
O dia foi pesado para o mercado local com realizações precipitadas e índice voltando ao patamar de 106.000 pontos, que se perdido pode precipitar mais. Na nossa visão, os investidores ficaram preocupados com a situação da América Latina complicada, com episódios graves no Chile e na Bolívia, a Venezuela se arrastando e ainda com a Argentina e agora o México. Isso acaba trazendo efeitos sobre o Brasil no curto prazo, mas em prazo mais longo é até positivo para investidores estrangeiros que mantem diversificação.
Os investidores também ficaram esperando novidades do discurso do presidente Trump, mas acabou versando sobre situações já conhecidas, como o FED atrapalhando a economia com juros altos e aperto quantitativo, a China comprando mais produtos americanos (especialmente agrícolas), com o objetivo de fechar acordo e Trump sem pressa, diz que a União Europeia tem barreiras alfandegárias ainda mais terríveis que a China. Afirma que só fará acordo se for favorável ao trabalhador americano, mais uma vez, o mais do mesmo.
Já o presidente do FED da Filadélfia, Patrick T. Harker, que foi contrário ao corte de juros, disse que cortar juros não ajudaria a economia americana e que existe espaço limitado para estímulos fiscais e monetários. Já a China, por seu primeiro-ministro Li Keqiang, disse que irão fortalecer apoio a economia real e acabar com barreiras para fortalecer o ambiente de negócios.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 0,18%, com o barril cotado a US$ 56,96. O euro era transacionado em queda para US$1,101 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,92%, em queda. O ouro e a prata em queda na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago. O minério de ferro teve alta de 3,17% na China, com a tonelada em US$ 81,48. O peso chileno atingiu mínima histórica em relação ao dólar, em dia de mais protestos.
Aqui, muita discussão sobre a PEC da prisão em segunda instância, com Rodrigo Maia dizendo ser inconstitucional, Alcolumbre saindo pela tangente com reforma da constituição, mas também dizendo que pode terminar hoje a votação da PEC emergencial que, como está, pouparia R$ 350 bilhões. Já Tasso Jereissati, disse que nenhum destaque da PEC deve ser aprovado, exceto, talvez o do PT.
O IBGE mostrou dados do volume de serviços prestados em setembro com +1,2%, e no ano com +0,6%. Foi o melhor desempenho desde agosto de 2018, com a receita nominal expandindo 1% e serviços das famílias com alta de 0,8%. Isso não muda muito a previsão do PIB do trimestre e nem do ano que segue pouco abaixo de 1%.
No mercado local, os DIs tinham dia de alta de juros e o dólar ficou pressionado, rondando novamente os R$ 4,20, e cedendo um pouco com a fala de Trump. Na Bovespa, na sessão de 08/11, os investidores estrangeiros sacaram R$ 627 milhões, deixando novembro com saídas líquidas de R$ 2,15 bilhões e o ano negativo em R$ 32,56 bilhões.
Na agenda de amanhã, teremos as vendas no varejo de setembro e o levantamento sistemático da produção agrícola. Nos EUA, a inflação medida pelo CPI (consumidor), o resultado fiscal de outubro e discurso de dirigentes do FED, inclusive Jerome Powell, presidente. Na China, durante a madrugada teremos a bateria de dados de outubro, com vendas no varejo, produção industrial de investimentos em ativos urbanos e taxa de desemprego.
Alvaro Bandeira
Economista-chefe do banco digital Modalmais
