A Localiza (RENT3), maior locadora de veículos das Américas, anunciou na segunda-feira, 27, um aumento de capital via subscrição privada e o pagamento de juros sobre capital próprio (JCP).
A empresa reduziu o valor de subscrição de R$ 55 para R$ 50,35 e elevou a entrega de novas ações de 0,0027 para 0,0030 por papel.
Esse valor representa um desconto de 20% com base no preço médio ponderado por volume das ações nos pregões entre os dias 11 de agosto e 22 de setembro.
O prazo para exercício de preferência é entre os dias 29 de setembro e 31 de outubro. As ações da Localiza passam a ser negociadas “ex-subscrição” em 29 de setembro.
Estratégia de remuneração
No mesmo comunicado, a empresa também anunciou que vai distribuir R$ 346,2 milhões em juros sobre capital próprio (JCP) em 09 de novembro.
O valor representa R$ 0,29 por ação – já descontada a taxa de 15% do Imposto de Renda retido na fonte. Para acionistas isentos da cobrança, cada papel equivale a R$ 0,35.
Segundo a analista de ações da Nord Research, Danielle Lopes, o JCP é vantajoso para ambos os lados, empresa e acionista.
“Do ponto de vista do acionista, é vantajoso porque ele recebe os proventos. Do ponto de vista da empresa, é interessante como instrumento fiscal. Quanto mais lucros ela distribuir na forma de JCP, menos imposto ela paga, já que o Imposto de Renda passa a incidir sobre um valor menor”, explica.
O pulo do gato.
Com a incorporação da Unidas concluída em julho, o patrimônio líquido da Localiza aumentou.
O cálculo dos juros sobre capital próprio é feito pela aplicação da TJLP sobre o patrimônio. Em termos contábeis, esse pagamento é tratado como uma despesa financeira.
Portanto, para a companhia, haverá uma economia da alíquota dos impostos e contribuições sociais.
Logo, esse valor “volta” para o caixa da companhia na forma de economia tributária.
Dividendo da Movida
A Localiza não é a única a agraciar os investidores com a distribuição milionária de dividendos.
A Movida (MOVI3) informou que distribuirá R$ 55 milhões em juros sobre o capital próprio (JCP) para seus acionistas.
Segundo a empresa, o valor corresponde a R$ 0,15 por ação, sem considerar a cobrança de Imposto de Renda.
Terá direito a receber a remuneração o investidor que possuir papéis da Movida no dia 30 de setembro deste ano, próxima sexta-feira.
O pagamento será realizado no dia 6 de janeiro de 2023.
Nossa preferência
Embora o dividendo de Movida seja menor que o de Localiza, nossa preferência no setor não é óbvia.
“A Localiza é um colosso, muito maior do que a Movida no segmento de locação de veículos, identificado como RAC (rent-a-car) — a frota é mais do que o dobro da concorrente. Não tem como comparar em tamanho, mas podemos comparar a produtividade”, disse Lopes.
A analista aponta que Localiza é gigante na praça de aluguel de veículos, mas que a Movida é eficiente no segmento de Gestão e Terceirização de Frotas (GTF).
“Esse é um ponto positivo porque os contratos GTF são de longo prazo, pelo menos cinco, trazendo previsibilidade para o negócio, além de serem mais rentáveis”, pontuou.
Outra frente de negócios que tem contribuído para o crescimento da companhia é o Movida Zero Km, um serviço de assinatura anual de carros.
“Atuando no mesmo setor, com praticamente os mesmos serviços, não justifica vermos Movida sendo negociada a 5 vezes lucros, com um crescimento médio de 90% de lucros nos últimos 5 anos, e Localiza negociando a 23 vezes lucros, com um crescimento médio de 39% de lucros nos últimos 5 anos”, afirmou.
Pechincha na bolsa!
Apesar das boas avaliações do negócio, preocupações com juros mais altos e os preços de veículos novos pesaram sobre as ações da Movida, os papéis da locadora acumulam queda de -9,37% na bolsa de valores no mês de setembro e queda de -17,51% no ano.
“As ações estão caindo porque estamos em um pico de juros muito alto (+13,75% atual). Locadoras são negócios que consomem o CDI. Como no curto prazo não teremos grandes mudanças nos juros, isso prejudica o pagamento das despesas com dívidas feitas para continuarem se financiando e crescendo”
Outro receio de curto prazo é sobre os preços dos carros usados e seminovos. No entanto, a Movida tem conseguido vender seminovos acima do preço de compra.
No passado, entre 2017 e 2018, a Movida pagou caro por não saber quando comprar e quando vender os veículos da frota, mas esse erro já foi ajustado.
Apesar do mercado pessimista, mantemos nossas expectativas e recomendação de compra para as ações da MOVI3, pois o crescimento não está refletido nos múltiplos.