Em meio aos efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia, a taxa média de juros no crédito livre passou de 25,5% ao ano em dezembro para 28,4% ao ano em janeiro, informou nesta quinta-feira, 25, o Banco Central. Em janeiro de 2020, essa taxa estava em 33,7% ao ano.

Os dados apresentados nesta quinta pelo BC são influenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população e reduziu a atividade das empresas – em especial, nos meses de março e abril de 2020. Em meio à carência de recursos, famílias e empresas aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 37,2% para 39,4% ao ano de dezembro para janeiro, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 11,7% para 15,2% ao ano.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 115,6% ao ano para 119,6% ao ano de dezembro para janeiro. No crédito pessoal, a taxa passou de 30,3% para 32,9% ao ano.

Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em 6 de janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao ano (151,82% ao ano).

Revisão de série

Além da limitação do juro, os dados desta quinta refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura.

Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

Veículos

Os dados divulgados pelo Banco Central nesta quinta mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 19,2% ao ano em dezembro para 20,2% em janeiro.

Juros no crédito total

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 18,4% ao ano em dezembro para 20,0% ao ano em janeiro. Em janeiro de 2020, estava em 23,0%.

ICC

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,3 ponto porcentual em janeiro ante dezembro, aos 17,0% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

Spread

Em meio à pandemia do novo coronavírus, o spread em operações de crédito apresentou elevação. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 20,9 pontos porcentuais em dezembro para 23,4 pontos porcentuais em janeiro.

O spread médio da pessoa física no crédito livre foi de 32,1 para 34,0 pontos porcentuais no período. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 7,7 para 10,7 pontos porcentuais.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

Neste período de pandemia, o risco de inadimplência nas operações aumentou – o que, em tese, serve de impulso ao spread.

O spread médio do crédito direcionado foi de 4,9 para 4,4 pontos porcentuais na passagem de dezembro para janeiro.

Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 14,4 para 15,7 pontos porcentuais no período.

Concessões

As concessões dos bancos no crédito livre desabaram 24,5% em janeiro ante dezembro, para R$ 264,1 bilhões, informou o Banco Central. Nos 12 meses até janeiro, o recuo foi de 1,2%.

Estes dados, apresentados pelo BC, não levam em conta ajustes sazonais. Os números também são influenciados pelos efeitos da pandemia. O BC não divulga dados sobre o quanto a procura por crédito aumentou – mas apenas sobre o quanto foi concedido.

Em janeiro, no crédito para pessoas físicas, as concessões caíram 18,7%, para R$ 146,3 bilhões. Em 12 meses até janeiro, há baixa de 4,3%. No caso de pessoas jurídicas, as concessões cederam 30,7% ante dezembro, para R$ 117,9 bilhões. Em 12 meses até janeiro, há avanço de 2,3%.

Inadimplência

Apesar das dificuldades de famílias e empresas para fechar as contas, em meio à pandemia do novo coronavírus, a taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos continuou praticamente estável, passando de 2,9% para 3,0% de dezembro para janeiro, informou o Banco Central.

Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência foi de 4,2% para 4,1% no período. No caso das empresas, a taxa passou de 1,4% para 1,6%.

A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) seguiu em 1,1% na passagem de dezembro para janeiro.

Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência permaneceu em 2,1%.

Endividamento

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro ficou em 55,0% em novembro, ante 53,4% em outubro, informou o Banco Central. Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 33,8% em novembro, ante 32,6% em outubro.

O cálculo do BC leva em conta o total das dívidas dividido pela renda no período de 12 meses. Além disso, incorpora os dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do IBGE.

Em função da metodologia utilizada, os números de endividamento sempre são divulgados com apenas um mês de defasagem. Em setembro, no entanto, o BC havia adiado a divulgação de dados referentes ao endividamento e ao comprometimento de renda das famílias brasileiras, em função de alterações de datas promovidas pelo IBGE. Agora, o BC atualiza os números, com referência em novembro.

Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu 30,9% em novembro, ante 30,4% em outubro. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 28,2% em novembro, ante 27,7% em outubro.

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