No rali da Bolsa de Valores de São Paulo, a busca por ações de empresas brasileiras tem dividido terreno com o garimpo por papéis de companhias estrangeiras que tenham boa margem de valorização. Alguns dos fundos que mais rendem no Brasil atualmente operam negociando os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), recibos de ações de companhias de outros países negociados na B3.

Fundos são a forma mais usual de um pequeno investidor para comprar ações estrangeiras, mas também há possibilidade de compra direta. Na bolsa brasileira, há 123 opções de BDRs, incluindo empresas como Apple, Avon, Coca Cola, Intel, Netflix, Microsoft, Tiffany, Pfizer, Walmart e Visa. O Índice BDRX, que reúne estes títulos, valorizou-se 13,21% ao longo de 2018.

“Selecionar empresas estrangeiras não é tarefa fácil, por isso investir em BDRs via fundos é mais indicado para minimizar os riscos com uma carteira diversificada”, sugere Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama.

O investidor precisa saber que há dois tipos de BDRs. Os Patrocinados são aqueles em que a companhia emissora deve contratar no Brasil uma instituição depositária, que será responsável por emitir e negociar os títulos. Esta instituição poderá lançar ou cancelar a emissão conforme a demanda. Alguns exemplos são o Banco Patagônia, Biotoscana Investiments, GP Investments e Wilson Sons. Os BDRs Patrocinados são subdivididos em níveis I, II e III. Para negociar os de nível I é preciso ser investidor qualificado, com mais de R$ 1 milhão em conta.

O outro tipo são os BDRs Não-Patrocinados, oferecidos por uma instituição depositária que é responsável pela emissão do certificado, mas sem acordo direto com a estrangeira. A organização que emite estes BDRs é responsável divulgar ao mercado brasileiro as informações corporativas e financeiras das estrangeiras emissoras. Esta categoria é, disparado, a mais numerosa em opções no Brasil, tendo como alguns exemplos a Disney, Heinz, Boeing, Tesla, Microsoft, HP, General Eletric, entre outros.

Mas é preciso estar atento aos riscos nas aplicações nos papéis estrangeiros, que vão bem além de uma possível queda nas ações. Especialistas em investimentos alertam para o distanciamento da administração das empresa sem relação aos investidores brasileiros, que tornam mais difícil as análises fundamentalistas. São raros, por exemplo, road shows ou apresentação de resultados no Brasil.

Outro risco é o cambial…

Particularmente em período de instabilidade econômica e política, merece atenção. Embora as operações sejam feitas em real, as cotações são em dólar. Além disso, os fundos costumam cobrar taxa de performance, por isso é importante pesquisar e comparar as taxas antes de investir.

“Para se aplicar em BDRs, é recomendável que o investidor seja experiente, pois as regulamentações são diferentes e é necessário acompanhar dois ou mais mercados ao mesmo tempo para fazer bons negócios”, sugere Tiago Reis, fundador da Suno Research.

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