A migração das pessoas físicas para a Bolsa, em um cenário de juros historicamente baixos, se intensificou na pandemia de covid-19. Esse movimento atraiu também os investidores mais velhos. Nos primeiros nove meses da pandemia, a Bolsa paulista, a B3, viu um aumento de 21,7% no número de investidores acima de 56 anos, para um total de 460 mil.

Esse público concentra boa parte dos recursos de pessoas físicas na Bolsa. Segundo dados da B3 de dezembro, os investidores na faixa etária de 56 a 65 anos são responsáveis por 20,6% do volume financeiro, ou R$ 93,2 bilhões. Já os investidores com mais de 66 anos possuem R$ 153,2 bilhões investidos, cerca de 33,9% do total.

O grupo “56+” é dono de 54,44% de todo o dinheiro transacionado por investidores pessoas físicas, o que corresponde a R$ 315,45 bilhões. “É uma população que estava habituada a investir em renda fixa, que manteve recursos por longos anos nessas aplicações”, explica Luciana Ikedo, presidente de Ikedo Investimentos. “Agora eles também estão em busca de rentabilidade, afinal não querem deixar o patrimônio acumulado durante toda a vida ser afetado pelos juros (reais) negativos.”

Esse é o caso do professor de química e meio ambiente Ervalino Sousa Matos, de 65 anos. Ele começou a investir na B3 no segundo semestre de 2019 – antes disso, aplicava apenas em fundos de previdência privada e na poupança, que hoje rende apenas 70% da Selic, ou seja, cerca de 0,11% ao mês.

“Começou a render muito pouco, aí parti para os fundos de ações. Meu objetivo é rentabilizar ao máximo o patrimônio, porque, à medida que vou envelhecendo, fica mais difícil de trabalhar”, afirma Matos. “Quando veio a pandemia, a Bolsa caiu muito, os fundos desvalorizaram bastante, mas eu não saí deles. Depois, quando o mercado foi recuperando, eu notei que os fundos de ações estavam demorando mais para retomar, aí comecei a fazer homebroker com orientação de assessores. Estou indo bem.”

Matos explica que tem visão de médio e longo prazos para os investimentos e não se abala com as oscilações de mercado. “A Bolsa me deu uns sustinhos no ano passado, mas a gente continua. Não sou ansioso.”

De acordo com Ikedo, as dificuldades trazidas pela pandemia do coronavírus ajudaram a acelerar a busca pela renda variável na população mais velha. “Hoje essa faixa etária é ativa e acredito que a restrição de circulação imposta, principalmente a esse público, funcionou como um estímulo para que esses investidores estudassem e operassem mais”, afirma Ikedo. “No meu escritório, o investidor mais velho tem 94 anos e começou a operar no ano passado.”

Gênero

De acordo com os dados da Bolsa, em dezembro do ano passado as mulheres representam 25,97% dos investidores pessoas físicas na B3. Isto é, dos 3,2 milhões de CPFs na Bolsa, pouco mais de 847 mil pertencem ao sexo feminino.

Entre os “56+” o cenário muda um pouco: dos 460 mil investidores nessa faixa etária, 145 mil são mulheres, ou 31,5% do total. Em comparação a março de 2020, início da pandemia, a representatividade avançou alguns pontos dentro desse grupo: há pouco menos de um ano, elas representavam 29,96% dos então 377,9 mil investidores com mais de 56 anos na B3.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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