As ações da empresa de telefonia Oi (OIBR3) chamaram a atenção ao longo dos últimos anos por estarem supostamente muito baratas, sendo uma possível oportunidade de investimento que iria gerar um grande retorno aos seus investidores. Entenda neste Relatório Especial porque não acreditamos nisso e recomendamos a troca dos papéis da Oi por outras ações.

Entendendo a empresa

As operações da Oi nunca foram muito bem-sucedidas desde seu início em 1998 e a prova disso é que a empresa entrou em recuperação judicial em 2016. Em outras palavras, essa situação significa que a companhia está em dificuldades para pagar seus compromissos com fornecedores e, assim, recorre à recuperação para buscar acordos e uma virada nos negócios, o chamado turnaround.

Existe uma tese de investimentos sobre a empresa de telefonia acerca das somas das partes da empresa. Em 2019, por exemplo, a OIBR3 tinha um valor patrimonial de 17,5 bilhões de reais e o valor de mercado era por volta de 5,1 bilhões de reais. Ou seja, existia um grande desconto entre o que estava registrado nos livros contábeis e seu valor de mercado.

No entanto, a empresa já tinha ali uma dívida líquida de 15,9 bilhões de reais e suas atividades operacionais não conseguiam gerar caixa para pagar seu endividamento e, por conta disso, a tendência era o aumento do endividamento e a redução de seu patrimônio líquido.

Porém, os analistas que estavam animados com a tese de investimentos em OIBR3 diziam, à época, que os ativos da companhia eram mais valiosos do que o registrado e que a venda de parte desse patrimônio seria capaz de pagar o endividamento e ainda de gerar um bom retorno aos seus investidores.

Dois anos e meio depois, a empresa executou o plano de recuperação judicial, vendendo uma série desses ativos, sendo que a mais valiosa era a antiga InfraCo, atual V.tal, a qual a Oi já vendeu 65,3% de participação, mas ainda possui 34,7%.

Olhando para o balanço de 31 dezembro de 2021, a empresa registra um patrimônio líquido negativo de -755 milhões de reais e, agora, o endividamento é de 29 bilhões de reais, ou seja, o patrimônio contábil que ela possuía em 2019 foi todo consumido por resultados operacionais ruins e despesas financeiras.

Para piorar, ontem, a OIBR3 informou que irá atrasar a entrega das demonstrações financeiras do primeiro trimestre de 2022, mais um sinal negativo já que estamos quase fechando o segundo trimestre e pouquíssimas empresas da Bolsa ainda não divulgaram esses informes. Na verdade, o tempo padrão se encerrou por volta de 20 de abril deste ano, portanto, a empresa já está há dois meses atrasada e isso não deve significar notícias positivas para os seus investidores.

Não é exagero dizer que a empresa corre o risco de quebrar e não pagar seus credores e isso pode ser percebido quando analisamos os seus títulos de dívidas que perderam 30% do seu valor de mercado desde dezembro de 2019. Soma-se a isso uma dívida que dobrou no mesmo período e com muito menos ativos, já que a empresa vem realizando vendas.

As ações da Oi chegaram a negociar por R$ 2,50, o que representa uma queda de 80% desde o último topo que ocorreu em janeiro de 2021.

Essa queda não é muito diferente de várias boas empresas da Bolsa brasileira, mas que, provavelmente, vão conseguir sobreviver e entregar retornos melhores do que a companhia de telefonia.

Nesse nosso retrospecto, a situação da companhia vem claramente se deteriorando com menor participação nos ativos do que o esperado e uma dívida que vem crescendo rapidamente.

Em algum momento pode até ter parecido que a empresa iria executar bem seu plano de recuperação, mas ao longo do tempo isso não ocorreu porque a dinâmica e condições de mercado mudaram muito.

Conclusão

Pelas razões apresentadas, nossa visão é de que os investidores com posição em OIBR3 não devem tentar recuperar o investimento neste ativo. Portanto, a melhor opção é trocar esta posição por uma empresa com bons fundamentos, aproveitando a queda recente da Bolsa e usando o dinheiro da venda das ações da Oi para alocar capital nessas oportunidades que foram abertas em outras ações nos últimos meses.

João Abdouni, analista CNPI na Inv Publicações. 

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