ESG é um processo, uma mudança, não um modismo, assim como o clima e a diversidade.

A frase é de Ludovino Lopes, mediador da Mesa sobre “Inovação e ESG de mãos dadas para o sucesso empresarial” promovida, dia 31 último, pelo Instituto Kapok de Inovação Corporativa. Para a palestrante convidada Tatiana Maia Lins (que nos deu o privilégio de um artigo para esta coluna, sobre governança, no dia 11 de janeiro deste ano), ESG e Inovação “se cruzam” e por isto mesmo “deveriam ser pauta de governo, porque o Brasil não pode mais ficar pra trás”.

Ela que falou sobre reputação (“crises afetam a reputação das empresas”), discorreu também acerca do capitalismo clássico e do capitalismo de stakeholders, na live. Para Tatiana, a inovação “não deve ser apenas tecnológica mas, também, social”. Ao defender a inovação como política de estado, lembrou que no Índice de Competitividade do Fórum Econômico Mundial, abarcando 141 países, há 20 anos o Brasil estava à frente da China. “Em 2019, quando éramos a 9ª economia do mundo, estávamos em 71º lugar em competitividade e hoje, que somos a 12ª, em que lugar estamos?” – indagou.

Sonia Favaretto (que abrilhantou a estreia da coluna Via Sustentável, com um artigo intitulado “Pelo Grande Reset”, ao tratar de mudanças climáticas) concordou com Ludovino, e a colega Tatiana, afirmando que “ninguém dorme e acorda sustentável. Trata-se de uma jornada a ser cumprida e a inovação é totalmente ligada à sustentabilidade”. É a ambidestria organizacional.

Já Rodrigo Figueiredo enfatizou sua vivência na África e a passagem profissional pelo nordeste brasileiro (“existem muitas Áfricas dentro do Brasil”), argumentando que as novas gerações já estabelecem novas relações sociais e de consumo e que as empresas precisam ajustar as práticas ESG com inovação, sob risco de perderem fornecedores, colaboradores e clientes.

MÃO NA MASSA

BTG Pactual, Cosan, EDP e Eurofarma uniram esforços para ajudar (um pouco mais) no combate à pandemia. As empresas apoiam o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) na contratação de profissionais da saúde para o atendimento de pacientes infectados com o novo coronavírus.

Juntas, as empresas vão viabilizar a contratação de 386 profissionais, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e auxiliares de enfermagem. Com isto, haverá aumento da capacidade de atendimento a pacientes com a Covid-19 e a abertura de 56 novos leitos de UTIs e 75 de enfermaria. 

TÍTULOS VERDES

O BNDES acaba de lançar um framework para orientar as futuras captações, via emissão de títulos verdes. Além de energias renováveis, incluiu mais cinco setores: eficiência energética, transporte limpo, prevenção da poluição, uso do solo (florestas e agricultura sustentável) e saneamento básico.

No ano passado o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social captou R$ 1 BI em letras financeiras verdes para viabilizar o financiamento de projetos de energia eólica e solar.

CEDAE

E por falar em BNDES… o banco divulgou as condições para o leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE), esperado para o dia 30 deste mês. Pelo exposto, o BNDES poderá financiar até 30% do valor mínimo de outorga (previsto em R$ 10 BI).

Já passa de 10 as empresas interessadas na companhia de águas. Destas, três são chinesas.

AGRO

A M. Dias Branco concluiu captação de R$ 811,6 milhões por meio de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), classificados como Títulos Verdes. O montante será utilizado na promoção e incentivo da agricultura sustentável de seus fornecedores.

A companhia está alinhada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

CHAPULETADA

A expressão acima é bem popular, mas serve para ilustrar o que acontece com companhias abertas, no Brasil, desde o ano passado. Segundo a Economática, este segmento perdeu R$ 91,7 bilhões em valor de mercado somente no 1º TRIM deste ano.

Ano passado, no 1ºTRIM tinha ocorrido queda de R$ 1,55 trilhão e no 3º

TRIM outros R$ 17,6 bilhões. Noves fora, o valor das 279 companhias analisadas é de R$ 4,87 trilhões no fechamento do 1ºTRIM deste (31 de março), contra R$ 4,96 trilhões em dezembro de 2020.  

SUBSETORES

Ainda segundo a consultoria Economática, dos 40 subsetores em que se dividem as companhias listadas na B3, nada menos que 25 apresentam queda de valor de mercado, sobretudo as de comércio.

De outro lado, os 15 positivos são liderados por empresas de mineração, seguidas por companhias de serviços médico-hospitalares. Na Bolsa, as processadoras de alimentos também não podem se queixar.

JOINT VENTURE

A Marfrig Global Foods anuncia a nomeação de John Pinto como CEO da PlantPlus Foods, joint venture criada entre a companhia e a ADM.

Experiente em marketing e planejamento estratégico, Pinto saiu da Coca-Cola Company para ingressar nesta controlada da Marfrig, com escritório em Chicago (USA).   

TROCA

O Conselho da SulAmérica aprovou a eleição de Ricardo Bottas Dourado dos Santos para o cargo de presidente. Há cinco anos na empresa, e desde 2017 como VP de Controle e de Relações com Investidores, ele é administrador de formação, com especialização em finanças corporativas. Substituirá Gabriel Portella Fagundes Filho, que vai para o Conselho.

REFORÇO

A Ambipar, companhia voltada à gestão ambiental, reforçou sua área de Relações com Investidores, por meio da contratação de Fábio da Costa Castro. Com isto, o então head Thiago Silva faz a transição e passará a se dedicar exclusivamente à função de CFO da companhia.

Fábio Castro (ex-Itaú, JSL e Movida) terá a missão de ampliar e diversificar a base de investidores locais e estrangeiros, aumentar a cobertura de analistas e melhorar a comunicação com o mercado de capitais. Para ele, a Ambipar “tem os temas ESG em sua essência, tornando-se fundamental no ciclo do cliente, principalmente agora, que o tema está sendo cada vez mais evidenciado e demandando”. Junto dele irão mais dois profissionais para a área de RI.

ACÚMULO

Antônio Cássio dos Santos, que acumulava a presidência executiva e a do Conselho de Administração do IRB-Brasil, passa a ocupar exclusivamente a presidência do Conselho.

Em reunião ocorrida no dia 26 último, a companha decidiu eleger um outro CEO, a fim de melhorar a governança. O processo de escolha ainda não está fechado.

EMBAIXADORA

Parceira do Portal Acionista, a jornalista Sonia Araripe, diretora da Revista (e site) Plurale, recebeu o título de Embaixadora do Turismo do Rio de Janeiro. Em sua 31ª edição, a premiação reconhece personalidades que enaltecem o Rio. Junto dela, em um seletíssimo grupo, também recebeu a honraria a pneumologista Margareth Dalcomo (Fiocruz), além de empresários e representantes do setor de turismo.

ESTRATÉGIA

Tatiana Maia Lins, criadora da consultoria de reputação Makemake e professora de Sustentabilidade na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), foi eleita vice-coordenadora do Comitê Aberje de Comunicação e Estratégia em ESG.

Ela vai trabalhar junto com Natália Tamura e um time de pessoas comprometidas com as práticas de ESG, na Associação Brasileira de Comunicação Empresarial.

ARTIGO

A evolução da sustentabilidade dentro da estratégia das empresas

(*) Guilherme Setúbal & Giancarlo Tomazim

Todo negócio visa alcançar um patamar de crescimento sustentável e ter boa reputação entre seus stakeholders. Nesse sentido, ao longo das últimas décadas, as organizações passaram a inserir em suas agendas temas que tocam a sociedade. Podemos afirmar, portanto, que os conceitos de sustentabilidade ganharam força dentro desse cenário, pautando as discussões sobre futuro nas organizações, bem como suas estratégias de investimento. Dessa maneira, tornou-se cada vez mais urgente a necessidade de estabelecermos conexões entre os resultados econômico-financeiros das empresas e o compromisso orientado para um impacto positivo na sociedade. Essa construção é permeada por diversos movimentos de mudança não somente na postura da indústria, mas também na evolução do papel do consumidor dentro dessa equação.

O princípio da discussão se deu ainda na década de 70, cujo marco foi a Conferência de Estocolmo, primeira reunião oficial organizada pela ONU. Ao todo, 113 países e 250 organizações não-governamentais participaram da iniciativa para fazer um balanço do cenário ambiental em todo o mundo, além de buscar soluções e políticas para reduzir o grande número de problemas causados pelo desenvolvimento desenfreado das sociedades, pautados na limitação dos recursos naturais. No entanto, de maneira geral, acreditava-se que a resposta para a questão estava em modernizar processos produtivos que, junto com a legislação e iniciativas de controle de poluição, daria conta do recado.

Do ponto de vista das indústrias, até anos 1980, os esforços estavam direcionados para a produção em massa. A atividade incessante para oferecer cada vez mais ao consumidor era o objetivo de todas as empresas, cuja estratégia era centrada na entrega de algo funcional e operacional. Esse movimento refletia o comportamento do próprio mercado que, devido ao início da produção em larga escala e ao desenvolvimento de novas tecnologias, transformava a economia mundial e, por consequência, a vida dos consumidores que passaram a ter acesso a uma gama extensa de marcas e produtos. Sustentabilidade era ainda um conceito pouco familiar e pouco discutido.

Nos anos 90, a visão da indústria começou a mudar, principalmente em razão de um novo olhar para o consumidor, que passou a ter seu protagonismo reconhecido pelas estratégias de negócios. Ou seja, as empresas começam a buscar transmitir valor emocional, além de funcionalidade. Em contrapartida, o impacto da exploração massiva de recursos ficava cada vez mais evidente, estimulando discussões sobre o quanto as práticas econômicas e o atual modelo de desenvolvimento seriam sustentáveis em longo prazo. O ano de 2010, em particular, foi um grande divisor de águas nesse sentido, uma vez que houve um movimento conjunto de empresas que passaram a integrar sustentabilidade como vantagem competitiva nos negócios. Foi justamente nessa década, que praticamente todas as companhias criaram diretorias ou gerências de sustentabilidade.

Em linha com este movimento mundial, foi também neste período que a Duratex colocou em curso um importante planejamento estratégico, balizado por uma temática de sustentabilidade que transcende o próprio negócio. Começava, então, a busca dos primeiros certificados florestais e o aculturamento interno sobre a importância do desenvolvimento de práticas que tragam perenidade aos negócios, sem prejudicar as gerações futuras, compromisso que é mantido até hoje. A companhia, portanto, trabalha com a premissa de permanência de forma alinhada, integrando aspectos econômicos, sociais e ambientais e já vem colhendo frutos. Há 13 anos consecutivos, a Duratex integra a carteira do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) na BM&FBovespa, importante ferramenta de análise da performance das empresas listadas na B3 sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, além de reunir uma série de outros reconhecimentos e certificações que refletem o comprometimento da companhia com o tema.

Para a Duratex, a sustentabilidade traz consigo o desafio de unificar a estratégia do negócio, inovação, comunicação da marca, propósito e cultura. Diante disso, a companhia enxerga em suas atividades – e consequentemente na indústria como um todo – um papel essencial de fomentar o desenvolvimento de soluções de baixo impacto, que englobem os pilares de eficiência operacional, equilíbrio ambiental, justiça social e governança. Para nós, portanto, nenhum negócio será perene se ele não for permeado pelos valores da sustentabilidade e acreditamos que a discussão iniciada nos anos 70 pela Conferência de Estocolmo jamais se esgotará. 

(*) Guilherme Setúbal é gerente de Revenue Growth Management Deca e Giancarlo Tomazim é gerente de Inovação Corporativa & Sustentabilidade da Duratex

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