Divulgado na manhã de terça-feira (27), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) referente a agosto mostrou uma desaceleração na inflação mensal, que caiu para 0,19 p.p., em comparação com 0,30% registrado em julho.

O resultado ficou ligeiramente abaixo de projeções consensuais do mercado financeiro, que era de 0,20%.

Na taxa anualizada, permanece uma tendência de baixa

Em termos anuais, a variação acumulada da prévia da inflação recuou para 4,35%, uma leve redução em relação aos 4,45% registrados nos doze meses até julho e um pouco abaixo dos 4,38% projetados para agosto.

De acordo com Flávio Conde, analista de investimentos da Levante Investimentos, a desaceleração da inflação em momentos nos quais os índices de preços se aproximam do teto da meta, como sempre, surge como “uma boa notícia”.

Conde ressalta que, considerado o contexto atual, essa desaceleração sugere que a política monetária cumpre o seu papel ao levar os preços de volta à meta de 3,0%.

Mas, afinal de contas, quão sustentável pode ser esse movimento de desaceleração?

No entanto, surge uma questão crucial: a inflação realmente desacelerou ou o resultado de agosto foi apenas um desvio temporário devido à redução dos preços das passagens aéreas e ao retorno da bandeira tarifária verde nas contas de energia elétrica?

Conde observa que “o índice mensal ficou abaixo do esperado, mas apenas um ponto-base, ou centésimo de ponto percentual”. Essa foi uma diferença pequena e, “portanto, não garante certeza de uma desaceleração contínua”.

Possíveis implicações para a política monetária

Se o resultado tivesse mostrado uma inflação marginalmente acima do esperado, isso indicaria uma pressão inflacionária persistente e poderia justificar um ajuste na taxa básica de juros Selic, conforme o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC), que se reúne nos dias 17 e 18 de setembro.

Conde pontua que “um cenário inverso, com inflação acima do esperado, sinalizaria uma continuação da pressão de alta nos preços”, e, com isso, justificaria expectativas de aumento na taxa de juros.

Próximos passos e expectativas do mercado financeiro

Para obter uma visão mais clara sobre a tendência da inflação, Conde afirma ser necessário aguardar a divulgação do IPCA completo na primeira semana de setembro, bem como as próximas edições do Boletim Focus.

“Até lá, os mercados de juros poderão experimentar volatilidade devido ao noticiário e as ações dependerão mais das notícias corporativas”, conclui.

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