O encarecimento dos alimentos ao consumidor e a alta do dólar, com efeito nos preços do atacado, são os primeiros efeitos da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus na inflação de março, segundo o coordenador do Índice de Preço ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), André Braz. Puxada pela corrida das famílias aos supermercados em tempos de isolamento social, a inflação dos alimentos poderá afetar mais fortemente os mais pobres.

Mais cedo, a FGV informou que o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) acelerou para 1,64% em março, após um avanço de 0,01% em fevereiro, puxado pelos preços no atacado – o IPA-DI acelerou para 2,33%, de -0,03% em fevereiro. O IPC-DI, que mede os preços ao consumidor, acelerou de uma queda de 0,01% para uma alta de 0,34%.

Embora tenha menos influência na aceleração do IGP-DI agregado, o IPC-DI foi puxado pela alta na classe Alimentação avançou de 0,35% para 1,35%, com altas tanto nos alimentos processados quanto nos in natura.

Segundo Braz, a corrida aos supermercados para preparar as dispensas para dar conta de mais gente ficando em casa, seja trabalhando remotamente, seja sem poder sair para evitar o contágio da covid-19, foi a principal responsável pela aceleração da inflação de alimentos.

“Todo mundo correu, pressionando a oferta, que não estava perfeitamente ajustada para aquela correria das famílias”, afirmou Braz, ressaltando que ainda houve consumidores que compraram até mais do que o necessário, com receio de haver falta de estoques mais à frente. “O básico de cesta básica avançou bem. E não havia razão de não fosse por uma demanda um pouco maior, mas isso é um efeito temporário”, completou.

Embora seja temporária e não mude o cenário de inflação baixa em 2020 como um todo, a pressão nos alimentos preocupa as famílias de menor renda no curto prazo. Isso porque, entre os mais pobres, o peso dos gastos com alimentos dentro do orçamento doméstico é maior. E, para piorar, atingirá essas famílias num momento de renda apertada, já que o isolamento social tende a atingir mais diretamente os trabalhadores informais.

Já os efeitos da alta recente do dólar ainda não chegaram aos consumidores, mas estão sendo absorvidos pelos produtores. A aceleração do IPA-DI foi puxada pelas commodities, como o minério de ferro (de -4,03% em fevereiro para 14,39% em março) e da soja em grão (-1,09% para 7,33%), enquanto os componentes industriais, muitos deles importados, avançaram de 0,70% em fevereiro para 2,92% em março.

Segundo Braz, as altas se seguiram a um avanço de 12,5% na taxa de câmbio média, que passou de R$ 4,34 por dólar em fevereiro para R$ 4,88 em março. No cenário para o ano como um todo, o pesquisador do Ibre/FGV antevê o dólar acomodando em R$ 4,50, o que reduziria o espaço para repasses de aumentos de custos aos preços no varejo.

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