A maior parte da América Latina tem baixos níveis de desenvolvimento. Além disso, mesmo as regiões mais favorecidas estão longe dos melhores padrões mundiais. É o que revela a da primeira versão do Índice de Desenvolvimento Regional para a América Latina (IDERE Latam), uma ferramenta que mede o desenvolvimento no nível territorial de 8 países latinos, incluindo o Brasil. O índice foi lançado nesta quarta-feira, 14.

Segundo o índice, 61% das regiões investigadas apresentam níveis médios ou inferiores de desenvolvimento. Apenas 7% – ou 13 regiões – pertencem ao grupo de alto desenvolvimento. Seis destas regiões estão no Chile, outra meia dúzia está no Uruguai e uma na Argentina.

O estudo indica ainda que no nível médio-alto estão unidades da Argentina, Uruguai, Chile e Brasil. Já no nível médio aparecem unidades do México, Colômbia e Brasil. No baixo nível de desenvolvimento existem apenas 7 regiões, o equivalente a 4% do total, dominadas quase inteiramente pela Colômbia e El Salvador.

O Chile é o país com o desenvolvimento regional mais equilibrado da América Latina, o que significa que a distância entre a região mais e menos desenvolvida desse território é a mais delimitada do subcontinente. Uruguai e Argentina vêm a seguir. Por outro lado, a Colômbia apresenta um grande déficit de desenvolvimento, seguida pelo Paraguai, Brasil e México.

No caso de El Salvador, todas as suas regiões estão abaixo da média latino-americana, um aspecto preocupante, visto que a média do país apresenta produtividades próximas às regiões com os menores IDEREs.

Foram consideradas na elaboração do índice as Províncias da Argentina, os Estados do Brasil e México, as regiões do Chile e os Departamentos da Colômbia, El Salvador, Paraguai e Uruguai. Ao todo, foram analisadas 182 unidades em nível subnacional, que concentram 82% de toda a população latino-americana.

A pesquisa é um esforço coletivo de oito universidades e centros de estudos da América Latina, liderado pelo Instituto Chileno de Estudos Municipais (ICHEM) da Universidade Autônoma do Chile e o Instituto de Economia (IECON) da Universidade da República do Uruguai.

As instituições que também fazem parte desse projeto latino-americano são: Fundação Getulio Vargas (Brasil), Universidade de Los Andes (Colômbia), Universidade de Guadalajara (México), Universidade Tecnológica Nacional (Argentina), Centro de Análise e Difusão da Economia Paraguaia (Paraguai) e Fundação Salvadorenha para Desenvolvimento Econômico e Social (El Salvador).

Segurança

O Índice IDERE LATAM mostra que, em termos de segurança, 54% das regiões analisadas na América Latina estão abaixo do nível médio. Em contrapartida, 22% apresentam níveis muito altos ou altos.

Os resultados são entre zero e 1, onde zero expressa o desenvolvimento mínimo e 1 o máximo. Dessa forma, o IDERE LATAM considera 25 variáveis por meio de oito dimensões: Educação, Saúde, Bem-estar e Coesão, Atividade Econômica, Instituições, Segurança, Meio Ambiente e Gênero.

Sobre Meio Ambiente, o índice revela que 81 unidades analisadas tiveram níveis médios a baixos, enquanto 31 possuem níveis muito altos de desenvolvimento.

“Embora estejamos em um continente diverso e rico em ecossistemas, há séculos a sustentação do subcontinente tem se baseado em cadeias extrativistas e produtivas sem critérios de sustentabilidade e pouco amigáveis ao meio ambiente”, explica Adrián Rodríguez Miranda, coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Desenvolvimento Territorial da Universidade da República, do Uruguai, e um dos coordenadores gerais do estudo.

Uma terceira dimensão que apresenta diferenças marcantes na América Latina é o Bem-estar e Coesão: 73% dos territórios estudados encontram-se em nível de desenvolvimento de médio a baixo nessa categoria; e apenas 13% das regiões atingem o nível médio e alto, estando todos concentrados no Uruguai.

Quanto à dimensão Educação, 73% das regiões da América Latina apresentam desempenho médio-alto ou superior, e apenas 2 regiões estão na faixa inferior do estudo. Na dimensão Saúde, que considera a expectativa de vida ao nascer, a taxa de mortalidade infantil e a taxa de suicídio, a América Latina apresenta, em geral, um alto desempenho.

Já na dimensão Econômica, a IDERE Latam revela que 69% das regiões estão em nível de médio a baixo, sobretudo, porque o PIB per capita está em um nível baixo em todo o subcontinente, o que tem um impacto negativo no desempenho da dimensão em estudo. Segundo os coordenadores do levantamento, essa situação tende a se agravar, em função da pandemia.

Na dimensão institucional (análise de receita própria/receita total – participação nas eleições – corrupção), dados preocupantes podem ser observados. Nesse segmento, 64% das regiões registram um nível médio-baixo ou baixo. O que é alarmante nesses dados é que o nível de desenvolvimento regional baseia grande parte de seu crescimento na robustez das instituições.

Por fim, na dimensão de Gênero, apenas duas regiões atingem níveis elevados Buenos Aires e Bogotá, já o restante do subcontinente apresenta desempenho médio. Esses resultados mostram que gênero é a dimensão com menos desequilíbrio da América Latina.

Brasil

São Paulo é a unidade com melhor desempenho do Brasil, ocupando a 16ª posição no ranking geral do IDERE Latam. Montevidéu, no Uruguai, lidera o ranking geral.

O professor da FGV EAESP, Eduardo Grin, que colaborou na construção do Índice com a análise dos resultados do País, destaca que analisar o desenvolvimento regional não é tarefa simples para uma nação muito heterogênea e desigual, onde os mesmos indicadores apresentam resultados muito diferentes.

“O Brasil é um país continental. Como cada região e até mesmo cada Estado têm características próprias, a questão do desenvolvimento regional se torna uma das mais complexas na agenda política do governo”, disse Grin, acrescentando que o IDERE é uma ferramenta que visa a subsidiar a tomada de decisão governamental com foco nas políticas que enfrentem os desafios da desigualdade social e do desenvolvimento humano.

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