O binômio harmonia e energia é não só desejável – em se tratando de bem-estar e, no caso, tratamos do “estado de bem-estar social” que abrange as áreas social, política e econômica, na definição da sociologia, atribuindo ao Estado a tarefa de organizar a economia e prover os serviços básicos à população – como essencial para o funcionamento institucional e operacional.

A harmonia, reivindicada no tempo presente, é entre os Poderes da República, dos quais se esperam ações pró-ativas em favor do crescimento do país, bem como de sua organização política e social, a fim de minorar – sobretudo este! – o flagelo do desemprego. É preciso punir a corrupção e desestimular a picaretagem em todos os seus níveis e isto se faz com entendimento, harmonia. Empresto do espanhol a expressão “concertación” (de que gosto, pois entendo que define) para que inspire nossas lideranças a trabalhar em favor do Brasil como um todo.   

Nesse contexto de necessidade de impulsionamento do país está a energia. Não se liga uma máquina ou se abre um simples celular se não existir energia. Culpar a falta de chuvas, em um país que fomentou sua matriz energética em hidrelétricas, é simplista demais e não nos serve. O apagão de 2001 deveria ter ensinado à classe política e burocratas de plantão que era preciso trabalhar em favor do presente e de um futuro logo à frente. Passamos da fase de fazer procissão ao Padim Ciço para resolver questões terrenas que dependem de planejamento e investimento e não apenas de fé.

Com apagão, o PIB de 2022 não será pequeno; será negativo, calculam experientes economistas.    

COMPENSAÇÃO

O Ministério de Minas e Energia criou um programa voluntário de deslocamento de consumo de energia elétrica, informa a Agência Brasil. Ideia é que as indústrias concentrem a produção em horário fora do “pico”, a fim de reduzir o risco de apagão.

Embora sem definição ainda, governo estuda baratear energia em determinados horários, criando uma espécie de compensação financeira a quem aderir.

TILT

A proposta de deslocar o consumo para determinados horários funcionaria para alguns setores, não todos.  Pessoal do alumínio, por exemplo, já chiou, afirmando que maquinário parado há mais de 3 horas pode comprometer a produção e os próprios equipamentos.

Há caldeiras e outros maquinários na indústria petroquímica também que não podem ser desligados de forma aleatória. Não demora e surgirão outros setores defendendo a “sua sardinha” nesse braseiro gigante. Enfim, a discussão é longa mas precisa ser rápida.  

Analistas do mercado de capitais e investidores profissionais conhecem bem esta realidade.

BOVINOS

O registro de três casos da vaca louca no Brasil parece contornado. Até porque a Organização Mundial da Saúde Animal ratificou o diagnóstico brasileiro (de que são ocorrências isoladas), facilitando sobremaneira a vida dos produtores e exportadores.

Assim, as exportações que estão preventivamente suspensas deverão ser retomadas no decorrer desta semana; inclusive, e principalmente, para a China. 

SUÍNOS

As exportações de carne suína (inclusos todos os produtos, in natura e processados) registraram alta de 11,53%, em volumes, nos oito primeiros meses do ano, em relação a igual período de 2020. Informação é da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) que aponta um total de 756,5 mil toneladas entre janeiro e agosto de 2021, contra 678,3 mil toneladas em 2020.

Em receita, isso dá US$ 1,8 bilhão, número 21,3% maior que o apurado em igual período de 2020 (US$ 1,488 bilhão).

PARCEIROS

Ainda sobre exportação de carne suína, cabe registrar que a China manteve-se como principal destino dos produtos brasileiros, adquirindo 391 mil toneladas entre janeiro e agosto (+ 17% que o efetivado no mesmo período de 2020). Também foram destaques o Chile, com 43,4 mil toneladas (+76%); Filipinas, 15,9 mil toneladas (+203%) e a vizinha Argentina, com 19,2 mil toneladas (+88%). 

AVES

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou também que de janeiro a agosto foram exportadas (in natura e processados) 3,048 milhões de toneladas de carne de frango. Comparado com igual período de 2020, o volume é 7,58% maior.

Em receita, o período apontou exportações de US$ 4,893 BI, o que representa 18,2% de crescimento sobre o mesmo período do ano passado.  

Maiores compradores são China, Emirados Árabes Unidos e Japão.

PELOTAS

Na quinta-feira, 9, a Vale fez evento para investidores e analistas de mercado, mostrando investimentos de US$ 185 MM na modernização de (duas) usinas de pelotagem de Tubarão, em Vitória (ES).

Na oportunidade, diretoria também falou sobre a nova planta em Vargem Grande (MG) e no novíssimo produto chamado de “briquete verde”, um minério, segundo a empresa, capaz de reduzir em 10% a emissão de gases do efeito estufa durante a produção do aço.

CONTEINER

A Rumo, empresa do Grupo Cosan que opera modal ferroviário, passou a régua na disputa com os minoritários da Brado Logística (antiga subsidiária da ALL). Por acordo, adquiriu 15,42% do seu capital, desembolsando R$ 388 milhões. Até então a companhia detinha 61,71% do capital.

O procedimento arbitral foi comunicado à B3 na última sexta-feira. 

RI

A companhia Boa Vista (BOAS3) elegeu Mônica Simão como nova diretora de Finanças e de Relações com Investidores. Administradora de empresas, com MBA pela Fipecafi (FEA-USP) e pós-graduação em Economia e Negócios Internacionais pela Louisiana State University (USA) ela substitui Isolírio Schoneborn que renunciou ao cargo. 

REVISTA

E por falar em RI… e mulher… vale muito a pena conferir a nova edição da Revista RI (parceira do Portal Acionista).

A matéria “O Poder da Celebridades nos Conselhos e Comitês das Empresas” traz seis notáveis mulheres na capa. E, mais, duas matérias sobre ESG, também com chamadas fortes. Acesse o link http://www.revistari.com.br/254

ROXO

O 10 deste mês marcou o “Dia de Prevenção à Depressão e ao Suicídio”, no chamado Setembro Amarelo. Antes, no dia 8, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) alertou para o Setembro Roxo, o “Mês Nacional de Conscientização da Fibrose Cística”, doença genética, crônica e progressiva que afeta múltiplos órgãos, como pulmões, pâncreas, rins, fígado e aparelho digestivo.

ARTIGO

Redução de mistura de biodiesel traz insegurança jurídica, piora o meio ambiente e prejudica o desenvolvimento econômico do país 

(*) Francisco Sérgio Turra

Ao decidir pela redução da mistura de biodiesel para 10% (B10), o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) adotou uma medida que marcará 2021 como o período de maior retrocesso já aplicado à Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), que estabelece a aplicação de B13 desde março deste ano. A redução penaliza um setor, gera desemprego, desinvestimento, aumenta a poluição, a inflação, prejudica a economia e contraria o RenovaBio, afastando o país dos compromissos de descarbonização, que havia assumido. Isso sem contar a insegurança jurídica que a decisão gera ao desrespeitar o que estava previsto.

Cada 1% de biodiesel que se adiciona à mistura do diesel significa milhões em investimentos e bilhões a mais para o Produto Interno Bruto (PIB) do país. Cada 1% significa empregos para milhões de brasileiros e renda para milhares de famílias. Emprego e renda que se espalham pelo interior do país, beneficiando não apenas as cidades onde as usinas estão instaladas, mas todo um conjunto de municípios ao seu redor. Significa investir nos nossos pequenos e grandes produtores agrícolas, que dispõem de mais alternativas de comercialização de sua produção agrícola, multiplicando a riqueza gerada no campo, onde ela foi produzida. Na prática, a redução da mistura impacta nesses benefícios a toda a sociedade brasileira.

Analisando objetivamente as premissas da decisão, a redução da mistura do biodiesel é ineficaz para regular o preço do diesel na bomba, pois esta diminuição é rapidamente consumida pela alta do custo petróleo e da variação cambial, principais vilões resultantes das condições macroeconômicas que impactam diretamente o custo do diesel na bomba. Somado a isso, ao reduzir a mistura sem ter os benefícios no preço ao consumidor, uma série de efeitos colaterais tem danos comprovados para uma importante cadeia que gera investimento (setor já investiu mais de R$ 9 bilhões no país), emprego (a cadeia tem mais de 1,5 milhão de trabalhadores), imposto e riqueza na indústria e no agronegócio do Brasil.

Como o país não é autossuficiente em produção de petróleo, a decisão vai exigir a importação do produto gerando emprego e divisas no exterior, bem como poluição no Brasil. Entre 2008 e 2020, o biodiesel proporcionou a redução na importação de 47 bilhões de litros de diesel fóssil, o que representa uma economia de mais de US$ 30 bilhões que deixaram de ser remetidos ao exterior.

Em 2020, foram importados 11,8 bilhões de litros de diesel A (sem mistura de biodiesel) a um custo de US$ 4 bilhões. O volume total de consumo de Diesel B (com mistura de biodiesel) atingiu 57,5 bilhões de litros, enquanto a produção de biodiesel foi de 6,4 bilhões de litros. Se não fosse o biodiesel, o país teria que importar adicionalmente esses mesmos 6,4 bilhões de litros de diesel de petróleo.

É importante salientar que o verdadeiro custo da redução do percentual de biodiesel ao diesel fóssil já está sendo percebido pelo consumidor brasileiro com a elevação nos preços das carnes, ovos e produtos lácteos em razão da redução da oferta de farelo de soja. Esse produto, fundamental para a ração animal, é resultado do esmagamento da soja em grão para a produção de óleo. Reduzir a mistura tem impacto direto no aumento da inflação. Com menos biodiesel, há menos farelo para a alimentação animal e, em consequência, elevação dos preços da criação.

Se não bastasse isso, do ponto de vista social, no ano passado, 98,4% do volume comercializado de biodiesel veio de usinas com Selo Biocombustível Social, que adquiriram da agricultura familiar quase R$ 6 bilhões em matéria-prima, um aumento de 29% frente aos números de 2019. Para atingir essa marca mais de 74 mil famílias foram contratadas, um crescimento de 25% frente a 2019. A redução desconsidera todo o ciclo desta cadeia e prejudica, também, o meio ambiente, pois o biodiesel é fundamental para uma transição energética para uma matriz mais limpa.

Ao optar em poluir mais com a redução da mistura, o país se afasta dos compromissos que recentemente anunciou para atingir metas de descarbonização previstas para o Acordo de Paris. Menos biodiesel equivale a mais poluição, mais doença, mais mortes e mais custos para os serviços de saúde.

A Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (APROBIO) considera que somente com a manutenção dos compromissos já assumidos pelo governo é possível manter as conquistas do RenovaBio e do setor de produção do biodiesel, um verdadeiro patrimônio nacional. Este é um caminho sem volta e que precisa ser valorizado.

(*) Francisco Sérgio Turra é presidente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (APROBIO).

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