CENÁRIO EXTERNO

Pandemia em foco

Mercados

Mercados asiáticos encerraram a última sessão da semana com desempenhos predominantemente negativos, sem grandes destaques. Na zona do euro, bolsas também amanheceram com viés baixista: o Stoxx 600, índice que abrange uma gama de ativos de todo o continente, recua cerca de 1,1% até o momento. Em NY, índices futuros também esboçam uma abertura desfavorável para as bolsas americanas, com quedas da ordem de 0,8%, enquanto o dólar (DXY) opera próximo à estabilidade contra os seus principais pares. Na fronte das commodities, ativos ilustram a mesma piora de sentimento verificada nos mercados acionários. O preço do petróleo (Brent Crude – ICE) cai 2,3%, ficando em torno dos 54,84/barril.

Pandemia em foco

Ativos de risco estão amanhecendo em tom negativo, após índices americanos testarem máximas na 5ªfeira e em meio à intensificação dos lockdowns europeus. Ao todo, a pandemia segue se mostrando como um enorme desafio ao redor do mundo, com intensificação das restrições de mobilidade na zona do euro e na Ásia – movimento que ameaça a retomada da economia global neste início de 2021. Ainda neste contexto, as campanhas de vacinação seguem engatinhando, com a falta de vacinas se colocando como um dos principais problemas.

Europa ameaça nova recessão

As leituras preliminares de janeiro do Índice de Gerentes de Compra (PMI, na sigla em inglês) publicado pelo IHS Makit apontaram para uma grande probabilidade de a economia europeia entrar em recessão neste início de 2021. Com uma contração esperada para o 4º trimestre de 2020, a situação entrando neste novo ano não parece nada favorável. O índice composto, que mede a atividade nos setores industrial e de serviços, registrou uma queda para 47,5 dos 49,1 registrado em dezembro – uma leitura inferior a 50,0 sinaliza contração da economia -, refletindo a piora do quadro sanitário e a reintrodução de medidas de distanciamento ao redor do continente. A Alemanha, ainda liderando o movimento de retomada, avançou ao menor ritmo desde o início do movimento de recuperação em julho, enquanto uma piora foi sentida de forma generalizada ao redor de todo o bloco europeu. Como já era de se esperar, o setor de serviços segue como principal responsável pela piora, sendo muito prejudicado pelas restrições implementadas na luta contra a covid-19.

Mais agenda

O mesmo dado divulgado para a economia europeia (PMI/Markit) nesta madrugada sai nos EUA, às 11h45, onde a expectativa também é de piora na margem. À tarde (13h), o investidor recebe os estoques brutos de petróleo do Departamento de Energia dos Estados Unidos.

CENÁRIO BRASIL

O vai e vem das vacinas e do auxílio

Pandemia e risco fiscal

Enquanto o agressivo e contínuo ressurgimento da pandemia acelera o número de casos e hospitalizações, força a reimplementação de medidas mais restritivas e causa uma deterioração adicional do ambiente econômica, seguem vivas as pressões pela extensão do auxílio. No pregão de ontem investidores promoveram um sell-off dos ativos por conta de comentários feitos por Rodrigo Pacheco, candidato à presidência do Senado, em defesa da extensão do benefício governamental; o movimento acabou alimentando a narrativa de risco fiscal e todos seus desdobramentos práticos. O dólar retomou forte trajetória altista, subindo quase 1%, e as taxas de juros de longo prazo aumentaram vertiginosamente, com o DI27 subindo 11 pontos base no intraday.

Equipe econômica se mobiliza

Em linha com seu apego ao fiscalismo, integrantes da equipe econômica se movimentam para resistir à pressão exposta acima, argumentando que não faz sentido estendê-lo, pois serve como forma de garantir renda em meio ao isolamento social e quarentena, e não quando as pessoas já retornaram, em boa parte, às atividades presenciais. Um dos principais fatores para determinar a necessidade do auxílio, de acordo com a equipe econômica, é o índice de isolamento social, que está atualmente abaixo de 40%. Caso o índice ultrapassasse 50%, criaria maiores razão para a extensão do auxílio.

Estado das vacinas

Após alguns reveses e desentendimento, o Governo Federal e a Índia selaram o acordo para a importação de vacinas da AstraZeneca/Oxford. O país asiático comunicou que liberou a exportação de duas milhões de doses que devem chegar hoje à tarde. Ainda que positivo, é importante relembrar que a quantidade está longe de ser suficiente para levar a frente o Plano Nacional de Imunização. Resiste, todavia, a pressão derivada da falta de insumos para produção local dos imunizantes. Quanto a isto, o instituto Fiocruz já alertou que o cronograma de produção foi estendido para março. Com o prolongamento, mesmo que parcial, dos efeitos econômicos da pandemia devido ao atraso na produção de vacinas e, consequentemente, da campanha de vacinação, cresce a expectativa de contração da atividade no primeiro trimestre do ano.

Temos que mudar de ritmo

É proeminente compreender que os riscos associados à produção das vacinas, ao recrudescimento da pandemia e à dinâmica as contas públicas andam de lado. O atraso na produção de vacinas torna o recrudescimento da pandemia mais preocupante, mantendo a pressão sobre as contas públicas em alta. Em outras palavras, a vacina é a melhor política econômica neste momento, tanto em termos de crescimento econômico quanto em termos de saúde das contas públicas. Ela resolve o duplo problema de difícil resolução que sua própria indisponibilidade cria. Ou seja, garante o crescimento econômico ao mesmo tempo em que ofusca a pressão por mais gasto público. Ainda, na medida em que resolve a pressão fiscal, inibe, também, uma alta precoce da taxa de juro, permitindo que a política monetária fique em estado estimulativo pela maior duração de tempo possível.

Na agenda

Não existem indicadores relevantes a serem divulgados ao longo desta 6ªfeira.

E os mercados hoje?

Mercados globais ensaiam fechar a semana em queda, colocando um fim a mais uma sequência de ganhos relevantes para bolsas americanas enquanto os desafios relacionados à pandemia seguem tomando conta do noticiário. No Brasil, o mercado voltou a descolar do exterior nesta 5ªfeira após declarações de candidatos favoritos às presidências do Legislativo em defesa da extensão do auxílio emergencial. De fato, o quadro sanitário não dá sinais claros de melhora enquanto o governo segue encontrando diversas barreiras para dar andamento à campanha de vacinação contra o coronavírus. Desta forma, o investidor deverá seguir avaliando de maneira cautelosa os desenvolvimentos em torno da campanha de imunização enquanto avalia os riscos de um novo atraso tanto na esfera social como na fiscal. Tendo isto em vista, esperamos um dia de viés negativo para ativos de risco locais, que hoje não poderão contar nem com a dinâmica externa para aliviar o sentimento.

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