A simplificação dos tributos proposta pela reforma do governo, que o ministro da Economia Paulo Guedes entrega nesta terça-feira, 21, no Senado, é “muito bem vinda”, mesmo sem gerar mais receitas, avalia o diretor e economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, em live nesta tarde do Estadão. “A carga tributária é extraordinariamente alta no Brasil, é muito pesada, elevada, comparada com emergentes, com a média da OCDE”, afirmou ele, que vê urgência maior no ajuste fiscal, na medida em que o Brasil vai sair da pandemia com as contas públicas mais vulneráveis.

Ramos ressaltou que o sistema tributário brasileiro por ser muito complexo, acaba gerando muitas distorções. “Todo mundo concorda que é necessário fazer uma reforma no Brasil”, disse o economista do Goldman. “A própria tributação vem de instrumentos muito ineficientes”, completou. “O Brasil tributa muito, gasta muito mal e investe pouco. É preciso aumentar a eficiência do gasto.”

A reforma tributária, reconheceu Ramos, é uma agenda muito “complexa, densa” e que “claramente trará perdedores e ganhadores”, seja entre indústria e o setor de serviços, e entre Estados riscos e pobres. “Não é fácil conciliar todos os interesses.”

Fiscal

Para o economista do Goldman, apesar do empenho em avançar com a reforma tributária, a necessidade mais urgente do Brasil será prosseguir com a reforma fiscal, na medida em que o País já começou a pandemia com as contas públicas muito deterioradas. “O Brasil já tinha um problema sério, estava atrasado na agenda”, disse ele, ressaltando que há seis anos o País registra déficit primário e, para estabilizar o crescimento da dívida pública, será preciso voltar a gerar superávits.

“A situação fiscal que já era precária, vai ficar ainda mais vulnerável. As reformas fiscais se tornaram mais importantes e urgentes”, disse ele. Ramos prevê que a relação entre a dívida bruta e o Produto Interno Bruto (PIB) se aproxime dos 100%. “É necessário redobrar os esforços para as reformas fiscais que já estão pendentes para dar uma sinalização de médio e longo prazo de uma âncora fiscal.”

Ramos disse ainda que a recessão brasileira será profunda em 2020, mas tende a ser relativamente mais curta. Indicadores recentes da atividade têm vindo melhores que o esperado, disse ele, ressaltando que a dúvida é se este fôlego vai se manter. “Não dá para apostar em uma recuperação em V, não é o cenário mais provável”, disse ele.

Estrangeiros

Ramos, que mora em Nova York, ressaltou que a imagem do Brasil não está muito positiva entre os investidores, em meio a vários fatores, que incluem a questão do desmatamento na Amazônia, os ruídos políticos e o crescimento dos casos de coronavírus. “A visão do investidor é de pouco interesse, não tem crescimento, não tem retorno na renda fixa”, disse.

O investidor estrangeiro tem até participado de oferta de ações, como as recentes aberturas de capital e ofertas subsequentes, disse Ramos. Mas para estes agentes voltarem de vez, será preciso mais crescimento da economia. “Se o crescimento voltar, certamente volta o estrangeiro”, disse ele, ressaltando também que é importante melhorar o quadro político, marcado recentemente por embates institucionais e saídas de ministros.

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