O ano de 2020 foi de transformação para os Fundos Multimercados, e tudo indica que 2021 continuará abrindo boas oportunidades para aqueles com estratégias que consigam aproveitar a segurança da Renda Fixa com as oportunidades da Renda Variável.
Um levantamento realizado pelo economista Marcelo D´Agosto mostrou que quatro em cada dez Fundos Multimercados haviam atravessado o ano no vermelho até novembro. Por outro lado, seis em cada dez que haviam sofrido com as turbulências no primeiro trimestre de 2020 conseguiram dar a volta por cima: chegaram ao final do ano no azul.
De acordo com analistas, quedas foram vistas nestas aplicações na primeira metade do ano em razão da variação negativa de títulos conservadores, com papéis públicos, que chegaram a ter valor negativo no mercado secundário. Além disso, a Taxa Básica de Juros (Selic) em baixa e a disparada da inflação reduziram a atratividade desses fundos, que têm parte de seu patrimônio alocado em opções conservadoras.
Ao mesmo tempo, a retração do mercado de ações naquele período eliminou o “respiro” que os Multimercados tinham na sua parcela aplicada em ativos arriscados. Em alguns casos, as taxas de administração, em particular aquelas acima de 2%, corroeram os ganhos. A volta por cima começou quando estes fundos aproveitaram melhor sua liberdade para compor o portifólio e trocaram títulos da dívida e algumas ações por metais como ouro, por moedas e títulos estrangeiros.
Levantamento da Nova Futura Investimentos mostra que alguns Multimercados chegaram a se valorizar exponencialmente nos primeiros 11 meses do ano, dezenas de vezes acima do CDI, que valorizou 2,60% no período. O Chess Alpha Fic Fim subiu 43,6%, enquanto o Versa Long Biased FIM, saltou 83,7%, por exemplo.
“A tendência daqui para frente é que os Fundos Multimercados se beneficiem com o retorno gradual da atividade econômica no Exterior e no Brasil”, avalia Ruy Alves, gestor de ações globais da Kinea Investimentos.
Marco Harbich, estrategista da Terra Investimentos, segue linha semelhante. Analisa que, mesmo no atual cenário desafiador, os Multimercados são uma alternativa de tomada de risco pertinente ao atual momento. “Como já vislumbramos que o fundo do poço passou, existem melhores condições de tomada de risco”, explica. Ele recomenda Multimercados e bolsa pelos seguintes motivos: com a possível da retomada da economia estes ativos tendem a se valorizar, e, com a Selic em baixa, os investidores deverão buscar ativos com maiores riscos para encontrar melhores retornos.
A Vero Investimentos aponta que Multimercados com exposição ao Exterior também podem ser uma boa oportunidade nos próximos meses. A recomendação tem como base a perspectiva de que outros países devam se recuperar mais rápido que o Brasil da crise causada pela pandemia do Covid-19, parte disso em razão de já estarem distribuindo a vacina.
“A diversificação internacional é estratégica, pois ainda não temos boa visibilidade no curto e no médio prazos para o Brasil”, reflete Eduardo Akira, sócio da Vero.
O aumento na procura por este tipo de ativo aconteceu logo após o início da pandemia no Brasil, diz Akira, com a captação líquida saltando de R$ 3,37 bilhões em fevereiro para R$ 8,04 bilhões em março. Entre os ativos mais valiosos no Exterior estão fundos de ações e multimercado nos Estados Unidos e na Europa.