Seja bem vindo a mais uma edição da nossa Imersão Dividendos, que visa te ajudar a montar uma carteira focada na estratégia de renda através de proventos.

Hoje falaremos sobre os principais indicadores que você precisa ficar atento ao investir em empresas pagadoras de dividendos.

Dividend Yield

O Dividend Yield representa o percentual pago de dividendos nos últimos 12 meses em relação a cotação. Ou seja, se você quer investir em empresas que pagam bons dividendos, o ideal é procurar empresas com um DY acima de 4%, que hoje é um retorno de 2 vezes a Selic.

Existem diversos sites que fornecem o DY de uma empresa de forma prática, tais como StatusInvest, Fundamentus, Suno Analítica, etc. Se você mesmo quiser calculá-lo, basta buscar o site de RI (Relação com Investidores) da empresa – em nossa página Noticias das Cias você encontra as empresas e o link direto para o sites de RI – os dividendos por ação pagos pela empresa no último ano e dividir pela cotação atual.

Entretanto, um fator muito importante que você precisa ficar atento é em relação ao histórico desses pagamentos.

Para construir uma carteira de renda através de dividendos, você precisa receber esses dividendos de forma recorrente. Ou seja, precisamos checar se as empresas que pretendemos investir realmente pagam proventos todo ano, e o quanto elas pagam. Nada adianta a empresa possuir hoje um DY de 10% devido a um pagamento extraordinário por alguma venda feita, se em todos anos anteriores a empresa pagou somente 1% de DY.

Acima de tudo, queremos receber proventos de forma constante!

Yield on Cost

Esse indicador não te ajuda a investir em empresas pagadoras de dividendos em si, mas ele demonstra a importância de comprar boas ações a um preço descontado, além de te ajudar a ter um controle de o quanto você está recebendo em relação ao que você pagou.

Basicamente, o Yield on Cost é um indicador que demonstra os dividendos pagos por ação nos últimos 12 meses relativo ao preço médio de aquisição. Assim, quanto mais barato você comprar uma ação, maior será o DY relativo ao preço médio que você recebe no longo prazo. Portanto, torna clara também a importância de comprar barato.

Basicamente, se hoje você comprar uma empresa com 5% de DY, e que custa 10 reais, ela estará te pagando 50 centavos por ação por ano. Se daqui a 10 anos, a empresa tiver triplicado seus lucros, e ter seguido a proporção no pagamento de dividendos, você receberia R$ 1,50 por ação por ano. Ou seja, caso você mantivesse a empresa por 10 anos, você receberia 15% de yield por ano em relação ao preço de compra, além de toda a valorização e os proventos recebidos nesse período.

Parece surreal? Vamos a um exemplo real então.

A Unipar (UNIP6), há exatos 5 anos atrás (15 de janeiro de 2016), era negociada a R$ 3,32 por ação. Só nos últimos 12 meses, em um ano de pandemia, a empresa pagou R$ 1,22 por ação em proventos. Se o investidor tivesse comprado mil ações de Unipar em 2016 por R$ 3320,00, além da valorização expressiva da empresa, ele teria recebido só em proventos nos últimos 12 meses R$ 1.220,00, um belo Yield on Cost de 36% em apenas 5 anos.

Mas bom, já vimos que Yield on Cost não te ajuda a escolher as empresas em si, então qual é o ponto?

Crescimento

É através do crescimento de uma empresa que você pode protagonizar um investimento, como no caso da Unipar. Também é através do crescimento que você consegue identificar se uma empresa continuará pagando os proventos sem nenhum problema no futuro.

Desse modo, ao analisar potenciais empresas para compor sua carteira de dividendos, busque como a empresa tem se saído em relação a ela própria nos últimos anos. Seus lucros, suas receitas dos últimos anos estão crescendo?

Quanto maior o crescimento, melhor!

Entretanto, caso a empresa esteja tendo dificuldades de crescer seus lucros, é bom ficar atento e tentar entender o porquê isso está acontecendo, se é apenas temporário ou um motivo mais complicado.

Se uma empresa já é boa pagadora de dividendos, quanto mais ela crescer, maior serão os proventos que você receberá, assim como o Yield on Cost da sua compra.

Payout

Esse indicador demonstra o percentual do lucro líquido que a empresa pagou em dividendos nos últimos 12 meses.

No Brasil, é comum as empresas repassarem aos seus acionistas no mínimo 25% do lucro líquido, embora não seja obrigatório.

O principal ponto de destaque aqui é em relação a alguns extremos.

Na prática, se a empresa paga somente 25% do seu lucro líquido, e ainda tem um DY de 4% ou mais, acaba sendo um sinal de que, caso a empresa diminua suas tentativas de crescimento e deseje focar em repassar mais do seu lucro aos acionistas, esse DY tem potencial de aumentar muito. Então isso não é um problema, só demonstra que o principal foco da empresa não é pagar dividendos.

O principal problema aqui é quando o payout é muito alto, acima de 90%, pois isso tende a significar que a empresa não sabe mais pra onde crescer e o que fazer com o dinheiro, e então opta por pagar um alto percentual do lucro líquido para inflar o DY e assim chamar a atenção dos investidores para aumentar o preço da ação.

Se uma empresa paga mais de 90% do seu lucro em dividendos, de onde virá o tão importante crescimento?

Entretanto, fique atento, algumas poucas empresas são exceções nesse caso, principalmente companhias cujo as receitas são reguladas e acabam sendo previsíveis (caso do setor de energia elétrica). De qualquer forma, se você perceber que a empresa em que você pretende investir está com um payout acima de 90%, é bom ficar atento e tentar descobrir quais são as estratégias de crescimento da mesma.

Dívida

Esse ponto é extremamente importante antes de investir em qualquer empresa: a situação de endividamento.

O principal motivo para isso é que os juros pagos em cima da dívida podem corroer o balanço da empresa, e consequentemente diminuir a solidez financeira da companhia e sua capacidade de crescer e pagar dividendos.

Uma maneira bem simples de avaliar se uma empresa está endividada ou não é através do indicador DL/EBITDA, que você também consegue de forma prática nos sites descritos anteriormente.

Na prática, esse indicador é composto pela dívida líquida, que é obtida após subtrair o caixa da dívida bruta (DB – caixa e disponibilidades = DL), e pelo EBITDA, que são os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, que é obtido na Demonstração de Resultados de cada empresa, mas que os sites também te fornecem facilmente. Além disso, o EBITDA é usado como um valor aproximado da geração de caixa da empresa.  

Como regra de bolso, temos que quando a DL/EBITDA da empresa é superior a 3, a empresa está em uma situação que merece atenção redobrada, embora não necessariamente esteja endividada excessivamente.

Entretanto, salvo raras exceções (por exemplo, a Klabin por questões que trataremos em outro momento, e isso não por ser uma recomendação de compra), evite comprar empresas com esse indicador superior a 3. Como vimos acima, o EBITDA é uma aproximação da geração de caixa da empresa, então é interessante considerar a geração de caixa nos últimos 12 meses que não seja muito menor que 3 vezes o valor da dívida líquida.

Fique atento, isso não significa que quanto menor o indicador melhor, mas sim, em caso que ele esteja acima de 3 é um sinal de alerta redobrado. O motivo é que muitas empresas resolvem se endividar para crescer, por conseguirem taxas maiores de retorno em alguns investimentos do que eles seriam cobrados na dívida.

Por exemplo, digamos que uma companhia X quer fazer um investimento que teria uma taxa de retorno de investimento de 10% ao ano. Entretanto, a mesma não pode usar seu caixa no momento, e consegue um empréstimo cujo a taxa cobrada é de 5% ao ano. Fica fácil de entender que a empresa estaria tendo um retorno adicional ao que lhe é cobrada, né?

Por isso, desta seção, leve como regra de bolso: DL/EBITDA precisa ser menor que 3, mas abaixo disso não importa tanto.

Navegando nas Super Ações

Recentemente, revigoramos nossas Principais Ações do Ano, dando um visual mais de carteira e priorizando as mais recomendadas entre todos universos que cobrimos. Agora o produto se chama Super Ações, confira abaixo a análise perante as métricas que falamos neste material.

A Telefônica Brasil (VIVT3) se destaca por estar em um setor resiliente e possuir uma ótima geração de caixa. Seu Dividend Yield nos últimos 12 meses foi de 7,66%, um valor quase 4 vezes superior à Selic. Tal indicador demonstra a resiliência da empresa, que mesmo em momentos difíceis de pandemia continuou distribuindo proventos aos acionistas.

A companhia já é madura e possui poucas avenidas de crescimento, o que se reflete em seu lucro que de 2016 para cá cresceu apenas 38%, uma média de 7,6% por ano. Entretanto, a empresa segue aumentando seus proventos anualmente, e segue como uma excelente alternativa de crescimento e renda com proventos. Quanto ao endividamento, a empresa possui uma DL/EBITDA de somente 0,24x, demonstrando a força do balanço da mesma.

Quanto a ENGIE (EGIE3), a mesma também se destaca pela ótima geração de caixa, além de um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) invejável na casa dos 33,37%. Seu Dividend Yield foi de 3,89%, entretanto, fiquemos atentos, pois com a pandemia que continua assolando o mundo inteiro, poucas empresas são capazes de manter um alto patamar de pagamento de dividendos.

Diferente da Telefônica Brasil, a ENGIE continua tendo alternativas de crescimento interessantes, e a companhia hoje está diversificando suas operações para a entrada em um segmento de maior retorno nas elétricas, que é a transmissão. Nos últimos 5 anos, a empresa teve um crescimento no lucro líquido de 59%, ou 11,8% de média por ano. Por fim, quanto ao endividamento, a companhia possui hoje um múltiplo DL/EBITDA de 2,23x, um patamar bastante saudável.

Passando para a BB Seguridade (BBSE3), temos uma companhia que se destaca pelo excelente ROE de 64,48% e por não precisar gastar caixa com a manutenção de suas operações. Além disso, mesmo durante a pandemia, a empresa conseguiu entregar 9,42% em dividendos para seus acionistas, quase 5 vezes o retorno da Selic.

Quanto ao crescimento, a empresa teve um complicado ano em 2020, com seu lucro líquido caindo para o mesmo patamar de 2016. Por fim, um dado interessante: por ser uma seguradora, a empresa não pode pegar dívidas, ou seja, a mesma nunca terá problemas com endividamento.

Finalizando, temos a ISA CTEEP (TRPL4), sendo mais uma do setor de energia elétrica a fazer parte das Super Ações. Diferentemente da ENGIE, a ISA CTEEP é mais focada na transmissão de energia, sendo esse segmento visto como o “filé mignon” do setor. Com um DY de 6,16%, a companhia é mais uma que possui um robusto fluxo de caixa.

A empresa também tem um crescimento de 66% no lucro líquido de 2016 para cá, ou 16,5% ao ano, sendo suas principais vias de crescimento as aquisições de novas linhas de transmissão. Por fim, a empresa possui uma DL/EBITDA de apenas 0,62x, oferecendo bastante espaço no balanço para novas aquisições.

Conclusão

Vimos aqui os principais indicadores que você precisa ficar atento para selecionar boas empresas pagadoras de dividendos.

Em geral, o que você deve buscar são empresas sólidas, de setores perenes, e que possuem uma geração de caixa recorrente e resiliente. Além disso, um olhar atento ao crescimento da empresa te fará receber mais dividendos e valorização no futuro.

E isso é justamente o que as nossas Super Ações possuem como principais características, com um caixa robusto e pouquíssima dívida.

Esperamos que esse post te ajude melhor a filtrar quais empresas fazem sentido para os seus objetivos na sua jornada como investidor.

Lembre-se que em nossas Principais Dividendos do Mês, você encontrará somente empresas de altíssima qualidade e ótimas opções para compor a sua carteira focada em proventos.

Além disso, em nossas Carteiras Recomendadas de Dividendos, os analistas colocam sua tese no papel e discorrem sobre os principais riscos e oportunidades de cada empresa analisada.

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