Energias renováveis são aquelas que surgem de recursos naturais que são naturalmente reabastecidos. Esses são o sol, o vento, a chuva, as marés e a energia geotérmica. Com o constante crescimento das conversas de proteção do meio ambiente e da utilização de recursos sustentáveis, esse tipo de energia está progressivamente popular. No ano de 2020 surgiram diversas novidades nessa área, fortalecendo as perspectivas de que as energias renováveis vão ser cada vez mais utilizadas.

Os diferentes tipos de energias renováveis

Começando pela energia eólica, onde o vento é transformado em energia útil, que esse ano se destacou entre o mercado livre de energia. Foram 697 megawatts (MW) adicionados no ambiente não regulado de comercialização no ano de 2020. Para 2021, segue-se com o investimento anual de 16 bilhões de reais para o setor, buscando a abertura da área para empresas de menor segmento. O Nordeste é uma área do país em destaque sobre esse tipo de energia, e também a solar, que falaremos neste artigo. Bahia, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte estão entre os líderes de energia eólica e solar no país. O estado líder na energia eólica é a Bahia, que gerou 31,8% do total do país nas forças de ventos. Essa porcentagem teria capacidade de atender 8,3 milhões de residências. Esses números são fortes atrativos para investidores do setor de energia. Desde 2012, os parques ativos no estado já receberam R$16,5 bilhões.

A energia solar, também conhecida como energia solar fotovoltaica, realiza a conversão direta da luz em eletricidade por meio do efeito fotovoltaico. Essa energia bateu recordes em 2020, atingindo a marca de 4 gigawatts em terrenos e telhados no Brasil. A Simepe Energia afirma que foram mais de R$19,4 bilhões de investimentos e 120 mil empregos gerados na área desde 2012. Esse recorde surgiu em seguida a um momento de tensão no país relacionado a energia: o apagão no Amapá. Esse tipo de energia é conhecido por não ser barato, mas nos últimos 10 anos os preços caíram quase 90%, de acordo com o Jornal Nacional. A tendência é que eles fiquem mais acessíveis para a população com o passar dos anos. De acordo com o gerente comercial da fabricante de inversores solares Fronius do Brasil, Alexandre Borin, o agronegócio foi o setor que mais investiu na energia solar. Esse resultado foi influenciado pela busca de energia sem ter que depender de uma distribuidora de energia.

 Já a energia hidrelétrica, obtida a partir da energia potencial de uma massa de água, apresenta um início de um declínio. É previsto que em 10 anos ela perca o seu espaço para a solar e a eólica. O principal motivo é que a maior parte da capacidade para esse tipo de energia está em terras indígenas, onde não é permitido construir usinas hidrelétricas. O governo federal vai reduzir a participação nessa área para menos da metade da matriz energética brasileira, segundo a Agência O Globo.

O Ministério de Minas e Energia anunciou, no dia 16 de dezembro, um planejamento para as energias com seguimento até 2050. O documento aponta a demanda da energia em longo prazo, pensando na expansão dela. A partir de cenários que visam um constante crescimento e necessidade da energia, foram elaborados exemplos para criar esse aumento. A elevação da capacidade de petróleo com o descobrimento da exploração do pré-sal foi citada, como também o potencial para a energia eólica. A previsão do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, é que em 2030, 25% da energia do país seja de origem eólica ou solar.

A relevância para o futuro

Diversas empresas já perceberam que o investimento em energias renováveis é válido e parte do avanço do setor para o futuro, e por isso começaram a investir na área.

A Enel Green Power vai investir R$5,6 bilhões em quatro parques eólicos e um solar no Nordeste do Brasil. Essas construções serão equivalentes a 1,3 gigawatts (GW) de nova capacidade em geração de energias renováveis.

O Banco do Brasil já demonstra seu interesse há algum tempo, investindo em fazenda solares. Agora, quer expandir mais os seus investimentos. A instituição busca alcançar um nível de fornecimento de energia 90% renovável até 2024. A companhia já contratou sete fazendas no Distrito Federal, Goiás, Pará, Bahia, Ceará e duas em Minas Gerais. Espera-se a licitação de mais três, uma em São Paulo, outra no Paraná e mais uma em Santa Catarina. Para o BB pode surgir uma economia de quase R$200 milhões gastos em energia até 2025.

A Vale também apresentou um projeto favorável na área. Vão ser feitos investimentos de cerca de 500 milhões de dólares para a geração de energia solar no município de Jaíba, em Minas Gerais. Serão produzidos aproximadamente 193 megawatts médios (MWm) de energia das operações da empresa por ano. O início da operação é para o quarto trimestre de 2022.

Fazer mudanças nas empresas para o uso de recursos naturais no setor da energia encaixa com o popular termo de ESG. Uma das principais características do termo é o cuidado e a preservação dos fatores ambientais. Com o aumento das conversas sobre sustentabilidade, percebe-se a tendência dos investidores de procurar empresas que se encontram também ligadas às questões ambientais. No setor de energia isso é presente, às vezes até provocando prejuízos para as próprias empresas de energia que não apresentam atualizações deste tópico.

A BlackRock, empresa estadunidense que é a maior em gestão de ativos do mundo, votou contra o conselho de 53 empresas, incluindo algumas de energia, por conta da falta dos seus progressos no setor ambiental. A escolha da empresa faz parte da tendência global da necessidade de nos preocuparmos com o meio ambiente. Como essa preocupação aumenta, principalmente nos investidores, é necessário que mudanças ocorram. A implementação do ESG nas empresas, além de ajudar a reduzir os impactos ambientais, auxilia o investidor a compreender o destino dos recursos alocados de determinada empresa. Aqui no Acionista preparamos um conteúdo que vai te ajudar a entender a necessidade de se preocupar com a sustentabilidade e entender melhor o termo ESG, você pode acessá-lo aqui. Você também pode conferir diversos conteúdos sobre sustentabilidade no podcast quinzenal do Acionista, Via Sustentável, disponível nas principais plataformas de streaming.

O setor de energias renováveis com certeza é um promissor para o futuro. A demanda existe e cada vez mais aumenta. Por isso, empresas que já pensam na implementação da energia solar ou eólica como uma das fontes primárias de sua energia, fazem um investimento inteligente no seu longo prazo. Se você quiser conhecer todas as empresas de transmissão de energia elétrica no país, clique aqui.

Empresas com foco em energia renovável

Agora que já vimos a importância das energias renováveis e suas tendências para o futuro, vamos checar algumas empresas de destaque na área:

O Banco do Brasil, como já vimos anteriormente, está investindo forte e pretende alcança uma economia de quase R$ 200 milhões até 2025. A Vale também pretende investir cerca de 500 milhões de dólares na área.

Além disso, a Braskem estabeleceu uma parceria com EDF Renováveis, da Bahia, a fim de comprar energia eólica por 20 anos e viabilizar a expansão do Complexo de Folha Larga.

A Ambev desembolsará cerca de 600 milhões de reais em um período de 15 anos para Casaforte Investimentos, que por sua vez construirá uma usina eólica de 1.600 hectares e potência superior a 80 megawatts na Bahia.

Em 2018, a WEG, São Martinho e CPFL apareceram nas primeiras colocações do Carbon Clean 200, um ranking de energia limpa.

A EDP Brasil garantiu estar focada para que 100% da geração de energia da empresa seja renovável até 2030.

A ENGIE é outra empresa de destaque no setor, com foco na geração de energia renovável.

A Neoenergia acredita no desenvolvimento sustentável como a principal forma de gerir com responsabilidade e eficiência seus negócios.

Por fim, podemos destacar também a AES Brasil e Unipar, que vão investir R$ 1,29 bilhão em projeto de energia eólica.

Lembramos que essas não são todas as empresas com foco em energias sustentáveis, mas as com maior destaque.

Comparação via indicadores financeiros

EmpresaPreço/Lucro ROE últimos 12 mesesLucro por Ação Dividend Yield
Banco do Brasil (BBAS3)5,9814,27%R$ 5,544,42%
Vale (VALE3)31,557,95%R$ 2,932,61%
Braskem (BRKM5)-1,7517,2%R$4,146,5%
Ambev (ABEV3)21,1911,14%R$ 0,553,27%
WEG (WEGE3)89,4618,87%R$ 1,000,49%
São Martinho (SMTO3)11,3927,88%R$ 2,651,80%
CPFL Energia (CPFE3)9,9324,92%R$ 3,065,94%
ENGIE (EGIE3)14,7233,37%R$ 2,924,01%
EDP Brasil (ENBR3)8,9313,23%R$ 2,152,42%
Neoenergia (NEOE3)8,7811,66%R$ 2,002,55%
AES Brasil (TIET11)19,1725,48%R$ 0,886,25%
Unipar (UNIP6)23,4313,22%R$ 2,142,44%
Fonte: StatusInvest

Palavra da Necton

A Necton é uma das corretoras que possuem carteira especificamente para o tema ESG. Sendo assim, fecharemos o material com um comentário deles sobre o assunto.

Recentemente a CVM publicou uma audiência pública sobre mudanças significativas no formulário de referência das companhias abertas. A expectativa é que essas mudanças já sejam divulgadas aos investidores em 2021. Dentre as mudanças a Necton destaca a maior necessidade de disclosure ESG com métricas claras das companhias em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relevantes no contexto de seus negócios.

Além disso, na visão dos analistas, a análise fundamentalista das companhias pelo mercado englobará indicadores operacionais e financeiros em conjunto com indicadores ambientais e sociais (por exemplo emissão de poluentes, consumo de energia, água), tendo cada vez maior peso nas decisões de investimentos.

Do ponto de vista social, se terá maior clareza na diversidade social e étnica nos cargos de administração e entre os colaboradores das companhias. A Necton destaca o recente anúncio da Magazine Luiza do primeiro programa de trainee exclusivamente para negros como pioneiro na inclusão social nas empresas.

A B3 também pretende incluir o tema ESG na sua pauta regulatória com uma provável alteração no regulamento do novo mercado em 2021. De acordo com a B3, temas ESG podem ser incluídos nessa pauta e as companhias que não adotarem essas métricas terão que explicar para os investidores o porquê não adotam esses critérios com uma justificativa, como no modelo “Pratique ou explique”.

Dado a flexibilidade e amplo debate sobre o tema, as companhias terão um prazo para adaptarem-se as exigências e aprimorar a sua governança e diversidade social. Os investimentos sustentáveis também seguem com um ritmo de crescimento acelerado. O mercado de ESG já tem mais de US$200 bilhões de dólares alocados em 2020. Em 2018 o patamar era de US$50 bilhões, crescimento de 300% em 2 anos, de acordo com dados da Morningstar.


O crescimentos das preocupações ambientais, sociais e de governança (ESG) é exponencial, fazendo deste critério um “organismo vivo” que avança, incorpora e inova a todo momento.

Contudo, a avaliação de investimento sob ótica ESG não deve ser feito de modo superficial, mas sim com bastante diligência para entender as particularidades de cada caso.

Em termos gerais, se você é um investidor de longo prazo em ações – algo que consideramos o ideal – deveria entender que os preços das ações no futuro acompanham os desempenhos operacionais da empresa e que o curto prazo é meramente algo especulativo e superficial. Portanto, melhores práticas ESG podem levar a melhores desempenhos operacionais, consequentemente, na valorização das ações.

Um estudo da MSCI de julho de 2019 que demonstra como o ESG interfere no desempenho, risco e valuation da empresa.

Em resumo: As empresas com boas avaliações ESG, são mais competitivas por utilizarem melhor seus recursos, desenvolvimentos e capital humano, estando atentas em inovações em prol da lucratividade e fluxo de caixa. Quanto ao risco, possuem melhor gestão de risco, padrões de compliance e menor incidência de contratempos e, consequentemente, as perdas específicas da companhia são de menor magnitude.

Por fim, o valuation reflete uma menor vulnerabilidade a choques sistemáticos e, pelo modelo de Capital Asset Pricing Model (CAPM), as empresas com bons níveis ESG possuem um beta (sensibilidade ao mercado) menor, exigindo assim menor taxa de retorno, reduzindo o custo de capital que, por consequência, infere em um preço justo maior para as ações.

Para finalizar:

Investir é o ato de poupar hoje para ter um melhor poder de compra no futuro, isso é básico entre as literaturas de economia. Portanto, leve como aprendizado que o ESG é também uma questão de sobrevivência, seja para a empresa, modelos de negócio, ecossistemas ou patrimônio familiar.

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