Em abril, a FGV IBRE incluiu novos quesitos especiais nas sondagens para entender melhor os impactos da pandemia nos consumidores e nas empresas e suas expectativas sobre tempo de recuperação após esse período.

Entre os 1731 consumidores consultados até o dia 17 de abril, 79,1% afirmam estar comprando apenas produtos essenciais. Os resultados mostram que a pandemia tem afetado a cesta de consumo dos consumidores, uma vez que, em isolamento social e com aumento da incerteza em relação à economia e o emprego nos próximos meses tendem a controlar seus gastos. Cerca de 15% dos respondentes afirmam não ter sido afetados, e esse percentual é maior conforme o maior poder aquisitivo dos consumidores.

Sob a ótica dos consumidores, 67,8% acreditam que a economia brasileira voltará ao normal apenas depois de seis meses. Apenas 10,0% esperam que a economia se recupere rapidamente, isso é, em menos de três meses (2,3% no mês que vem e 7,7% em dois ou três meses) e 19,1% projetam que isso ocorrerá entre quatro e seis meses.

No âmbito empresarial, as empresas industriais, de serviços, comércio e construção, responderam sobre: o tipo de impacto observado nas atividades da empresa, quanto tempo acreditam que seus negócios serão afetados e o tempo de recuperação da empresa passado o período da pandemia.

Grande parte das 2987 empresas consultadas percebe os impactos negativos causados pela pandemia, com impacto negativo ou muito negativo maior nas empresas do setor de construção (94,3%) e nas empresas prestadoras de serviços (91,7%), principalmente os segmentos de alojamento, serviços de transporte rodoviário e obras de acabamento onde mais de 75% das empresas consideram que foram afetadas muito negativamente. Entre os principais fatores a contribuir com esse efeito negativo estão a redução da demanda e a paralização parcial ou total por questões de saúde. Vale destacar que em março, o setor era o que menos projetava impacto em suas atividades mas os resultados prévios da confiança de abril mostraram que eles são os que tem a maior queda no nível de confiança e são os mais pessimistas no momento.

Dentro da indústria, os segmentos relacionados aos bens duráveis e de capital sofrem mais negativamente os reflexos da crise, ambos tem sido afetados com problemas no fornecimento de insumos importados. Vestuário (87,8%), couros e calçados (81,8%) e veículos automotores (79,7%) são os que possuem maior proporção de empresas reportando impacto muito negativo em seus negócios. Há uma dificuldade maior no fornecimento de insumos importados relatada pelos fabricantes de vestuário. Para os produtores de couros e calçados, a redução da demanda externa tem sido um fator importante na contribuição desfavorável no segmento. No caso dos fabricantes de veículos, os fatores que mais influenciam negativamente são a redução da demanda interna e a paralisação relacionada as questões de saúde. No comércio, o segmento mais afetado assim como na indústria são veículos, motos e peças, tecidos, vestuário, calçados, móveis e eletrodomésticos com mais de 90% afirmando que estão sendo afetadas negativamente.

Mas existem exceções e empresas que afirmam estar tendo impactos positivos. Elas são na grande maioria segmentos ligados a alimentos, fabricação de produtos alimentícios e comércio de hiper e supermercados, fabricação de produtos farmacêuticos e de produtos de plástico e serviços da construção relacionadas a parte hidráulica, ventilação ou refrigeração.

Em todos os setores, a maior parte das empresas projeta que o coronavirus impactará suas atividades no 2º e 3º trimestre de 2020. Cerca de 17% das empresas de serviço e 13% do comércio projetam um impacto até o 4º trimestre sendo influenciado por segmentos de prestadores de serviços relacionados a atividade imobiliária, manutenção e reparação, e comércio de tecidos, vestuário e calçados.

Já na indústria de transformação, os segmentos de bens duráveis se concentram nos impactos no curto prazo, registrando 60,5% das empresas com algum tipo de efeito até o final do 2º trimestre mas 12,8% delas projetam ainda sofrerem ainda os impactos da pandemia em 2021.

As empresas também responderam qual o tempo de recuperação após o fim da crise. Cerca de 70% das empresas concentra suas expectativas entre quatro a seis meses de recuperação. Os mais otimistas de uma rápida recuperação, são os de produção de bens intermediários, fabricantes de produtos não duráveis e alguns tipos de obras, onde a paralisação é apontada como o principal entrave nos negócios da empresa.

Portanto, com o fim do isolamento social, elas poderiam voltar ao ritmo anterior com maior facilidade. Por outro lado, entre os segmentos cuja a maioria das empresas projetam pelo menos sete meses de recuperação estão: serviços imobiliários, de transportes, e de manutenção, e pelo lado do comércio, curiosamente o segmento de hiper e supermercados é o que possui a maior proporção de empresas com uma recuperação que ultrapassaria nove meses após o fim da pandemia.

Além dos destaques citados anteriormente, vale ressaltar que segmentos ligados a vestuário, couros e calçados, móveis e eletrodomésticos e equipamentos de transporte (seja na produção ou na venda).

Por fim, a expectativa para os próximos meses, tanto na parte dos consumidores quanto na parte empresarial, ainda é de continuidade desse cenário de deterioração da confiança, que deve persistir enquanto o nível de incerteza se mantiver elevado. Os resultados sinalizam que o período pós-pandemia deverá apresentar uma recuperação heterogênea e em velocidade diferente entre os segmentos de todos os setores econômicos.

(MR – Agência Enfoque)

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