O mês de agosto também foi o sexto consecutivo em que houve registro de depósitos líquidos. Em março, quando a pandemia do novo coronavírus fez com que o isolamento social se intensificasse, com reflexos sobre a atividade econômica, as famílias já haviam depositado R$ 12,169 bilhões líquidos na poupança.
Em abril, foram R$ 30,459 bilhões. Em maio, R$ 37,201 bilhões. Em junho, R$ 20,534 bilhões. Em julho, R$ 28,144 bilhões.
Esta corrida para a caderneta é justificada pela postura das famílias em relação à crise e pelas ações do governo para manter a renda da população.
Nos últimos meses o BC vem citando, por meio de documentos oficiais, que existe o risco de que a pandemia aumente a “poupança precaucional” no Brasil. Em outras palavras, o BC vê o risco de que as famílias, com medo do desemprego e da redução da renda, aumentem depósitos em aplicações como a caderneta de poupança, para formar um “colchão” em caso de emergências. Isso é visto com ressalvas, porque mais dinheiro na poupança significa menos consumo – e ainda mais dificuldades para as empresas brasileiras.
O pagamento do auxílio emergencial à população de baixa renda, no valor de R$ 600, é outro fator que contribuiu para o aumento dos depósitos na poupança nos últimos meses. Os depósitos começaram a ser feitos em 9 de abril e parte deles segue depositado na poupança, por precaução.
Os números de agosto mostram que os depósitos brutos na caderneta foram de R$ 284,248 bilhões, enquanto os saques atingiram R$ 272,845 bilhões. Com isso, chegou-se à captação líquida de R$ 11,403 bilhões. Considerando o rendimento de R$ 1,707 bilhão de agosto, o saldo total da poupança atingiu R$ 986,780 bilhões no mês passado. No ano até agosto, a poupança acumulou depósitos líquidos de R$ 123,982 bilhões.
Chama a atenção o fato de que a poupança vem recebendo depósitos líquidos nos últimos meses a despeito de sua rentabilidade estar cada vez menor. Atualmente, a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros). A Selic, por sua vez, está em 2,00% ao ano, no menor patamar da história. Na prática, a remuneração atual da poupança é de 1,4% ao ano – um porcentual que pode nem mesmo compensar a inflação corrente.
Esta regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano).
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