O mês de novembro foi o nono consecutivo em que houve registro de depósitos líquidos. Em março, quando a pandemia do novo coronavírus fez com que o isolamento social se intensificasse, com reflexos sobre a atividade econômica, as famílias haviam depositado R$ 12,169 bilhões líquidos na poupança.
Março marcou o início de um movimento em que as famílias, preocupadas com as consequências da pandemia sobre seu orçamento, passaram a poupar mais, de olho no futuro. Além disso, nos meses seguintes o governo lançou uma série de programas voltados para a manutenção da renda de famílias e empresas – entre eles, o auxílio emergencial de R$ 600 para a população mais carente.
Ao avaliar a questão, o BC vinha citando, nos últimos meses, o risco de que a pandemia aumentasse a “poupança precaucional” no Brasil. Em outras palavras, o BC via o risco de que as famílias, com medo do desemprego e da redução da renda, aumentassem os depósitos em aplicações como a caderneta de poupança, para formar um “colchão” em caso de emergências.
O movimento de fato ocorreu.
O pagamento do auxílio emergencial à população de baixa renda em meses anteriores, no valor de R$ 600, também contribuiu para o aumento dos depósitos na poupança.
Os depósitos começaram a ser feitos em 9 de abril e parte deles segue na poupança, por precaução. Além disso, o governo já começou a depositar na conta dos beneficiários a extensão do auxílio emergencial, no valor de R$ 300. Este valor continuará a ser pago até o fim de dezembro.
Os números de novembro mostram que os depósitos brutos na caderneta foram de R$ 297,414 bilhões, enquanto os saques atingiram R$ 295,934 bilhões. Com isso, chegou-se à captação líquida de R$ 1,480 bilhão. Considerando o rendimento de R$ 1,627 bilhão de novembro, o saldo total da poupança atingiu R$ 1,013 trilhão no mês passado. No ano até novembro, a modalidade acumulou depósitos líquidos de R$ 145,708 bilhões.
Chama a atenção o fato de que a poupança vem recebendo depósitos líquidos nos últimos meses a despeito de sua rentabilidade estar cada vez menor. Atualmente, a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros). A Selic, por sua vez, está em 2,00% ao ano, no menor nível da história. Na prática, a remuneração atual da poupança é de 1,4% ao ano – um porcentual que pode nem mesmo compensar a inflação corrente.
Esta regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano).
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