O dia foi intenso de encontros importantes e posicionamentos na área econômica e política, com declarações importantes, mas por aqui os mercados não responderam convenientemente. Encontro dos banqueiros do BRICS, fala do presidente do FED, Jerome Powell, de Bolsonaro, Xi Jinping e Narendra Modi.
Mesmo com declarações positivas, a Bovespa acabou por vazar para baixo o patamar de 106.000 pontos do índice, destoando do mercado americano com altas e Europa fechando com recuperações das mínimas atingidas. Além disso, o IBGE divulgou dados de vendas no varejo e estimando produção recorde de grãos em 2019.
No cenário externo, a inflação medida pelo CPI (consumidor) de outubro para os EUA observaram alta de 0,4% (núcleo em +0,2%), gerando inflação anualizada de 1,8% e núcleo em 2,3%. Ainda por lá, o presidente do FED Jerome Powell em depoimento no Congresso, disse que o FED está monitorando os efeitos das decisões de queda dos juros para avaliar os efeitos que só podem ser vistos no tempo. Disse que o país cresce moderadamente e que o orçamento americano tem trajetória insustentável e com dívidas em crescimento. Reforçou que a política monetária não tem caminho pré-definido e que, em determinadas situações, a política fiscal é ponto-chave na reação contracíclica.
No mercado internacional, dia de petróleo se recuperando e operando em alta, depois de a OPEP estimar aumento da demanda em 2020 e queda na produção de óleo de xisto americana. O óleo WTI fechando com alta de 1,13% e barril cotado em US$ 57,44. O euro era transacionado em queda para US$ 1,100 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,88%, em queda. O ouro e a prata com altas na Comex e commodities agrícolas com leve viés de alta na Bolsa de Chicago. O minério de ferro teve dia de queda de 0,55% na China, com a tonelada em US$ 81,03.
Aqui, o ministro Paulo Guedes falou na reunião do banco do BRICS elogiando a China pela abertura ao mercado global, rotulou a África como o continente da esperança e citou que o Brasil é um país muito fechado (está mudando) e quer sair da armadilha do crescimento baixo, acrescentou que quer ampliar o comércio com a China.
Aliás, sobre isso Bolsonaro e Xi Jinping deram boas declarações sobre as relações dos dois países e assinaram nove atos importantes para fortalecimento do comércio e investimentos. Xi, disse que o BRICS devem apoiar o multilateralismo e estabelecer ampla cooperação. Bolsonaro se disse honrado com a retribuição de Xi Jinping visitar o país (nosso maior parceiro), e logo em seguida manteve encontro bilateral com Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, outro parceiro importante e que o Brasil quer crescer relações.
O FMI deu declarações importantes dizendo que o Brasil deve acelerar já a partir deste último trimestre, o IBGE anunciou as vendas no varejo de setembro com expansão de 0,7% (quinto me seguido de alta), e alta anual de 1,3%. O varejo ampliado cresceu 0,9% e alta anualizada de 3,6%, em função da indústria automotiva. Apesar da melhora, não muda a expectativa de expansão do PIB no terceiro trimestre ao redor de 0,5% e do ano próxima de 1%. Ainda estamos 4,7% abaixo do pico de vendas no varejo obtido em outubro de 2014. Também tivemos anúncio do fluxo cambial até 08/11 positivo em US$ 256 milhões, mas negativo no ano em US$ 21,2 bilhões. As perdas com swap em novembro estão em R$ 3,3 bilhões.
Amanhã, véspera de feriado no Brasil a situação fica complicada pelos mercados abertos e ainda teremos na abertura que ajustar expectativas em função da bateria de dados de conjuntura da China em outubro, contendo produção industrial, vendas no varejo e investimentos em ativos fixos; que saem durante a madrugada. Já aqui, teremos o IBC-BR, prévia do PIB de setembro, o IGP-10 de novembro e relatório Prisma. Nos EUA, muitos discursos de dirigentes do FED e estoques de petróleo e derivados.
Alvaro Bandeira
Economista-chefe do banco digital Modalmais
