A preocupação com o meio ambiente vem crescendo nos últimos anos à medida que surgem mais informações sobre as mudanças climáticas e o aquecimento global. Por conta disso, diversas mudanças começaram a surgir dentro das sociedades em relação ao que é ou não aceitável. E simultaneamente está aparecendo uma geração que cada vez mais está interessada em como a sustentabilidade e o meio ambiente são priorizados, isso em qualquer situação, incluindo empresas.

Os futuros investidores já estão exigindo que as marcas tenham um olhar diferente. É só observar a quantidade de empresas que ganham força por serem cruelty free ou por terem algum selo de sustentabilidade em seus produtos.

Um termo que vem ganhando mais visibilidade é o ESG, que a gente te explica agora.

            ESG é sigla em inglês para “Environmental, Social and corporate Governance”, em português, “Governança ambiental, social e corporativa”.

Os três termos juntos criam práticas que devem aparecer nas empresas para mostrar segurança  em suas ações e suas práticas relacionadas a sustentabilidade.

Esse padrão traz um destaque para empresas que o seguem, pois existe hoje uma tendência de que o mais atrativo é o que surge por meio de um consumo consciente

Mas devo realmente me preocupar com isso?

Muitas empresas passaram a divulgar um Relatório de Sustentabilidade, um arquivo contendo todas as informações sobre o desempenho sustentável da companhia. Eles são, usualmente, publicados ao término de cada exercício.  

De acordo com Ernst Ligteringen, presidente da Global Reporting Iniciative (GRI), em entrevista à Revista Exame, existem três vantagens para as empresas sobre os relatórios: 1) desenvolver uma estratégia voltada para o futuro; 2) melhorar o diálogo com os acionistas; 3) mudar a mentalidade, visando não somente o econômico, mas o social e ambiental também.

            A maioria desses relatórios mostra o objetivo da empresa com a sustentabilidade, como eles colocaram isso em prática naquele ano e quais foram os resultados. A ideia de transparência em assuntos que envolvem sustentabilidade e meio ambiente pode agregar na hora de um novo investidor pesquisar por empresas e decidir onde vai colocar o seu dinheiro.

Aqui no Acionista você encontra uma página completa que te leva para o Relatório de Sustentabilidade de diversas empresas, é só clicar aqui.

            A GRI afirma que um Relatório também deve apresentar os valores de uma empresa, mostrando a maneira em que a estratégia dessa está comprometida para ajudar a criar uma economia global sustentável. Para eles, qualquer empresa, não importa  quão grande ou pequena ou de que parte do mundo ela está presente, todas deveriam ter o Relatório de Sustentabilidade. Afinal, as vantagens dele são claras.

            Para entender melhor como são feitos os relatórios, vamos analisar o de duas empresas.

O critério de escolha foi selecionar uma empresa que fale abertamente de suas preocupações e ações ligadas ao meio ambiente e uma que tenha tido algum problema relacionado com o meio ambiente. Vão ser analisados como as empresas abordam a sustentabilidade e o meio ambiente, como vem o futuro da empresa ligado a isso e como a ética da empresa é abordada em questões ambientais. As companhias  escolhidas foram a Natura e a Vale.

→ Relatório de Sustentabilidade da Natura:

Logo no início eles apresentam o novo posicionamento que a marca tomou e como eles decidiram priorizar a sustentabilidade. Em letra grandes, destacam: “Nossas causas: Amazônia viva; mais beleza, menos lixo; cada pessoa importa”.

Afirmam que 80% de suas formulações são veganas, ou seja, que não possuem componentes de origem animal. A empresa foi considerada como uma empresa B, do movimento B Corp, sendo então reconhecida como uma marca que apresenta resultados econômicos e socioambientais de mesmo peso.

A Natura demonstra vontade de poder continuar a contribuir para a conservação da região da Amazônia, também mantém contato direto com as famílias fornecedoras de insumos de lá e a preocupação com a redução de lixo feito pelos seus produtos. Na parte que mostram seus critérios éticos, a empresa afirma que esses foram adicionados em uma agenda de sustentabilidade. Buscando promover transparência desde suas práticas tributárias até no uso de seus ingredientes.

→ Relatório de Sustentabilidade da Vale:

 No seu primeiro capítulo, a marca apresenta o seu planejamento de reparação ambiental na região de Brumadinho, que teve o rompimento de uma barragem da Vale em 2019. A prioridade deles desde então é a de recuperação da bacia hidrográfica do rio Paraopeba e do seu entorno.

Foram feitos estudos e monitoramentos da água para poder realizar a sua recuperação. Eles também mostram o processo de recuperação de biomas da região, e o que já foi feito e o que ainda será executado. A empresa afirma que depois do rompimento da barragem que todas as políticas e os procedimentos relacionados a aspectos ambientais foram revisados.

Também declaram: “A Vale visa atuar ativamente para induzir a neutralidade de emissões de gases de efeito estufa nas cadeias siderúrgica, metalúrgica e de navegação. Neste contexto, o principal compromisso da empresa é se tornar carbono neutra em suas operações (escopos 1 e 2) até 2050.” Em questões éticas, buscam que os planejamentos socioambientais ajudem nas regiões onde a empresa está presente.

As duas empresas estão em áreas diferentes do mercado e passam por situações dissemelhantes. Todavia, por meio do Relatório se propuseram a expor o que já fazem e o que querem fazer para melhorar em questões de sustentabilidade e meio ambiente. Podendo assim criar uma relação mais próxima com os seus acionistas.