Dissonâncias produzidas em Brasília têm marcado a vida política do país nos últimos tempos. A fluidez e harmonia que se espera dos Poderes constituídos, entre si, para gerar um produtivo trabalho em favor do Brasil não têm sido das melhores. Solavancos discursivos ameaçando a democracia não prosperam, mas incomodam. E muito.

O país precisa de um ambiente saudável de negócios e em todas as áreas da vida nacional (infraestrutura, inovação, saúde, segurança alimentar, geração de emprego, educação, mobilidade etc) para que se avance com um mínimo de planejamento. Antes, isto requer ambiente político favorável.

Ameaças explícitas e veladas, palavras de baixo calão para ofender publicamente desafetos e arroubos autoritários não nos levarão para nada além do umbral. Tumultuar o processo eleitoral a quase um ano e meio de antecedência não parece conveniente à sociedade brasileira. E se não atende ao coletivo da população, a quem interessa?

Passa de 50 o número de entidades (OAB, ABI, Ajufe entre estas) que subscrevem documentos abertos em favor da democracia e repudiam toda sorte de agressões e tentativas de tumultuar o ambiente e desqualificar adversários políticos, sejam estes meros cidadãos sem mandato, sejam ministros da mais alta Corte de Justiça do país.

Recente e significativo é o manifesto assinado por grandes economistas, lideranças empresariais, diplomatas e pensadores críticos, entre os quais Affonso Celso Pastore, Alexandre Schwartsman, Armínio Fraga, Bernard Appy, Luiza Trajano, Pedro Malan, Horácio Lafer Piva, Ilan Goldfajn, Guilherme Leal, Carlos Jereissati Filho, José Olympio Pereira, Roberto Setubal, Pedro Moreira Salles, Luis Felipe de Alencastro, Nelson Jobim, Walter Schalka, além da monja Coen, cardeal dom Odilo Scherer e o rabino Michel Schlesinger.   

De forma resumida, a sociedade civil está mobilizada em favor da democracia. Comandantes militares (alguns, pelo menos) manifestaram apreço pela democracia, rejeitando qualquer tentativa de golpismo, fortalecendo a causa. Tratam-se de demonstrações inequívocas de que não existem as chamadas condições objetivas para se agir “fora das quatro linhas”, para usar a metáfora futebolística tão a gosto do presidente da República.

Como disse Sêneca (4 a.C), pensador e conselheiro do Império Romano, frustrações todos temos, o segredo é saber lidar com elas sem raiva, ansiedade, paranoia, amargura ou autopiedade, já que é preciso manter o senso de realidade para não sucumbir à tentação de culpar os outros por tudo o que dá errado.

VOTO

Rejeitada por uma comissão especial na Câmara, a PEC do voto impresso deverá ser colocada em plenário pelo presidente Arthur Lira (PP-AL). Para aprovação é necessário o quórum de 3/5 dos deputados.   

Ouvida pela coluna, importante liderança política na Casa diz que da forma que está (o texto) não passa. Daí o soteropolitano Augusto Aras calçar as chuteiras e entrar em campo para tentar costurar um novo texto, na tentativa de aplacar ânimos e agradar a gregos e troianos, sem que a proposta desidrate naturalmente. Na semana ele visitou o STF para sorver uma chávena de café com o ministro Fux. Aguardemos os próximos movimentos. 

IPO

A Viveo (ex-Grupo Mafra), que atua há 25 anos na distribuição de materiais e medicamentos hospitalares, vai tocar a campainha nesta segunda-feira, 9, para marcar o seu processo de abertura de capital na B3.

A companhia (ticker VVEO3) deverá movimentar algo próximo de R$ 2 BI e estará listada no Novo Mercado.

GIGANTE

A Raízen, empresa de energia controlada pela Cosan e a Shell, no modelo joint venture, criou ainda mais musculatura ao concluir seu processo de abertura de capital. Maior oferta da área de energia, na América Latina, a companhia (ticker RAIZ4) protagonizou também o quinto maior IPO da história da Bolsa brasileira.

A captação foi de R$ 6,9 BI.

LISTADAS

Até sexta-feira, 6, no fechamento do mercado, a B3 reunia 453 empresas listadas, das quais 406 negociando ações. No mercado de balcão organizado são 27, das quais 23 negociando papéis. Informação é atualizadíssima, com a colaboração da Assessoria de Imprensa da B3, a qual agradecemos o empenho e gentileza.

Apenas como curiosidade, somente nos dois últimos meses se apresentaram aos investidores várias empresas do agronegócio como 3tentos (TTEN3), Agrogalaxy (AGXY3) e Armac (ARML3), na Bolsa, além da Agribrasil (GRAO3) que tem estreia marcada para o dia 11 próximo.

RECOMPRA

M.Dias Branco publicou Fato Relevante, na sexta-feira, 6, anunciando Programa de Recompra de ações de emissão da própria companhia.

Serão quase 6,3 milhões de ações, perfazendo total de 10% dos papéis da companhia, que oportunamente irão desaparecer do mercado com o cancelamento. Segundo o FR, “objetivo da operação é maximizar valor ao acionista”.  

FUSÃO & AQUISIÇÃO

Lojas Marisa e Americanas S/A juntas, em uma só operação? O assunto é aventado pelo mercado e agora os movimentos se acentuaram, com o board da Americanas afirmando que sempre monitora oportunidades, no curso normal de sua atividade negocial.

PEDIDO FIRME

Após a divulgação de planos para expansão na América do Norte, com um pedido firme para 30 jatos E195-E2 e direitos de compra para mais 50 aeronaves, a Porter Airlines assinou contrato de suporte e serviços com a Embraer.

O contrato para o Programa de Suporte Total, com duração de até 20 anos, inclui verificações de manutenção pesada de fuselagem, soluções técnicas e acesso ao Programa Pool, abrangendo a troca de componentes e serviços de reparação para centenas de itens na frota de aeronaves comerciais E2 da Porter Airlines. Atualmente, o Programa Pool atende mais de 50 companhias aéreas em todo o mundo.

AMPLIAÇÃO

Com o escopo de modernizar e ampliar instalações em Minas Gerais, a Gerdau anunciou na sexta, 6, um programa de investimentos no valor de R$ 6 bilhões. De acordo com a companhia, o volume deverá gerar 6.000 novos empregos.

Aproveitando a estada nessas terras sempre tão hospitaleiras, a companhia gaúcha fechou patrocínio com os times masculino e feminino de vôlei do Minas Tênis Clube.

APAGÃO

Fundamental em uma sociedade industrializada, a atividade metalúrgica também se destaca pelo consumo energético – sendo este um dos termômetros do desempenho econômico de um país.

O fato é que em razão do período de estiagem (40% do território sofre com a escassez de chuvas), a situação não anda nada confortável. Estudos setoriais apontam que no primeiro semestre do ano o consumo de energia cresceu 7,5% e se for a 9% esse índice, mês que vem, corremos o risco de apagão.

A metalurgia cresceu 15% (face a igual período de 2020) e o Ministério de Minas e Energia vai adotar um programa de redução incentivada (inclusive junto a pequenos consumidores), uma vez que a vacinação melhorando, o PIB também deverá ser mais forte.  

SOLAR

Como parte de sua estratégia de fomentar investimentos verdes no setor financeiro brasileiro, a International Finance Corporation (IFC) se uniu ao Santander Brasil para apoiar seu programa de financiamento de energias renováveis.

A linha de crédito é destinada ao apoio às pequenas e médias empresas (PMEs) para aquisição de painéis solares e, também, às pessoas físicas. O investimento anunciado é de US$ 150 milhões (equivalente a R$ 780 milhões).

POTENCIAL

O Brasil tem o potencial de atingir R$ 1,3 trilhão em investimentos vinculados ao clima (no período considerado entre 2016 e 2030), de acordo com o estudo Climate Investment Opportunities in Emerging Markets, produzido em 2016 pela IFC.

Atualmente, o país possui 8 gigawatts (GW) de potência operacionalizada por energia solar, instalados em 411 mil sistemas fotovoltaicos conectados à rede, que favorecem 514 mil unidades consumidoras. Desse total 40,7% são consumidores residenciais e o restante está entre propriedades rurais, comércio e serviços, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar).  

AUTÔNOMOS

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deverá lançar nesta semana Audiência Pública sobre a reformulação da regra que disciplina os agentes autônomos.

ENCONTRO

Está confirmada a presença de Marcelo Barbosa, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na abertura do 22º Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, dia 27 de setembro próximo.

Ele estará ao lado de Luis Henrique Guimarães e de Anastácio Fernandes Filho, respectivamente presidentes do Conselho da Abrasca e do Ibri, entidades promotoras do evento.

TRANSFORMAÇÃO

O Encontro de RI, que acontecerá no formato online, terá dois painéis no primeiro dia: “Transformação Digital e a Comunicação Financeira” e “ESG – Desafios da Companhia e Envolvimento da Alta Administração”.

Com apoio de divulgação do Portal Acionista e um time de 17 patrocinadores, evento recebe inscrições pelo link https://encontroderi.com.br/inscricoes/

PACTO

A ISA CTEEP, transmissora privada de energia elétrica, anuncia sua adesão voluntária ao Pacto Empresarial pela Integridade e contra a Corrupção. A empresa também passa a fazer parte do Movimento Empresarial pela Integridade, Transparência e Combate à Corrupção do Instituto Ethos, referência no Brasil em integridade, direitos humanos, meio ambiente e gestão sustentável.

“Nossa busca constante por criação de valor sustentável à sociedade envolve o compromisso com a adoção de uma conduta ética com todos os nossos públicos de relacionamento”, resumiu Hugo Genoni, diretor de auditoria e compliance da companhia.

ARTIGO

Créditos de Descarbonização: mercado verde em ascensão

(*) Vitor Hugo Magni D Avila

Com um pouco mais de um ano em operação, o RenovaBio é um sucesso dentro das políticas públicas relacionadas às mudanças climáticas no Brasil. Instituído em 2017, o programa estimula a redução de emissões de gases de efeito estufa no setor de combustíveis carburantes. Uma resposta ao compromisso brasileiro assumido no Acordo de Paris, que prevê a redução das emissões em 43%, até 2030.

A mecânica do Programa une duas pontas – a de emissão e a de mitigação – em um sistema que utiliza incentivos econômicos. De um lado, produtores de biocombustíveis, quantificam e certificam as emissões do ciclo de vida de seus biocombustíveis. A cada tonelada evitada de ser lançada, o produtor tem direito a 1 CBios. Na outra ponta, estão os distribuidores, que compram CBios para mitigar o impacto de sua atividade.

No seu primeiro ano, o RenovaBio evitou que 14 milhões de toneladas de CO2 fossem lançadas na atmosfera e movimentou mais de R$ 500 milhões nesse mercado. Até o fim de 2020, 239 plantas de biocombustíveis estavam certificadas, sendo seis em 2019 e 233 em 2020.

Neste cenário promissor, o Rio Grande do Sul é o maior produtor de biodiesel do Brasil e o segundo em relação ao número de usinas autorizadas para produzir biocombustível (nove), atrás apenas do Mato Grosso com 17 plantas. A vanguarda do Estado se deve a adoção de políticas públicas com incentivos fiscais para que esse mercado prosperasse.

Apesar do rápido desenvolvimento, o RenovaBio enfrenta desafios. Um exemplo é a dificuldade em certificar o biodiesel produzido a partir de grãos e a necessidade do aumento de adesões das usinas.

Em relatório recente, o Santander aponta para um ponto de alerta. A geração de CBios é suficiente para o cumprimento das metas até 2023. A partir disso, é preciso a melhoria na eficiência energético-ambiental, junto com a expansão do setor para que o programa continue crescendo aderente às metas.

Mesmo com desafios, o Brasil é um país com vocação para economia de baixo carbono. E o sucesso do RenovaBio serve de inspiração para outros programas similares via mercado. Essa experiência será determinante no estabelecimento de um Programa Nacional amplo de redução de emissões e atingimento das metas assumidas no Acordo de Paris, objetivo maior de todos nós.

(*) Vitor Hugo Magni D Avila é Superintendente da Rede Sul do Santander

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