Na última terça-feira (7), o Brasil viu acontecer as manifestações pró governo do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Entre os principais desejos dos manifestantes, houve pedidos pelo fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) e um suposto golpe militar. O ato acabou colocando mais lenha na fogueira de uma crise, já ardente, entre os poderes Judiciário, Legislativo e Executivo.
Como consequência, a economia viu o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, cair 3,5% na manhã de quarta-feira (8). No entanto, de acordo com os especialistas, esse clima de duelo entre os poderes democrático pode agravar os problemas econômicos enfrentados no Brasil.
Para a professora de Economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Nadja Heiderich, esse embate prejudica desde o cenário macroeconômico até o bolso do cidadão comum.
Agentes da economia
De acordo com Nadja, isso cria incertezas dentro do mercado. Isso porque os agentes econômicos acabam sendo movidos por expectativas. Portanto, em um cenário incerto em relação ao que pode acontecer no futuro, as decisões a respeito de investimentos sofrem alterações, tanto para empresas quanto para cidadãos comuns. Em suma, em um ambiente de maior risco, a precificação no futuro fica mais nebulosa.
Vale lembrar que no que diz respeito a investidores internacionais, esses podem chegar a retirar seus recursos do país, ato que acarreta ainda mais o aumento do dólar.
Reformas econômicas
A crise institucional também mexe no futuro do país em longo prazo, devido ao atraso nas reformas. Dessa forma, o Brasil acaba reduzido-se a uma nação emergente que não é consolidada institucionalmente, assim, diminuindo as perspectivas de crescimento econômico.
Dentro de casa
O ambiente incerto também torna a Bolsa de Valores volátil. No que diz respeito a empresas nacionais, elas podem paralisar investimentos, só retornando com um ambiente mais favorável. Um exemplo disso, na prática, é os vários IPOs que adiaram suas estreias devido a um mercado volátil e conturbado por diversos fatores, o que inclui a pandemia.
Além disso, uma empresa não vai querer vir para o Brasil, nem mesmo fazer qualquer tipo de projeto ou investimento no País, com receio de não haver cumprimento de contratos.
Bolsos individuais
No dia a dia do cidadão comum, as incertezas trazem como consequência a alta da inflação, que atualmente registra 8,99% no acumulado de 12 meses.
Esse aumento já reduziu o poder de compra dos brasileiros. Portanto, a expectativa é de uma retomada econômica mais lenta e preços de serviços essenciais mais caros, como: alimentação, gasolina, gás de cozinha e energia elétrica.
Alta da Selic
Para conter a inflação, a política econômica do Banco Central tem elevado a taxa básica de juros, a Selic, com expectativa de aumentar ainda mais até o fim do ano. Portanto, os efeitos dessa estratégia podem acabar sendo nocivos para os investimentos.
Afinal, com a Selic em alta, os empréstimos ficam mais caros, assim como as taxas de retorno têm que ser mais altas. Além disso, o crédito fica mais caro para as famílias.
Por fim, existe a questão do risco fiscal que o Brasil enfrenta. Segundo a professora Heiderich, no longo prazo, isso pode afetar o olhar de países do exterior em relação ao Brasil, gerando uma crise ainda maior.
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